'É muito difícil acreditar na justiça do nosso país', afirma viúva de músico morto pelo Exército

Tribunal militar condenou agentes que dispararam mais de 250 vezes a menos de quatro anos em regime aberto

'É muito difícil acreditar na justiça do nosso país', afirma viúva de músico morto pelo Exército
'É muito difícil acreditar na justiça do nosso país', afirma viúva de músico morto pelo Exército

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Tribunal militar condenou agentes que dispararam mais de 250 vezes a menos de quatro anos em regime aberto

Nara Lacerda Brasil De Fato | São Paulo (sp) - 22/12/2024 10:58:31 | Foto: Divulgação

A família do músico Evaldo dos Santos Rosa recebeu com revolta e consternação a decisão do Superior Tribunal Militar (STM), que reduziu drasticamente as penas dos militares envolvidos na morte do artista e do catador Luciano Macedo.

O crime aconteceu em 2019, na região de Guadalupe, Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro. O carro dirigido por Rosa foi alvo de mais de 250 tiros disparados por 12 oficiais do Exército. Ele se deslocava para um chá de bebê e estava acompanhado do sogro, da esposa, do filho de 7 anos e de uma amiga da família.

Na ocasião, os agentes alegaram ter confundido o veículo com o de criminosos. No entanto, testemunhas afirmam que nenhuma abordagem prévia foi realizada e que os disparos continuaram, mesmo depois de a família sair do carro em desespero com a criança

Atingido por nove disparos, o músico de 51 anos morreu na hora. Luciano Macedo, que tentou ajudar Evaldo dos Santos chegou a ser internado, mas faleceu 11 dias após o crime. Além disso, o sogro do artista, Sérgio Gonçalves de Araújo, também foi atingido.

Em 2021, a primeira instância da Justiça Militar condenou os militares a penas que variavam de 28 a 31 anos e seis meses de prisão, pelos crimes de homicídio qualificado contra duas vítimas e tentativa de homicídio de uma terceira.

No entanto, a decisão foi revista nesta semana e as penas foram diminuídas para menos de quatro anos em regime aberto, por oito votos a seis. Luciana Nogueira, viúva de Evaldo dos Santos, falou com o Brasil de Fato sobre a sentença. Ela classificou como "bizarra" a alegação de que os militares agiram em legítima defesa.

“O resultado foi muito desrespeitoso. Nos deixou muito tristes ouvir que 257 tiros contra o carro de uma família eram por legítima defesa. Eu já sabia que seria complicado com o julgamento sendo feito pela própria justiça militar, mas não imaginava um resultado dessa forma”, afirmou.

A família ainda não decidiu se vai recorrer da decisão. Mas ainda é possível questionar a sentença no Supremo Tribunal Federal (STF).

“Para nós é muito doloroso. Será que vai valer a pena recorrer? Se passam um ou dois anos e acabamos com o mesmo resultado? É muito complicado e muito difícil acreditar na justiça do país”, desabafou Luciana Nogueira.

Edição: Martina Medina

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