Marujadas de São Benedito no Pará são reconhecidas como Patrimônio Cultural do Brasil

Conselho Consultivo aprovou, nesta quarta-feira (4/9), inscrição da manifestação no Livro de Registro das Celebrações

Marujadas de São Benedito no Pará são reconhecidas como Patrimônio Cultural do Brasil
Marujadas de São Benedito no Pará são reconhecidas como Patrimônio Cultural do Brasil

Marina Baldoni Amaral – Marina.amaral@iphan.gov.br - 05/09/2024 19:12:37 | Foto: Karina Martins/Iphan

As Marujadas de São Benedito no Pará foram reconhecidas como Patrimônio Cultural do Brasil nesta quarta-feira (4/9), durante a 105ª reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural. O órgão colegiado de decisão máxima do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), autarquia vinculada ao Ministério da Cultura (MinC), aprovou, por unanimidade, a inscrição do bem no Livro de Registro de Celebrações.

As Marujadas de São Benedito no Pará são celebrações religiosas que promovem a devoção, principalmente a São Benedito, na região bragantina (Augusto Corrêa, Bragança, Capanema, Primavera, Quatipuru e Tracuateua) e em Ananindeua, no Pará. A marujada é tanto o corpo de associados (irmandade, associação ou grupo cultural) e o conjunto das pessoas que participam, devidamente caracterizadas, dos eventos religiosos e não-religiosos das festividades (chamados de marujos e marujas), quanto o nome usado para se referir à prática cultural formada por eventos religiosos, folguedos, comensalidades, vestimentas e danças típicas.

O pedido de registro foi apresentado em 2011 pela Irmandade da Marujada de São Benedito de Bragança, organização de caráter educativo e cultural, fundada em 1798 por iniciativa de negros escravizados e libertos na então Vila de Bragança. As pesquisas que subsidiam o pedido de registro foram realizadas entre 2018 e 2022. Em 2020, foram incluídas no processo de registro as marujadas de Capanema, Quatipuru, Augusto Corrêa, Tracuateua e Primavera – na chamada região bragantina – e de Ananindeua, localizada na região metropolitana de Belém. Em Capanema e Tracuateua, as marujadas promovem, também, o culto a São Sebastião.

Foto: Cristino Martins/Iphan

Foto: Cristino Martins/Iphan

A “relevância nacional dessas celebrações, que emergem de processos constitutivos da própria sociedade brasileira, com sua imensa diversidade” é reconhecida pela conselheira e relatora do processo de registro, Luciana Gonçalves de Carvalho, antropóloga da Universidade Federal do Pará.

Em seu parecer, a conselheira propõe que seja avaliada a possibilidade de se aprofundar “pesquisas sobre as questões de raça, gênero e classe nas marujadas a fim de identificar possíveis conflitos internos, entender significados potencialmente diferentes atribuídos a essas celebrações por diferentes grupos sociais”. Além disso, sugere analisar “possíveis impactos dos problemas socioambientais vivenciados atualmente no nordeste paraense sobre a celebração”.

Marujadas de São Benedito no Pará

Foto: Flávio Contente/Iphan

Foto: Flávio Contente/Iphan

A celebração para São Benedito e/ou São Sebastião no Pará compreende um conjunto de rituais, cujo ápice ocorre entre dezembro e janeiro, e que busca homenagear os santos e possibilitar agradecimentos às graças recebidas. Os rituais envolvem, de maneira individual e coletiva, pequenas atividades que caracterizam a celebração, como procissões, missas, levantamento e derrubada de mastros, almoços coletivos, leilões, danças - como roda, retumbão, chorado, mazurca, valsa, contradança, xote, arrasta-pé e bagre - e personagens que compõem a festa como capitoa, capitão, juiz, juíza, marujos e marujas.

Outro ponto importante das marujadas é a presença forte das mulheres, tanto nos rituais quanto na organização das festividades, cabendo aos homens o papel de esmoladores, tocadores ou acompanhantes.

A origem da marujada é do final do século XVIII e início do XIX, associada à criação da Irmandade do Glorioso São Benedito de Bragança em 1798, por iniciativa de povos negros escravizados naquela localidade. Para celebrar São Benedito, eram realizadas rezas, tambores, danças, missas, ladainhas e folias que vieram a se caracterizar com o que se entende hoje por Marujada do Pará.

Acesse o P arecer Técnico e o Dossiê de Registro das Marujadas de São Benedito no Pará.

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