O foco seria o aumento da faixa de isenção do Imposto de Renda para R$ 5.000.
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
O foco seria o aumento da faixa de isenção do Imposto de Renda para R$ 5.000.
Catia Seabra, Brasília, Df (folhapress) - 23/12/2024 07:01:25 | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
O governo Lula adiou para o ano que vem a veiculação de uma campanha publicitária sobre o pacote de ajuste fiscal devido à oposição do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. O foco seria o aumento da faixa de isenção do Imposto de Renda para R$ 5.000.
Em novembro, após pronunciamento do ministro em rede nacional para anúncio de medidas de contenção de gastos, a Secom (Secretaria de Comunicação da Presidência) encomendou uma campanha para detalhamento do pacote. O mote escolhido foi "Brasil mais forte, um governo mais eficiente, um Brasil mais justo".
A proposta de aumento da faixa de isenção seria compensada com a taxação de super-ricos e foi defendida por integrantes do governo como contraponto político a medidas do pacote que atingirão benefícios sociais.
Na ocasião, houve críticas sobre a inclusão desse item no pronunciamento sobre os cortes, e os presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e Arthur Lira (PP-AL), indicaram que o tema não deveria avançar em um futuro próximo no Congresso Nacional.
A campanha foi apresentada a Haddad dias depois de seu pronunciamento, após ser produzida rapidamente para exibição já no início de dezembro.
O trabalho foi acompanhado pelo publicitário Sidônio Palmeira, que, segundo interlocutores de Lula, deverá assumir a Secom já no início de 2025.
Haddad, no entanto, fez objeções à divulgação da campanha naquele momento. Segundo integrantes do governo, o ministro da Fazenda foi contra a veiculação antes do envio da proposta ao Congresso.
Haddad chamou a campanha de prematura, de acordo com esses relatos, afirmando que a peça passava a ideia de que a implementação de uma nova tabela seria imediata. O ministro diz que a proposta será submetida a um debate profundo, sendo suscetível a mudanças até mesmo na fonte de financiamento.
O ministro ponderou que valeria a pena chamar a atenção para o tema, mas durante a tramitação, de forma didática.
Ainda segundo relatos, houve resistência da Fazenda ao financiamento da campanha publicitária e Haddad questionou até mesmo sua legalidade, por anunciar uma proposta sem que tenha sido encaminhada ao Congresso. O caso foi remetido à AGU (Advocacia-Geral da União).
Na avaliação de aliados do presidente, o ministro da Fazenda tenta evitar nova reação negativa do mercado, em um momento de alta oscilação do dólar.
Diante do impasse, a solução caberia a Lula. O afastamento do presidente em decorrência de sua internação deixou a decisão em suspenso.
Embora a campanha esteja pronta, só será lançada após o encaminhamento da proposta de aumento da isenção do IR ao Congresso e sujeita a alterações.
Para o fim do ano, o governo lançou uma campanha com o conceito "Todo dia a gente faz um Brasil melhor". Essa campanha mostra resultados positivos, como geração de empregos e combate à miséria, além de abertura ao mercado internacional.
Ao som de uma versão de "Canta Canta, Minha Gente", de Martinho da Vila, a propaganda encerra com o refrão "a vida vai melhorar".
Sidônio atuou na produção do pronunciamento de Haddad, levado a rede nacional, no dia 27 de novembro.
Os termos e expressões utilizados pelo ministro demonstravam positividade. Um exemplo foi a apresentação das medidas como a criação de um Brasil mais forte e mais justo.
"Hoje, temos sinais claros de que estamos no caminho certo. O Brasil não apenas recuperou o tempo e o espaço perdidos mas voltou a ocupar seu lugar de destaque no mundo, entre as dez maiores economias", disse o ministro.
Segundo relatos de integrantes do governo, Sidônio foi um dos que insistiram para a adoção de um tom positivo, com a apresentação de medidas populares, como instituição de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5.000 mensais.
Definido o tom político, a matriz do discurso foi redigida pelo publicitário Otávio Antunes com a colaboração do secretário-executivo da Fazenda, Dario Durigan. A esse texto-base foram incorporadas contribuições ainda na véspera do pronunciamento.
A escalação de Haddad para o pronunciamento, em vez do próprio presidente, alimentou na classe política a suspeita de que Lula avalia a possibilidade de não disputar a reeleição, preparando seu ministro da Fazenda para um eventual plano B. Já dirigentes petistas rechaçam essa hipótese, alegando que esse anúncio caberia mesmo ao ministro da Fazenda.
Segundo relatos, Haddad tinha dúvidas sobre a aparição em rede nacional. Dois dias depois, o governo decidiu lançar uma ofensiva de comunicação para o fim de ano. Mas a iniciativa foi adiada.
Em encontro com jornalistas na sexta-feira (20), o ministro afirmou que não se vê como candidato à Presidência da República nas eleições de 2026. "Não me entendo como candidato em 2026", respondeu quando instado a comentar o resultado da pesquisa Quest, divulgada na semana retrasada. A pesquisa apontou que Lula e o ministro da Fazenda lideram a corrida eleitoral em todos os oito cenários testados.
Haddad disse ainda que o envio ao Congresso de projeto que aumenta a faixa de isenção e cria uma taxação mínima para os milionários ocorrerá em 2025.
Prazo para investir em previdência privada e ter vantagem no IR chega à reta final
BRUNO XAVIER E JÚLIA MOURA, SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Investir em previdência privada até o fim deste mês pode trazer vantagem na declaração do IR (Imposto de Renda), mas esse não deve ser o único critério a ser considerado para optar por esse tipo de aplicação.
É permitido deduzir até 12% da renda bruta tributável no ano, mas o benefício não é para todos: vale apenas para os planos do tipo PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre) e para quem faz a declaração do IR pelo modelo completo, mais usado por quem tem gastos com dependentes, além de despesas com educação e saúde.
Quem quiser utilizar o benefício fiscal na declaração do IR 2025 tem até o final deste mês para fazer o investimento. O último dia de expediente bancário será 30 de dezembro, mas o prazo final pode ser mais curto e depende da empresa que faz a gestão da previdência privada.
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VEJA PRAZOS DE INVESTIMENTO EM PGBL DAS PRINCIPAIS SEGURADORAS:
- BB Previdência: 30/12
- Bradesco: 26/12
- BTG: 30/12
- Caixa: 30/12
- Galapagos Capital: 27/12
- Icatu: 27/12
- XP: 27/12
É necessário verificar o perfil do investidor, conhecer o mercado e estar atento ao fundo e à instituição escolhidos. Apesar de ser uma aplicação considerada mais segura, há várias opções com riscos diferentes e voltadas a um perfil específico.
Apesar de o PGBL permitir o desconto na base de cálculo do IR, quando for resgatar o dinheiro a tributação será aplicada sobre o valor total investido, e não só sobre o quanto rendeu. Já o VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre) não oferece benefícios na declaração do IR, mas tem vantagem no resgate: o cliente só paga o IR pelo valor do rendimento, e não sobre o investimento todo.
Por isso, é preciso verificar se o PGBL é a melhor opção para cada caso, considerando se o investidor é obrigado a enviar o Imposto de Renda e se faz a declaração pelo modelo completo ou simplificado.
COMO ESCOLHER UM BOM PLANO
A recomendação de especialistas para quem está começando a investir é analisar os próprios rendimentos e observar qual fundo mais se encaixa na sua carteira e no seu perfil, se conservador ou agressivo. "Ele tem que entender qual produto mais se adequa a ele", diz o assessor de investimentos e colunista da Folha de S.Paulo Michael Viriato.
O vice-presidente da Comissão de Produtos por Sobrevivência da Fenaprevi (Federação Nacional de Previdência e Vida), Amâncio Palladino, diz que, ao escolher em qual instituição fazer o investimento, o cliente precisa ter três critérios em mente: o relacionamento com a instituição, a qualidade da plataforma oferecida, que deve ser fácil de utilizar e verificar os valores, e a confiança no banco ou na corretora.
"O cliente tem que confiar que a instituição escolhida vai durar tanto tempo quanto o investimento que ele está propondo", afirma.
Ao analisar os riscos envolvidos, é importante observar que esses estão mais relacionados ao fundo escolhido do que à instituição, ou seja, mais do que o banco ou a corretora na qual o dinheiro será aplicado, a atenção precisa estar voltada ao tipo de fundo selecionado, se de renda fixa, multimercado, ou de ações, por exemplo, afirma Viriato.
O investidor tem que escolher bem o gestor do fundo, já que ele é quem terá maior contato e responsabilidade sobre os valores aportados. "O fundo é gerido por pessoas e não por instituições. A escolha do gestor é como se você fosse contratar um empregado, porque é ele que faz a administração dos recursos aplicados. Então você vai escolher pensando no currículo da pessoa, qual a equipe que ela tem por trás." Ele diz que é necessário avaliar os resultados apresentados por ele nos fundos administrados.
Também é importante acompanhar os indicadores financeiros. "Se eu pudesse escolher só um, diria a inflação, no mínimo. Porque, no final das contas, você quer preservar seu poder de compra no futuro, então você tem que ficar atento."
Outros fatores que devem estar no radar variam de acordo com o fundo escolhido. "Se o produto é referenciado pelo CDI [Certificado de Depósito Interbancário], tem que acompanhar esse índice. Se investiu em um produto de ações, tem que acompanhar o Ibovespa. É preciso acompanhar o indexador que reflita melhor o investimento", afirma Viriato.
ENTENDA AS TAXAS QUE PODEM SER COBRADAS
As taxas que podem ser cobradas na previdência privada também estão relacionadas ao risco do produto. Investimentos de menor risco poderão ter taxas menores que os mais arriscados. Para saber se as taxas cobradas estão adequadas, o cliente pode compará-las com fundos de outras corretoras e também com outros fundos de risco semelhante.
"A taxa deve estar alinhada com a dos produtos de mesmo risco. Pagar pouco por algo ruim é pior que pagar muito por algo bom. Não é porque a taxa é baixa que o investimento é bom", diz Viriato.
- Taxa de administração: Cobrada como remuneração ao gestor do fundo, que acompanha os indicadores e faz as decisões cotidianas da aplicação. Varia de acordo com o risco do fundo escolhido. Fundos com risco mais baixo exigem menor acompanhamento do gestor, ao contrário dos com maior risco.
- Taxa de carregamento: Cobrada sobre o aporte e sobre a retirada de dinheiro do fundo para cobrir despesas administrativas e de comercialização. Caiu em desuso na maioria das corretoras, mas ainda pode ser praticada, segundo a Susep (Superintendência de Seguros Privados)
- Taxa de performance: Cobrada quando o fundo apresenta rendimento superior ao patamar previamente estabelecido. É como se fosse um prêmio cobrado pelo administrador pelo resultado.
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