UNISG, berço do Movimento Slow Food, impulsionou iniciativa para fortalecer modos de vida de comunidades tradicionais
Foto: Brasil de Fato / Thaiz Braga
UNISG, berço do Movimento Slow Food, impulsionou iniciativa para fortalecer modos de vida de comunidades tradicionais
Da Redação Conde (ba) - 16/12/2024 07:24:26 | Foto: Brasil de Fato / Thaiz Braga
Estudantes da Universidade de Ciências Gastronômicas de Pollenzo (UNISG), no norte da Itália, visitaram a comunidade pesqueira de Siribinha, povoado do município do Conde (BA), para um intercâmbio cultural com os moradores. Marisqueiras, cozinheiras, pescadores e barqueiros receberam o grupo entre os dias 18 e 19 de novembro e puderam compartilhar experiências da pesca e produção de alimentos, os modos de vida e trabalho da região e debater sobre as questões ambientais que desafiam a comunidade.
A UNISG é a universidade onde nasceu o Movimento Slow Food, iniciativa de contracultura à globalização alimentar presente hoje em mais de 160 países. A partir de uma formação multidisciplinar, os cursos de graduação e pós-graduação organizam periodicamente intercâmbios entre estudantes e comunidades ao redor do mundo para complementar a formação dos estudantes e fortalecer os saberes dos povos tradicionais.
"No planejamento de uma viagem, o que sempre se busca é essa vivência com comunidades tradicionais, que lutam como podem para manter vivo certas saberes e tradições, e com isso o objetivo é que nossos estudantes, a partir do entendimento de diversas realidades, possam contribuir para difundir a manutenção dessas comunidades e que objetivamente possa nascer disso interações futuras", destaca Sanderson Beschorner, Tutor da viagem
Em Siribinha, o grupo foi recebido por Gleide Santos, Flaviana Santos, Érica Silva e Mimi Silva, marisqueiras locais, que explicaram o dia a dia da comunidade, como funciona o preparo e a venda dos pescados, bem como tiraram dúvidas sobre a pesca e a gastronomia local. Os estudantes também aprenderam a pescar aratu e massunim, um molusco local muito apreciado na região. Já na tradicional barraca Brisa da Barra, responsável por organizar a atividade junto com as marisqueiras, o grupo provou alguns pratos típicos da região, como pastel de aratu, feijão de coco, moqueca de massunim e bobó de camarão.
Fabiana Santos, auxiliar de cozinha e garçonete, destaca o diferencial desse tipo de turismo e a importância do diálogo com os intercambistas:
“Chega gente de todo lugar por aqui, mas um turismo como esse foi a primeira vez. Turismo internacional, com jovens que vieram vivenciar o dia a dia da comunidade. Foi muito importante para troca de experiências. O marisco e o pescado são fontes de renda. Mostrar isso para as pessoas me deixa muito feliz, notamos que para eles foi grandioso. O momento da pesca do massunim foi especial, pois ninguém queria sair. O meu desejo é que esse tipo de turismo se expanda para aumentar ainda mais nosso potencial", salienta.
Érica Silva, marisqueira e pescadora, ressalta o papel de compartilhar os modos de vida da comunidade com pessoas que vêm de fora:
“É de grande importância mostrar para as pessoas o que fazemos aqui. A forma de pescar, que não é predatória, é artesanal, e com ela preservamos nosso manguezal. A presença de estudantes promove ainda mais conhecimento, porque é uma troca. Eles trouxeram dúvidas e nós também. Foi um momento importante de geração de renda para a comunidade e, também, de valorização da educação que não precisa estar só na sala de aula”.
Ao fim do encontro, Sanderson Beschorner destacou a importância da experiência para os alunos e o potencial de turismo sustentável que a comunidade possui. "Foi um momento muito formador para nossos estudantes, que saíram muito impressionados da experiência. Observando a comunidade do ponto de vista turístico, sinto que existe uma oportunidade única de desenvolvimento de um turismo sustentável, não um turismo de massa, mas sim um turismo responsável, onde ambiente, comunidade e turistas convivem em harmonia".
Edição: Thais Ferreira
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