Recentemente, enquanto caminhava no Parque da Cidade, em Brasília, acompanhada de Miguel, encontramos um vendedor com seu carrinho de sorvete estampado com o nome de Edson Gomes
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Recentemente, enquanto caminhava no Parque da Cidade, em Brasília, acompanhada de Miguel, encontramos um vendedor com seu carrinho de sorvete estampado com o nome de Edson Gomes
Por Maria José Rocha Lima - 02/02/2025 17:16:08 | Foto: Reprodução
Edson Gomes, o Rei do Reggae, conquistou o coração dos baianos e de milhões de brasileiros, garantindo seu espaço privilegiado no vasto território da música. Recentemente, enquanto caminhava no Parque da Cidade, em Brasília, acompanhada de Miguel, encontramos um vendedor com seu carrinho de sorvete estampado com o nome de Edson Gomes. O detalhe que mais nos encantou foi que, além da homenagem visual, ele ainda tocava reggae.
Curiosa e emocionada com aquele gesto tão singelo, fiz questão de conversar com ele:
— O senhor é baiano?
— Não, sou apenas fã do reggae de Edson Gomes.
Toda orgulhosa, compartilhei com ele minha origem e a felicidade de ter Edson Gomes como conterrâneo. E, para além da música, tenho a honra de lembrar que ele sempre esteve ao lado das lutas em defesa da educação.
Foi inevitável recordar uma de suas composições mais emblemáticas e atuais: “Lute”, que ecoa como um chamado à resistência:
“Vamos amigo, lute!
Vamos amigo, lute!
Vamos amigo, lute! Uoou!
Vamos amigo, ajude! Senão
A gente acaba perdendo o que já conquistou…”
“Que a vida não parou
A vida não pára aqui
A luta não acabou
E nem acabará
Só quando a liberdade raiar… yeah!
Só quando a liberdade raiar…”
A injusta exclusão de Edson Gomes
Fiquei indignada ao ler sobre a exclusão de Edson Gomes dos grandes eventos da Bahia. No entanto, não me surpreendi. Edson Gomes incomoda, questiona o status quo. As elites baianas, seletivas e implacáveis, escolhem a dedo quem pode participar do “banquete” da vida pública e dividir o bolo.
O músico e escritor Ricardo Reina, autor do livro Edson Gomes – O Rei do Reggae, comentou essa exclusão em entrevista ao Jornal da Cidade, na Rádio Metrópole, no dia 27 de janeiro. Segundo ele, a ausência de Edson Gomes em celebrações importantes, como o Festival da Virada, levanta questionamentos:
“A gente vê artistas que não são conhecidos serem chamados. Então, isso é lobby. De alguma maneira, existe uma contraproposta para os políticos, para o prefeito, para quem quer que seja, que Edson não tem. Edson tem é o respaldo popular, o respaldo do povo. Quem anda na Avenida Sete de Setembro, quem anda nas favelas, quem anda na classe média sabe, em qualquer lugar da Bahia, que Edson Gomes é tocado… Suas músicas são trilhas sonoras da vida de muitos baianos. Mas ele não é chamado para grandes eventos, enquanto artistas menos conhecidos aparecem nessas ocasiões”, pontuou Ricardo Reina.
Ele também ressaltou a personalidade reservada de Edson Gomes:
“Edson passou por muitas dificuldades e construiu sua trajetória como o primeiro reggae man do Brasil. Isso moldou sua postura, mas ele continua sendo uma figura extraordinária.”
O livro de Ricardo Reina explora a trajetória de Edson Gomes, destacando curiosidades sobre sua carreira e impacto cultural.
Edson Gomes: um artista que incomoda pelo compromisso social
Ricardo Reina, parabéns pela biografia justa e merecida! Mas insisto: a exclusão de Edson Gomes dos grandes eventos não me surpreende. Sua presença incomoda porque sua música não é apenas entretenimento; é denúncia, é resistência, é um clamor por liberdade para todo o povo.
Edson Gomes não precisa de favores. Ele tem algo muito maior: a voz das ruas, das favelas, das periferias e do povo que encontra em suas letras a força para continuar lutando.
E, como ele mesmo canta:
“A luta não acabou
E nem acabará
Só quando a liberdade raiar!”
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