Apoio de Portugal para a Ucrânia
Ana Livia Esteves - Agência Sputnik Brasil - 25/08/2023 09:26:45 | Foto: © Foto / Palácio do Planalto / Ricardo Stuckert / CC BY 2.0
Presidente Lula conversou com jornalistas após histórica expansão do BRICS. Ao comentar decisão portuguesa de fornecer treinamento a pilotos ucranianos para operar caças F-16, Lula diz não ter interesse em debater o conflito e nega ter tomado parte.
Nesta quinta-feira (24), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva concluiu a sua participação na 15ª Cúpula dos BRICS, em Joanesburgo, na África do Sul. Em conversa com jornalistas, o presidente brasileiro classificou a reunião do grupo como "histórica".
"Foi um alento, uma esperança. Aos 77 anos [...] quero dizer pra vocês que eu renasço na política [...] e saio daqui com a certeza de que, finalmente, um outro mundo é possível", disse Lula. "Uma reunião civilizatória."
Lula comemorou a expansão do BRICS, que passará a integrar Argentina, Arábia Saudita, Egito, Etiópia, Emirados Árabes Unidos e Irã, a partir de janeiro de 2014.
"Quanto mais juntos e mais gente nós tivermos, mais podemos negociar com outros blocos com maior garantia de sucesso, de ser tratado em igualdade de condições e não na prepotência do senhor de engenho e o escravo ", apontou o presidente brasileiro.
O presidente ainda notou a necessidade de expansão de outro órgão internacional relevante: o Conselho de Segurança da ONU. Segundo ele, um dos principais avanços desta Cúpula dos BRICS foi atingir o consenso entre os membros acerca da relevância dessa reforma.
"Nós estamos brigando há mais de 20 anos por isso", disse Lula. "A geopolítica de hoje não tem nada a ver com a de 1945. O mundo mudou, e é importante que a ONU tenha uma representatividade e deliberar coisas que as pessoas acatem, obedeçam."
O presidente lamentou que as decisões tomadas no âmbito da ONU já não são respeitadas pelos membros, inclusive por países desenvolvidos.
"Queremos a reforma inclusive para que a ONU tenha mais praticidade e respeitabilidade", defendeu o presidente do Brasil.
O presidente Lula foi perguntado acerca da decisão de Portugal, país com o qual o Brasil deve interagir no âmbito da Cúpula da CPLP em São Tomé e Príncipe em 27 de agosto, de fornecer treinamento para pilotos ucranianos operarem caças F-16.
Em recente visita a Kiev, o presidente português, Marcelo Rebelo de Souza, se comprometeu com o esforço de guerra ucraniano. O presidente Lula, no entanto, disse não estar preparado "para ir a lugar nenhum falar de guerra".
"Qualquer foro que eu tiver presente eu não vou falar em guerra, vou falar em paz", disse Lula. " Eu tenho uma guerra no meu país, uma guerra contra a fome e trazer de volta a democracia que foi jogada no lixo durante quase seis anos. E essa é uma tarefa muito difícil."
O presidente lamentou a continuidade do conflito na Ucrânia e pediu serenidade para que as lideranças de ambos os lados busquem "ajuda para encontrar a paz".
"Não se trata de apoiar um país, se trata de ser preciso alguém começar a falar em paz no mundo [...] e todos nós estamos dispostos a participar", asseverou o brasileiro.
Nesta quinta-feira (24), Lula deve deixar a África do Sul rumo a Angola, onde será recebido pelo presidente João Lourenço e cumprirá agenda oficial. No dia 27 de agosto, o presidente participará da Cúpula da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) em São Tomé e Príncipe.
Comentários para "'Tenho uma guerra no meu próprio país', diz Lula sobre apoio de Portugal à Ucrânia":