A organização da maioria dos atos foi feita pelas entidades que formam as frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular.
Mariana Zylberkan E Yuri Eiras, São Paulo, Sp E Rio De Janeiro, Rj (folhapress) - 30/03/2025 19:05:43 | Foto: © PAULO PINTO/AGÊNCIA BRASIL
Neste domingo (30) e ao longo dos próximos dias, a esquerda realiza atos dispersos pelo país, tendo a pauta contra a anistia aos envolvidos com os atos golpistas de 8 de janeiro como bandeira principal e defendendo a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A organização da maioria dos atos foi feita pelas entidades que formam as frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular.
Em São Paulo, partidos de esquerda e centrais sindicais se reuniram neste domingo na praça Oswaldo Cruz, na região da avenida Paulista. Dali, seguiram em caminhada até o antigo Doi-Codi (Destacamento de Operações de Informação - Centro de Operações de Defesa Interna), principal centro de tortura da ditadura militar na cidade.
Convocada pelo deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) em suas redes sociais, a manifestação reuniu lideranças do PSOL, como o deputado federal Ivan Valente (SP). O Partido dos Trabalhadores (PT) foi representado pelo deputado federal Lindbergh Farias (RJ), líder do partido na Casa, e o deputado estadual Antônio Donato (SP).
Ao público, Boulos disse que será feita articulação para que o projeto de lei da anistia não seja aprovado". "Anistia é o escambau", disse.
"Essa semana a gente ficou ouvindo provocação da imprensa, da direita, dizendo que nosso ato ia ser esvaziado", afirmou Boulos. "Eu digo a vocês sem medo de errar, aqui hoje na avenida Paulista tem mais gente do que o ato golpista em Copacabana".
A manifestação ocupava o espaço da praça e seu entorno e tomava uma das duas vias da avenida, no quarteirão entre a praça e a rua Teixeira da Silva, quando começou a seguir rumo ao Doi-Codi, no Paraíso, zona sul de São Paulo.
Levantamento do Monitor do Debate Político do Cebrap e da ONG More in Common apontou que o público do ato foi de 6.600 mil pessoas.
A medição foi feita no horário considerado o pico do evento, às 15h15, por meio de fotos aéreas analisadas com inteligência artificial. O mesmo grupo contabilizou a presença de 18,3 mil pessoas em ato com Jair Bolsonaro pela anistia no último dia 16, no Rio de Janeiro.
Os manifestantes também pediam a retirada do governo de Israel da Faixa de Gaza e o fim da escala de trabalho 6 X 1.
Houve ainda manifestações a favor do presidente Lula (PT). Participantes faziam o gesto de L ao passar por apoiadores nos prédios.
No Rio de Janeiro, o ato foi marcado para a próxima terça-feira (1°), mas entidades realizaram panfletagem e ações com cartazes pela cidade neste domingo.
Membros do MTST (Movimentos dos Trabalhadores Sem-Teto) carioca estenderam sob os Arcos da Lapa uma bandeira com a frase "sem anistia para quem ataca a democracia".
A bandeira, segundo membros da entidade, foi colocada às 7h e retirada dez minutos depois por policiais militares. Em nota, a PM afirmou que a remoção foi feita por se tratar de um monumento histórico e cultural.
Militantes do PT (Partido dos Trabalhadores) e da UP (Unidade Popular) entregaram panfletos e adesivos contra a anistia na feira da Glória e no parque do Flamengo.
O ato na capital fluminense na próxima terça está marcado para ocorre na sede do antigo Dops (Departamento de Ordem Política e Social), no centro, com caminhada em direção ao Clube Militar, na Cinelândia.
Em Belo Horizonte, Minas Gerais, o ato se concentrou na praça da Independência, na avenida Afonso Pena. Os mineiros levaram cartazes com fotografias de desaparecidos e mortos pela ditadura militar e um boneco de pano com o rosto de Bolsonaro colocado entre grades.
Os manifestantes que carregavam as grades usavam máscaras dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) Cármen Lúcia e Alexandre de Moraes, dois dos que votaram, na quarta (26), pelo recebimento da denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República) que tornou o ex-presidente réu.
Em Recife, em Pernambuco, o ato ocorreu no parque Treze de Maio, no bairro da Boa Vista e em Belém, no Pará, a manifestação concentrou estudantes ao redor do Theatro da Paz.
Em Brasília, o ato no Eixão do Lazer teve cartazes contra a anistia e pela memória dos mortos na ditadura, com referências ao filme "Ainda Estou Aqui". Também houve bandeiras e cartazes a favor da Palestina e de um cessar-fogo na região.
Há atos previstos nesta segunda-feira (31) em Niterói, no Rio de Janeiro, Ribeirão Preto, interior de São Paulo, e Fortaleza.
Na terça (1°) estão programadas manifestações nas capitais Aracaju, Campo Grande, Salvador, João Pessoa, Rio de Janeiro, Teresina, São Paulo e Fortaleza.
As frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular programaram 29 mobilizações, em municípios de diversos estados do país, entre sexta (28) e terça-feira (1°). Já o coletivo de advogados Prerrogativas promoverá um ato na segunda-feira, na PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), na capital paulista.
Pelo segundo ano consecutivo, o governo Lula não realizará atos oficiais em memória da data que marca o golpe militar de 1964.
No ano passado, no aniversário de 60 anos, o presidente orientou os ministérios a não fazerem nem críticas nem cerimônias ligadas ao tema, em uma tentativa de não tensionar a relação com os militares. Em 2024, Lula disse que preferiria não ficar "remoendo" sobre o golpe de 1964 porque isso "faz parte do passado" e ele queria "tocar o país para frente".
O Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania afirmou que a pasta demonstra, por meio de ações, seu compromisso com a democracia, a verdade e a memória da história política do Brasil. Em nota, destacou ações em março sobre o tema.
Entre elas, está o pedido de desculpas da ministra Macaé Evaristo às famílias de mortos e desaparecidos por negligência da União na guarda e identificação de restos mortais na vala de Perus.
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