Patrimônio Cultural do Recife, Som na Rural completa 15 anos sem patrocínio e com 2025 incerto

'É mais fácil vender para uma empresa um camarote do que arrumar um patrocinador', aponta Roger de Renor

Patrimônio Cultural do Recife, Som na Rural completa 15 anos sem patrocínio e com 2025 incerto
Patrimônio Cultural do Recife, Som na Rural completa 15 anos sem patrocínio e com 2025 incerto

Foto: Amannda Oliveira

'É mais fácil vender para uma empresa um camarote do que arrumar um patrocinador', aponta Roger de Renor

Helena Dias Brasil De Fato | Recife (pe) - 21/12/2024 18:52:04 | Foto: Amannda Oliveira

O ano de 2024 foi de marcos importantes para o projeto Som na Rural. A iniciativa de cultura, arte e comunicação completou 15 anos de existência e se tornou Patrimônio Cultural Imaterial da Cidade do Recife, através de um projeto de lei da vereadora Liana Cirne (PT), aprovado pela Câmara Municipal.

Apesar do reconhecimento, o produtor cultural Roger de Renor e o diretor e fotógrafo Nilton Pereira, realizadores da iniciativa, afirmam que a cidade continua sem um "mercado cultural" que torne viáveis os projetos voltados para a cultura popular. "É mais fácil você vender para uma empresa um camarote, privatizar uma praça, do que você arrumar um patrocinador para o Som na Rural", diz Roger.

Ele cita o exemplo da Praça da Independência, a popular Praça do Diário, que no Carnaval de 2024 foi "camarotizada" pelas empresas Esportes da Sorte e o restaurante Seu Antônio, enquanto "nunca houve uma empresa privada que quisesse anunciar no Som na Rural", lamenta.

Quando perguntado sobre os planos para 2025, Nilton Pereira reforça a questão da ausência de patrocínio. "A gente sabe [do futuro] mais ou menos até o Carnaval. Depois, só dá vontade de ir embora, porque [os poderes públicos] gastam tudo com os cachês das bandas que vão tocar no Marco Zero e em outros palcos grandes. A continuidade do [nosso] ano todo fica muito difícil", acrescenta.

Em entrevista ao Trilhas do Nordeste, programa de entrevistas do Brasil de Fato Pernambuco, Roger e Nilton contam sobre os marcos dessa caminhada de 15 anos, os shows marcantes, as estradas distantes, os perrengues enfrentados e os desafios de fazer cultura popular. Assista à entrevista na íntegra.

Som na Rural de andada

O polo de cultura itinerante não circula só por Recife ou Pernambuco. O Som na Rural, identidade pública desta bela Ford Rural Wyllis de 1969, já pegou estradas até as cidades de São Paulo (SP) e Brasília (DF) – sendo a ida à Capital Federal para a posse do presidente Lula (PT), em 1º de janeiro 2023.

Roger e Nilton fazem questão de demarcar o posicionamento político da iniciativa. "Assim como a gente encarou politicamente o desafio de essa retomada democrática após um governo fascista, ir rodando com o veículo 69 até Brasília já era um grande desafio. E a gente disse: se o país vai passar um grande desafio, vamos também encarar dessa maneira concreta", recorda Nilton.

Fonte: BdF Pernambuco

Edição: Vinícius Sobreira

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