Por Miguel Lucena: O debate ideológico; contradições, falácias e a falta de compaixão

Um dos efeitos mais nocivos do debate ideológico é a perda da capacidade de empatia. A ideologia, ao dividir o mundo em

Por Miguel Lucena: O debate ideológico; contradições, falácias e a falta de compaixão
Por Miguel Lucena: O debate ideológico; contradições, falácias e a falta de compaixão

Foto: Pete Linforth from Pixabay

Um dos efeitos mais nocivos do debate ideológico é a perda da capacidade de empatia. A ideologia, ao dividir o mundo em

Por Miguel Lucena - 12/01/2025 09:05:06 | Foto: Pete Linforth from Pixabay

O debate entre militantes ideológicos de esquerda e direita tem se tornado um espetáculo infrutífero, uma arena onde os contendores não buscam a verdade ou um ponto de equilíbrio, mas a reafirmação de suas convicções. Nesse contexto, o diálogo não avança, pois cada lado já tem suas premissas estabelecidas e ouve apenas o que confirma suas crenças. Entretanto, esse embate oferece oportunidades para observadores externos perceberem as contradições e falácias presentes em ambos os discursos, além de revelar uma questão ainda mais preocupante: a desumanização promovida pela ideologia.

A polarização ideológica reduz o debate a um campo de batalha onde o objetivo é a vitória, e não o entendimento. Nesse jogo, o outro lado é visto como inimigo a ser derrotado, não como um interlocutor com perspectivas a considerar. Essa postura transforma o diálogo em monólogo: cada militante fala apenas para os que compartilham de suas ideias, reforçando o círculo de convicções pré-existentes.

O público externo, que não está imerso nessa polarização, pode perceber as incongruências e os exageros de ambos os lados. Os discursos, muitas vezes repletos de falácias e ataques pessoais, afastam aqueles que procuram soluções práticas e humanas para os problemas que enfrentamos enquanto sociedade.

Um dos efeitos mais nocivos do debate ideológico é a perda da capacidade de empatia. A ideologia, ao dividir o mundo em "nós" e "eles", cria um distanciamento que impede a compreensão do sofrimento alheio. Isso se manifesta de forma evidente em conflitos globais.

Para muitos direitistas, por exemplo, as crianças palestinas não são vistas como vítimas inocentes, mas como meros escudos humanos usados por terroristas. Essa narrativa desumaniza as vítimas, justificando sua exclusão do círculo de compaixão. Por outro lado, esquerdistas frequentemente manifestam seu ódio aos opositores de forma igualmente desumana, desejando que "os direitistas do mundo morram na cadeia ou sofram as piores dores".

Essa falta de compaixão é o principal entrave para um diálogo real. Quando não reconhecemos a humanidade no outro, mesmo naqueles que discordam de nós, perdemos a capacidade de buscar soluções que sirvam ao bem comum. O debate ideológico, então, deixa de ser uma ferramenta para a transformação social e se transforma em um campo de batalha estéreo e destrutivo.

A saída para esse impasse não está em reforçar as trincheiras ideológicas, mas em buscar um terreno comum. É necessário resgatar a capacidade de ouvir, de dialogar com empatia e de reconhecer que nenhum lado possui o monopólio da verdade. Apenas ao reconhecer a dor do outro e ao questionar nossas próprias certezas poderemos avançar em direção a uma sociedade mais justa e equilibrada.

Que o debate ideológico, ao menos, sirva de lição para os que ainda não foram capturados pela polarização: precisamos, acima de tudo, restaurar a compaixão como base de nossas interações. Sem ela, todo esforço será em vão.

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