Segmento de máquinas sustenta indústria em fevereiro, frente a queda em atividade extrativa

Pesquisa Industrial Mensal do IBGE mostra que setor acumula alta de 1,4% nos dois primeiros meses do ano. Porém, em fevereiro, houve recuo de 0,1% na comparação com janeiro

Segmento de máquinas sustenta indústria em fevereiro, frente a queda em atividade extrativa
Segmento de máquinas sustenta indústria em fevereiro, frente a queda em atividade extrativa

Agência Gov - 12/04/2025 09:04:11 | Foto: Divulgação/Ashcroft

O setor industrial brasileiro acumulou crescimento de 1,4% de sua produção nos dois primeiros meses deste ano. Em fevereiro, se comparada ao mesmo mês do ano passado, a produção industrial cresceu 1,5%. Os dados são da Pesquisa Industrial Mensal, de fevereiro, divulgados nesta terça-feira (8) pelo IBGE.

Naquele mês, os segmentos de máquinas e equipamentos e de produtos de alto valor agregado, como automóveis, foram o que apresentaram crescimento mais consistente no panorama geral da indústria. Na comparação com fevereiro de 2024, o crescimento de 1,5%, em cinco dos dezoito locais pesquisados, ocorreu impulsionado especialmente por Santa Catarina (6,0%), Paraná (5,5%) e Pará (5,1%), que assinalaram os avanços mais intensos.

Em Santa Catarina, a alta foi impulsionada, principalmente, pelo comportamento positivo observado nos setores de máquinas e equipamentos (partes e peças para válvulas, torneiras e registros, aparelhos elevadores ou transportadores para mercadorias e máquinas ou aparelhos para o setor agrícola), produtos de minerais não metálicos (ladrilhos, placas e azulejos de cerâmica para pavimentação ou revestimento, massa de concreto e cimentos “Portland”), produtos de metal (esquadrias de alumínio), confecção de artigos do vestuário e acessórios (camisas, camisetas, blusas e semelhantes para uso profissional, calças compridas e bermudas, jardineiras, shorts e semelhantes de uso feminino) e máquinas, aparelhos e materiais elétricos (quadros, painéis, cabines e outros suportes com aparelhos elétricos de interrupção ou proteção, refrigeradores ou congeladores para uso doméstico e transformadores).

No caso do Paraná, influenciaram o resultado as altas em veículos automotores, reboques e carrocerias (automóveis, caminhões, caminhão-trator para reboques e semirreboques e autopeças), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (óleo diesel, gasolina automotiva e querosenes de aviação), produtos químicos (fertilizantes minerais ou químicos das fórmulas NPK, ureia e inseticidas, fungicidas e herbicidas – todos para uso na agricultura) e máquinas e equipamentos (carregadoras-transportadoras, retroescavadeiras e máquinas para perfuração e sondagem – usadas na prospecção de petróleo).

Já no Pará, a influência veio de indústrias extrativas (minérios de manganês em bruto ou beneficiados), embora as atividades de extração tenham tido influência de queda na atividade em demais locais do País. Mato Grosso (1,2%) e São Paulo (1,2%) completaram o conjunto de locais com expansão na produção no índice mensal de fevereiro de 2025.

Segmentos extrativo e de petróleo desaceleram
Por outro lado, os recuos de dois dígitos e mais elevados foram observados no Rio Grande do Norte (-24,5%), pressionado, em grande parte, pelas atividades de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (gasolina automotiva e óleo diesel); em Pernambuco (-21,3%), influenciado pelas atividades de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (óleo diesel, gás liquefeito de petróleo e óleos combustíveis); e no Espírito Santo (-11,6%), com influência de indústrias extrativas (minérios de ferro pelotizados ou sinterizados, óleos brutos de petróleo e gás natural).

Região Nordeste (-4,7%), Maranhão (-4,0%), Rio de Janeiro (-3,3%), Amazonas (-2,9%), Mato Grosso do Sul (-2,9%), Bahia (-1,5%), Rio Grande do Sul (-1,2%), Minas Gerais (-0,7%), Ceará (-0,2%) e Goiás (-0,1%) também mostraram resultados negativos no índice mensal de fevereiro de 2025.

No mês de fevereiro, Pernambuco também se destacou na atividade industrial, com crescimento de 6,5% na comparação com janeiro deste ano. Outra razão para Pernambuco chamar a atenção é o fato de ter se recuperado de queda forte em janeiro, quando registrou índice negativo de 25,1%.

Acumulado de 2025 é positivo
O acumulado no ano de 2025, frente a igual período de 2024, mostrou expansão de 1,4% do setor industrial, com taxas positivas em oito dos 18 locais pesquisados. Além de Santa Catarina. Paraná e Pará, já mencionados, Rio Grande do Sul (3,5%), Paraná (3,3%), Pará (3,0%) e Bahia (1,6%) também apontaram taxas positivas mais intensas do que a média nacional (1,4%), enquanto Mato Grosso (1,3%), São Paulo (0,9%) e Goiás (0,1%) completaram o conjunto de locais com crescimento na produção no índice acumulado para o primeiro bimestre de 2025.

Confirmando que os setores extrativo e de petróleo desaceleraram, os dados negativos do Rio Grande do Norte (-19,8%), Pernambuco (-19,7%) e Espírito Santo (-10,3%), que assinalaram recuos de dois dígitos e os mais acentuados no índice acumulado para o período janeiro-fevereiro de 2025, foram pressionados, principalmente, pelo comportamento negativo vindo das atividades de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (gasolina automotiva e óleo diesel), no primeiro local; de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (óleo diesel, gás liquefeito de petróleo e óleos combustíveis), no segundo; e de indústrias extrativas (minérios de ferro pelotizados ou sinterizados, óleos brutos de petróleo e gás natural), no último.

Maranhão (-7,9%), Mato Grosso do Sul (-6,4%), Região Nordeste (-3,8%), Rio de Janeiro (-2,7%), Amazonas (-2,2%), Minas Gerais (-0,5%) e Ceará (-0,1%) também mostraram resultados negativos no índice acumulado no ano.

Recuo médio de 0,1% no mês e avanço de 2,6% em 12 meses
Sete dos 15 locais investigados pela Pesquisa Indústria Mensal (PIM) Regional recuaram na passagem de janeiro para fevereiro, quando a produção industrial do país variou -0,1% . Na comparação com fevereiro do ano passado, a alta de 1,5% foi acompanhada por 5 dos 18 locais pesquisados. No acumulado em 12 meses, o avanço de 2,6% do setor industrial foi acompanhado por 15 das 18 localidades, apresentando, porém, menor dinamismo.

“Na passagem de janeiro para fevereiro, a indústria nacional atingiu o seu quinto mês consecutivo sem crescimento, com perda de 1,3% desde outubro de 2024. A última vez que isso aconteceu foi entre fevereiro e julho de 2015, quando a perda acumulada foi de 6,7%. De forma geral, há uma perda de intensidade na produção industrial, influenciada por uma política monetária contracionista, com aumento dos juros, com o objetivo de combater a inflação. Isso acaba estreitando mais as linhas de crédito, reduzindo os investimentos e fazendo com que as tomadas de decisão na produção sejam mais cautelosas. Pelo lado da demanda, esse cenário também impacta de forma negativa o consumo das famílias”, contextualiza o analista da pesquisa, Bernardo Almeida.

O setor industrial da Bahia, com queda de 2,6%, se sobressaiu entre as cinco localidades que apresentaram quedas na passagem de janeiro para fevereiro. Foi a menor taxa em termos absolutos e o segundo resultado negativo mais influente no mês.

“A indústria baiana apresenta essa queda após quatro meses de resultados positivos, quando acumulou um ganho de 5,7%. Em fevereiro, observamos maior influência dos setores de derivados de petróleo e celulose, papel e produtos de papel. A queda de 2,6%, após quatro meses de crescimento, acontece de uma forma a adequar a oferta e a demanda de maneira estratégica dentro da produção e das especificidades locais, e, de certa forma, era esperada”, explica o analista.

No mesmo sentido, Ceará (-1,0%) e São Paulo (-0,8) assinalaram as outras quedas mais acentuadas na passagem de janeiro para fevereiro, com o estado paulista tendo exercido a maior influência negativa no mês.

“O recuo de São Paulo ocorre após alta de 1,8% observada em janeiro de 2025. Em fevereiro, as principais influências foram os setores de derivados de petróleo, produtos químicos, de bebidas e o setor de celulose, papel e produtos de papel. O que podemos observar é que a indústria paulista apresenta um comportamento bem oscilante quando observamos os últimos meses, demonstrando perda de ritmo e intensidade na produção, assim como a indústria como um todo, apesar de ter seus avanços no período”, avalia Almeida.

O analista destaca ainda que, com o resultado de fevereiro, São Paulo se encontra 0,4% abaixo de seu patamar pré-pandemia, estipulado em fevereiro de 2020, e 22,0% abaixo de seu patamar mais alto, alcançado em março de 2011.

O acumulado nos últimos doze meses, ao avançar 2,6% em fevereiro de 2025, permaneceu mostrando crescimento, mas reduziu a intensidade frente aos meses anteriores. Quinze dos 18 locais pesquisados registraram taxas positivas em fevereiro de 2025, mas quinze apontaram menor dinamismo frente aos índices de janeiro. Rio Grande do Norte (de 3,4% para -1,1%), Pernambuco (de 2,9% para 0,8%), Espírito Santo (de -2,5% para -4,2%), Amazonas (de 2,6% para 0,9%), Rio Grande do Sul (de 1,6% para 0,3%), Ceará (de 6,5% para 5,4%), Rio de Janeiro (de -0,6% para -1,5%), Goiás (de 1,8% para 1,0%) e Mato Grosso do Sul (de 2,7% para 1,9%) assinalaram as principais perdas entre janeiro e fevereiro de 2025, enquanto Pará (de 5,4% para 5,7%) e Paraná (de 3,9% para 4,1%) mostraram os ganhos entre os dois períodos.

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