O resultado representa um aumento de 24% em relação às prefeituras conquistadas em 2020, quando a sigla emplacou 252 dirigentes em Executivos municipais.
Foto: O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e a deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP), durante reunião em Brasília, em abril deste ano (Cadu Gomes/VPR/Divulgação)
O resultado representa um aumento de 24% em relação às prefeituras conquistadas em 2020, quando a sigla emplacou 252 dirigentes em Executivos municipais.
Victória Cócolo, São Paulo, Sp (folhapress) - 27/12/2024 10:31:55 | Foto: O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e a deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP), durante reunião em Brasília, em abril deste ano (Cadu Gomes/VPR/Divulgação)
O PSB (Partido Socialista do Brasil) foi a sigla da esquerda que mais elegeu prefeitos em 2024. Com 312 eleitos, a legenda ficou à frente do mais tradicional partido da esquerda brasileira, o PT (252 prefeituras), e de outros menores, como PDT, Rede e PC do B.
O resultado representa um aumento de 24% em relação às prefeituras conquistadas em 2020, quando a sigla emplacou 252 dirigentes em Executivos municipais.
O presidente do PSB, Carlos Siqueira, diz ver uma recuperação da sigla, que perdeu espaço depois da morte do então presidenciável Eduardo Campos, em 2014.
"A morte de Eduardo Campos, depois a vitória de [Jair] Bolsonaro e a deterioração política do cenário democrático impactou todos os partidos, principalmente os de esquerda. O PSB tendia a crescer e aí você se depara com um cenário de ameaça à democracia", afirmou.
Partido do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro do Empreendedorismo, Márcio França, a legenda tem 14 deputados e três governadores em exercício. No ranking de prefeituras de 2024, ficou na sétima posição. Os primeiros lugares do pódio são ocupados por partidos de direita ou centro-direita, sendo o PSD o grande vencedor, com 887 prefeitos.
O auge do PSB ocorreu em 2012, quando emplacou 444 prefeitos, tornando-se a legenda com maior número de capitais. Nesta época, o partido começou um movimento para lançar candidatura própria à Presidência da República. Em 2013, deixou a base do governo Dilma Rousseff (PT), entregando dois ministérios.
Campos, que na época estava à frente do PSB como presidente, além de governar o estado de Pernambuco, buscou unir o partido em seu plano de candidatura a presidente.
"Sua morte alijou o PSB de sua principal figura, do principal projeto político eleitoral que permitiria ao partido uma projeção nacional que ele não havia conhecido desde a redemocratização. Agora, parece que, com a ascensão de João Campos, o partido recuperou, de certa forma, um norte político mais definido", afirma o historiador Herbert Anjos, autor do livro "Socialismo e Liberdade - Uma História do PSB".
Ele diz que, desde os anos 2000, o PSB adotou uma estratégia de crescimento eleitoral que não tinha a questão da afinidade ideológica como central, para ampliar o número de prefeitos e a bancada parlamentar.
A legenda chegou a abrigar figuras conhecidas à direita, como o então presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) Paulo Skaf e o deputado federal Pastor Isidório, no mesmo momento em que faziam parte da sigla o ex-ministro Roberto Amaral e a deputada federal Luiza Erundina, identificados com a esquerda.
Depois da morte de Campos, a abertura para nomes que não eram alinhados à esquerda no espectro político se ampliou.
Ainda, em votações-chave no Congresso Nacional, como a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) do Teto de Gastos, o PL (Projeto de Lei) das terceirizações e o impeachment de Dilma, o PSB votou junto aos partidos situados na centro-direita.
A ascensão de Bolsonaro ao Palácio do Planalto foi uma virada de chave e estimulou o retorno ao alinhamento com partidos como o PT. Nas eleições de 2022, aderiu ao que Lula chamou de "frente ampla", indicando o vice na chapa, Alckmin, ex-tucano.
"A própria força político-eleitoral de Lula exerceu uma forte influência gravitacional dentro da centro-esquerda da qual o PSB dificilmente poderia escapar. Lula era o único candidato com liderança consolidada e densidade eleitoral para derrotar Bolsonaro", diz Herbert.
Siqueira afirma que o partido é "independente" e continua a discordar de pautas associadas à esquerda, como a questão da Venezuela.
Ainda, no atual manifesto do partido, há uma crítica aos governos de esquerda que comandaram o Brasil. "Mesmo a esquerda -da qual o PSB é parte- não implementou as reformas estruturais necessárias à transformação da sociedade", diz o documento.
Um trunfo do partido é o desempenho de quadros novos, como o prefeito do Recife e filho de Eduardo, João Campos, e a deputada federal Tabata Amaral (SP).
João Campos, 31, foi reeleito com uma das maiores votações no país (78,1%), em primeiro turno. Tabata, 31, disputou as eleições em São Paulo, e ficou em quarto lugar -mas conseguiu aumentar sua projeção.
"Acho que na esquerda há uma carência grande de novas lideranças, enquanto prolifera na extrema direita figuras expressivas", diz Siqueira.
Com o fim do mandato em 2025, Siqueira escolheu João Campos como sucessor. O prefeito é tido como de bom desempenho nas redes sociais, ambiente que costuma ser dominado por figuras da direita como o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) e o ex-candidato a prefeito Pablo Marçal (PRTB).
Para oficializar a transição, João Campos precisa ser aprovado em votação pela Executiva Nacional do PSB, que já tem data para acontecer: 30 e 31 de maio de 2025.
O prefeito diz que o papel do partido daqui para frente é "continuar buscando novos caminhos e alternativas para o enfrentamento de velhos problemas". Citando como exemplo a namorada Tabata, João Campos diz que a nova geração do PSB representa novas práticas e formas de construir a política.
Para a eleição de 2026, o partido precisará superar um obstáculo: aliados de Lula vão pleitear a vaga de vice na chapa, tirando o espaço hoje de Alckmin. Um dos nomes cotados é o do atual governador do Pará, Helder Barbalho, do MDB.
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