Gilmar Mendes diz que Judiciário vive desordem com profusão de penduricalhos

No ano passado, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) aumentou em mais de 50% os gastos com o pagamento de penduricalhos, a seus cerca de 380 desembargadores da ativa.

Gilmar Mendes diz que Judiciário vive desordem com profusão de penduricalhos
Gilmar Mendes diz que Judiciário vive desordem com profusão de penduricalhos

Gustavo Zeitel, São Paulo, Sp (folhapress) - 26/03/2025 06:12:05 | Foto: Agência Brasil

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes criticou os supersalários do Judiciário. Ele afirmou que o país vive um quadro de desordem, com a profusão de gratificações para juízes, promotores e desembargados, além de seus penduricalhos, como são conhecidos os repasses aos servidores que vão além do teto remuneratório. Segundo Gilmar, é preciso que os repasses ocorram dentro parâmetros legais.

"Nós devemos ter um posicionamento em relação à remuneração. Nós estamos vivendo um quadro de verdadeira desordem. A toda hora os jornais estampam o que chamam de um novo penduricalho, a gratificação disso, a gratificação daquilo. É preciso que se estabeleçam regras e normas para isso", disse ele, em um evento na capital paulista, realizado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), sobre a reforma administrativa.

"Estamos numa fase preocupante, porque não sabemos bem o critério que deve prevalecer. É fundamental que haja uma discussão sobre essa temática. Ninguém nega a necessidade da revisão da remuneração, mas que se faça dentro de parâmetros legais."
Em 2024, o governo federal apresentou uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) para regulamentar os supersalários da Justiça. A Constituição Federal já impede o pagamento de salários superiores ao teto do funcionalismo -R$ 46,3 mil.

Os penduricalhos não são contabilizados para o cálculo do teto salarial do funcionalismo público. Eles incluem gratificações, indenizações e vantagens pessoais ou eventuais, todas permitidas pelo STF. Como a Folha mostrou, Gilmar e Alexandre de Moraes já receberam penduricalhos retroativos de órgãos onde trabalharam antes da magistratura.

No ano passado, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) aumentou em mais de 50% os gastos com o pagamento de penduricalhos, a seus cerca de 380 desembargadores da ativa.

Ao longo do ano passado, a remuneração média desses magistrados foi de R$ 75 mil por mês. Nessa semana, um corregedor do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) limitou, em um caso referente à Justiça de Sergipe, o pagamento de penduricalhos em R$ 46,3 mil.

No mesmo evento, Gilmar criticou a presença de militares da ativa em cargos políticos. O governo Lula (PT) também apresentou uma PEC sobre o tema, mas que está parada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) desde novembro de 2023.

"Não é mais compreensível que nós tenhamos militares atuando em funções administrativas sem terem ido para a reserva, ou indo para a política e voltando para a corporação", disse Gilmar. Para o ministro, os militares que desejam seguir carreira política devem deixar, antes, a corporação, com transparência.

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