Terreiro histórico no RJ celebra 40 anos com debate sobre direitos humanos, racismo religioso e saúde

O terreiro faz 40 anos em 2025 e realiza nesta quarta (23) e quinta-feira (24) mesas de debate sobre direitos humanos, racismo religioso e saúde.

Terreiro histórico no RJ celebra 40 anos com debate sobre direitos humanos, racismo religioso e saúde
Terreiro histórico no RJ celebra 40 anos com debate sobre direitos humanos, racismo religioso e saúde

Yuri Eiras, Rio De Janeiro, Rj (folhapress) - 23/04/2025 08:28:20 | Foto: Reprodução Literaafro

Beatriz Moreira da Costa, a Mãe Beata de Iemanjá (1931-2017), chegou ao Rio de Janeiro na década de 1970 para sua terceira e definitiva mudança de endereço.

Nascida em Cachoeira, no recôncavo baiano, Mãe Beata foi morar em Salvador na década de 1950. Na capital baiana foi iniciada no candomblé pelo terreiro de Olga de Alaketu, uma das mães de santo fundamentais para a consolidação dos candomblés brasileiros.

Viajou para o Sudeste separada e com filhos, na história comum "da mulher que sai do Nordeste em busca de melhores dias", conta o filho, o pai de santo Adailton Moreira. Foi Olga de Alaketu quem orientou Mãe Beata de Iemanjá a fundar um terreiro no Rio.

O Ilê Omiôjúàrô, a Casa das Águas dos Olhos de Oxóssi, foi criado em 1985 em Nova Iguaçu, município da Baixada Fluminense com tradição de candomblés. O terreiro faz 40 anos em 2025 e realiza nesta quarta (23) e quinta-feira (24) mesas de debate sobre direitos humanos, racismo religioso e saúde.

Nesta quarta, a ministra Anielle Franco (Igualdade Racial) é aguardada para a mesa de abertura, com o tema sobre a contribuição dos terreiros nas políticas públicas. A abertura também deve contar com a ex-ministra da Saúde Nísia Trindade, a deputada Talíria Petrone (PSOL-RJ), além de mães de santo, pais de santo e ekedis de outros terreiros.

Na quinta, a escritora Conceição Evaristo participa da mesa sobre contribuições políticas, culturais e artísticas do Ilê Omiojuarô para a sociedade. A filósofa Helena Theodoro também estará presente.

Na quarta, se apresenta o afoxé Maxambomba; na quinta, o grupo de samba Awurê.

O evento de comemoração do terreiro reproduz uma espécie de diplomação feita há 40 anos: a mãe e irmãs de santo saíram da Bahia, em 1985, para referendar Beatriz como mãe de santo em seu terreiro em Nova Iguaçu.

Nesta semana, representantes do Ilê Axé Opô Afonjá, do Kale Bocun e do Alaketu, terreiros da Bahia alicerces da história do candomblé, vão estar presentes na celebração.

"A fundação acontece num momento muito especial do país que é no fim da ditadura. Esse terreiro tem o aspecto do templo religioso, mas também é um terreiro que tem como característica a luta por direitos. Era a marca dela", afirma Adailton Moreira, pai de santo e filho biológico de Mãe Beata de Iemanjá.

"Um dos legados de luta de Mãe Beata é manter as garantias previstas na Constituição Federal, que nos dá direito ao livre exercício da religiosidade. Esta Constituição é volta e meia rasgada por fundamentalistas e por esse tráfico evangelizado. Não é somente intolerância. É um projeto de negação, de invisibilização e terrorismo."

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