Infelizmente, o apoio psicológico oferecido pelas corporações ainda é insuficiente. Muitos agentes têm receio de buscar ajuda, temendo estigmas e possíveis prejuízos à carreira
Foto: Bruno/Pixabay / Divulgação
Infelizmente, o apoio psicológico oferecido pelas corporações ainda é insuficiente. Muitos agentes têm receio de buscar ajuda, temendo estigmas e possíveis prejuízos à carreira
Por Miguel Lucena - 29/01/2025 06:27:24 | Foto: Bruno/Pixabay / Divulgação
O lamentável episódio ocorrido em Brasília, no qual um delegado da Polícia Civil atirou em três mulheres durante um provável surto psicótico, evidencia uma questão urgente: a saúde mental dos agentes de segurança pública. Esse caso trágico não pode ser tratado como um evento isolado, mas como um alerta para a necessidade de políticas públicas voltadas ao cuidado psicológico desses profissionais, que lidam diariamente com situações de altíssimo estresse.
O desgaste emocional acumulado ao longo da carreira policial é imenso. Sob pressão constante, esses profissionais enfrentam perigos reais, carga horária exaustiva, além de um ambiente de trabalho frequentemente permeado por conflitos internos. Esse contexto não só fragiliza a saúde mental, mas também aumenta os riscos de ações descontroladas.
Infelizmente, o apoio psicológico oferecido pelas corporações ainda é insuficiente. Muitos agentes têm receio de buscar ajuda, temendo estigmas e possíveis prejuízos à carreira. Esse silêncio cria um ciclo perigoso, onde problemas emocionais não tratados podem culminar em atos extremos, como o que vimos.
A solução passa pela implementação de programas regulares de avaliação psicológica e pelo acesso facilitado a serviços de apoio emocional. É imprescindível que haja um acompanhamento contínuo da saúde mental, com suporte oferecido de forma humanizada e sigilosa. Além disso, o treinamento emocional deve ser parte essencial da formação desses profissionais, preparando-os para enfrentar os desafios psicológicos de sua rotina.
A tragédia em Brasília deve servir como um marco para mudanças estruturais. Garantir a saúde mental dos policiais não é apenas um ato de cuidado com esses servidores, mas também uma medida essencial para proteger a sociedade. Segurança pública não se faz apenas com armas e táticas, mas com equilíbrio, humanidade e atenção às condições emocionais de quem está na linha de frente.
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