Trump diz em 1ª entrevista após vitória que levará adiante plano de deportação em massa
Foto: Divulgação The White House
Trump diz em 1ª entrevista após vitória que levará adiante plano de deportação em massa
Gustavo Zeitel, São Paulo, Sp (folhapress) - 09/11/2024 09:06:25 | Foto: Divulgação The White House
Dana White, 55, é um homem branco, careca e de grandes proporções: tem 1,80 m e músculos salientes, que tensionam as suas camisetas modelo slim fit de cor neutra. Presidente do UFC, o maior esporte de combate da atualidade, ele criou uma instituição alicerçada na pancadaria, avaliada em US$ 12 bilhões, pouco mais de R$ 68 bilhões. White parece ser tudo o que boa parte dos homens gostaria de ser -e o que os pais desses homens gostariam que seus filhos fossem. Homem de sucesso, o empresário é influente e se tornou garoto-propaganda do republicano Donald Trump, recém-eleito presidente dos Estados Unidos.
Para retornar à Casa Branca e cumprir um segundo mandato, Trump convocou um exército da macharia, já aliciado pelo seu discurso belicoso, com promessas de aumentar o efetivo das Forças Armadas, e avesso à imigração. São empresários, influenciadores, políticos e apresentadores de podcasts, que atuam como "clowns" no picadeiro da política espetacular dos nossos dias.
White, por exemplo, serviu a Trump como mestre de cerimônias, na convenção republicana. Nas eleições de 2016 e 2020, o republicano fora apresentado por Melania, sua mulher, e Ivanka, sua filha, numa quebra de protocolo. Neste ano, Trump preferiu que um aliado cumprisse o papel. Durante toda a vida, White não deu palavra sobre política. Até que o empresário encontrou o ex-apresentador do reality "O Aprendiz", que é fã de esportes de combate e se notabilizou por ser um tipo mal-encarado. "Não conseguiram parar Trump. Ele é o homem mais resiliente e trabalhador que já conheci em minha vida. Isso é karma, ele merece isso", disse White, durante a festa da vitória.
Nas redes, o lutador de luta livre Hulk Hogan celebrou a vitória republicana e pediu união nacional. Hogan, que diz ter um bíceps de 24 polegadas, foi uma das celebridades festejadas pelos trumpistas, durante a campanha. Na convenção, resolveu exibir-se: arrancou sua regata, de onde pendia um crucifixo metálico, e com o rosto ruborizado, atiçou a plateia. Em uma reportagem, a revista britânica The Wire mostrou que, na reta final da campanha, Trump passou longas horas em podcasts apresentados por conservadores. Esse canal serviu ao presidente eleito para humanizar a sua figura e chegar a um eleitorado jovem e apolítico.
Há duas semanas, o comediante Joe Rogan, conhecido por ser o maior podcaster do mundo, conversou por mais de três horas com Trump, de quem é apoiador. Segundo o Spotify, Joe Rogan Experience soma 5,5 bilhões de visualizações. No Youtube, ele acumula 18,3 milhões de inscritos. Ao saber dos resultados das eleições, Rogan escreveu um palavrão no X, compartilhado 33 mil vezes na internet. Há dois anos, o comediante espalhou notícias falsas sobre a pandemia e foi cancelado por parte do público.
Alguns críticos afirmaram que Trump se convidara a ser entrevistado por Rogan, o que o republicano disse ser mentira. "Não há nenhuma tensão. Sempre gostei dele [do comediante], mas eu não o conhecia. Só o cumprimento quando entro numa arena e o vejo junto com Dana White", contou Trump. Nessa entrevista, o republicano atacou Kamala Harris, afirmando que a vice-presidente não sabe concatenar duas frases.
A lista de influenciadores trumpistas é longa: Theo Von, Adin Ross, Andrew Schulz, nomes desconhecidos da maioria dos brasileiros, mas que são populares entre o público conservador americano. O jornal The New York times publicou, na semana passada, uma reportagem sobre o apoio masculino ao republicano. Em geral, esses jovens não seguem uma ideologia. Acreditam, porém, que Trump fala tudo o que sempre pensaram, mas que não puderam falar em público.
Decerto, os números das eleições mostram que o Partido Republicano conseguiu um número maior de votos, em segmentos mais democratas: negros, latinos e jovens. A estratégia trumpista, de todo modo, já foi assimilada por políticos brasileiros.
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tornou-se áulico de podcasts, assim como o ex-candidato à Prefeitura de São Paulo Pablo Marçal (PRTB), amigo do influenciador fitness Renato Cariani. Por aqui, Trump teve um apoio peso-pesado. Campeão do UFC em 2011, Junior Cigano postou, em suas redes sociais, uma foto com o republicano, os dois mostrando os punhos cerrados para as lentes.
Na "machosfera", nenhum trumpista fez tanto estardalhaço na campanha como o bilionário Elon Musk, o controlador do X e da Tesla. Musk criou a instituição America PAC, por onde injetou ao menos US$ 118 milhões (pouco mais de R$ 670 milhões) na campanha republicana. Agora, o homem mais rico do mundo é cotado para assumir um cargo no governo Trump, na chamada Comissão de Eficiência Governamental. Nos dias anteriores à eleição, Musk chegou a doar US$ 1 milhão a pessoas aleatórias, para que fossem às urnas. Terminada a apuração, o empresário usou o seu X para comemorar. "O futuro vai ser fantástico."
Trump diz em 1ª entrevista após vitória que levará adiante plano de deportação em massa
JULIA CHAIB - WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) - O presidente eleito Donald Trump apontou a política de imigração nas fronteiras do país como sua primeira prioridade uma vez que ele assumir o mandato, em 20 de janeiro do ano que vem. A declaração foi dada em rápida entrevista por telefone concedida à NBC News nesta quinta-feira (7).
Questionado sobre seu plano de deportação em massa, Trump disse, segundo o veículo, que não há alternativa a não ser levá-lo adiante. Sobre o investimento que precisará fazer para concretizar a política, o republicano respondeu que não é "uma questão de preço".
"Não temos escolha quando as pessoas têm matado e assassinado, quando senhores das drogas têm destruído o país. Eles agora vão voltar para os seus países, não vão ficar aqui. Não é algo em que você coloque um preço", afirmou.
A promessa de que fará a maior deportação em massa dos Estados Unidos foi uma das principais bandeiras de Trump ao longo da campanha, repetida exaustivamente ao longo de comícios e outros eventos.
"Queremos fazer a fronteira segura e poderosa novamente e, ao mesmo tempo, nós queremos que as pessoas entrem no nosso país", disse Trump nesta quinta. "Você sabe, eu não sou uma pessoa que diz 'Não, vocês não podem entrar'. Nós queremos que as pessoas entrem."
Trump atribuiu sua vitória parcialmente ao seu discurso ligado à imigração. De acordo com a NBC News, o republicano ainda ressaltou o conjunto de eleitores que conseguiu atrair neste pleito, o que inclui latinos, mulheres e asiáticos em número superior ao seu desempenho em 2020.
"Comecei a ver que um realinhamento [nos apoios] poderia acontecer porque os democratas não estão alinhados com o pensamento do país", comentou.
O republicano ainda disse que sua intenção é trazer "o bom senso" de volta aos EUA.
Trump também definiu como "bons telefonemas" as conversas que teve com o presidente Joe Biden e a vice-presidente Kamala Harris, sua adversária na eleição, após ter vencido o pleito. Segundo a NBC, o republicano comentou que Kamala pediu uma transição de governo pacífica, algo com o qual ele concordou.
O presidente eleito ainda afirmou ter conversado com 70 líderes mundiais, entre eles o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, e o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu.
Trump disse que ainda conversará com o presidente da Rússia, Vladimir Putin. Outra promessa da campanha do republicano é acabar com a guerra na região em "24 horas". Ele nunca detalhou, porém, como pretende fazer isso.
Nesta quinta, a presidente do México, Claudia Sheinbaum, afirmou que conversou sobre questões ligadas às fronteiras entre os dois países em telefonema a Trump.
A mexicana comentou também classificou a ligação como "muito cordial" e que abordou as "boas relações que teremos entre o México e os Estados Unidos".
Nos seus últimos comícios, Trump foi além da promessa de deportação em massa de imigrantes em situação irregular no país. O republicano ameaçou impor tarifas ao México se o país não contiver a situação da imigração.
"Vou informá-la [a presidente mexicana Claudia Sheinbaum] desde o primeiro dia ou antes que se não detiverem esse ataque de criminosos e [a entrada de] drogas em nosso país, vou impor uma tarifa de 25% a tudo o que enviarem aos Estados Unidos", afirmou Trump no último dia 4, em comício na Carolina do Norte.
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