Entenda
Por Matheus Leitão - Revista Veja - 20/04/2025 13:35:10 | Foto: Protesto no Supremo contra o marco temporal: imbróglio sem fim (Rafa Neddermeyer/Agência Brasil)
Neste 19 de abril, Dia dos Povos Indígenas, a paisagem do país é novamente moldada por discursos que exaltam a importância das culturas originárias. Mas, longe dos palanques e das redes sociais, na floresta amazônica que une Brasil e Peru, há povos que não têm tempo para celebrações. Estão ocupados tentando sobreviver.
No início deste mês, em Brasília, representantes de organizações indígenas do Brasil e do Peru se reuniram para a 8ª edição da Comissão Transfronteiriça Yurúa/Juruá/Alto Tamaya. Na bagagem, uma lista de denúncias e exigências ignoradas por dois países que, enquanto assinam compromissos internacionais sobre clima e direitos humanos, permitem que seus povos indígenas sigam à margem – e sob ameaça.
Na “Declaração de Brasília”, documento que resultou do encontro, os indígenas relatam a omissão dos governos diante de uma série de alertas feitos desde 2021. “Ainda não recebemos nenhuma resposta consistente e contundente”, dizem. É como gritar no vazio. De um lado, a floresta; do outro, a indiferença.
A urgência maior é conter o avanço da estrada UC-105, construída ilegalmente no lado peruano. Segundo ele, mais do que um projeto de infraestrutura, ela é um atalho para o crime ambiental: desmatamento, grilagem e tráfico. “Apoiar a construção ilegal de estradas viola o marco jurídico de proteção dos direitos dos povos indígenas”, afirmam, lembrando que o Peru é signatário da Convenção 169 da OIT – tal como o Brasil. Mas papel não segura motosserra.
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