“Ariano Suassuna: no teatro da vida”: livro celebra a vida e a obra de Ariano Suassuna nos 10 anos de sua morte
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“Ariano Suassuna: no teatro da vida”: livro celebra a vida e a obra de Ariano Suassuna nos 10 anos de sua morte
Redação Com Informações De Agência - 19/12/2024 18:20:53 | Foto: Portal Vermelho
Com organização do pesquisador Anderson da Silva Almeida, “Ariano Suassuna: no teatro da vida” esmiúça passado do escritor ressaltando sua relevância para a cultura brasileira.
Como narrar a trajetória de Ariano Suassuna, um dos maiores nomes da cultura brasileira? Pela vida? Pela obra? Pelo passado? Pelo presente? E quem é capaz de abarcar a totalidade de um sujeito que mudou a história da arte brasileira? Pensando nestas questões, o pesquisador Anderson da Silva Almeida ( @andersondasilvalmeida ), doutor e mestre em história pela Universidade Federal Fluminense (UFF), organizou a obra “Ariano Suassuna no teatro da vida” , publicada pela editora CRV. Com extenso trabalho no campo de pesquisa, Anderson já foi finalista do Prêmio Jabuti de Literatura, em 2018, na categoria Biografias e vencedor do Prêmio Memórias Reveladas, do Arquivo Nacional, em 2010.
No decorrer das 354 páginas, a obra é lançada no ano em que se completa 10 anos da morte de Ariano no contexto dos 60 anos do Golpe de 1964. Além disso, “Ariano Suassuna: no teatro da vida” também chega ao mundo na ocasião do lançamento do filme O Auto da Compadecida 2 , esperada continuação de um dos maiores clássicos do cinema nacional.
Segundo o organizador, o livro representa a realização de um desejo de conhecer mais profundamente a atuação de um grande intelectual no período da ditadura e o movimento cultural por ele criado, o Movimento Armorial, que reverberou principalmente no Nordeste uma tentativa de se construir o que ele chamou de “cultura erudita brasileira”, com inspiração na chamada “cultura popular” e o que seriam suas raízes ibéricas e árabes, principalmente.
“Como pesquisador da ditadura, percebi a ausência de estudos no meio historiográfico sobre a atuação de Ariano naquele período. Temos obras que abordam o Movimento Armorial, mas sem conectar com o contexto político. Ariano esteve muito presente nos debates políticos dos anos 1960-1970, principalmente em Recife, e já era muito conhecido pelo prêmio conquistado pelo Auto da Compadecida , em 1956”, ressalta Anderson.
Um Ariano Suassuna das letras, do teatro, da política, das inspirações no cordel e na xilografia
“Ariano Suassuna no teatro da vida” se volta para a vida e a obra do grande nome do teatro popular brasileiro, Ariano Suassuna, através de 13 artigos que se debruçam sobre os mais diversos temas, incluindo o seu maior sucesso, a peça Auto da Compadecida. A obra mergulha nos primórdios do dramaturgo, ressaltando eventos que foram primordiais para a formação do futuro escritor. De um lado, a família aristocrática e a convivência com as camadas mais populares na pequena cidade de Taperoá, na Paraíba, que inspira grande parte das peças de Suassuna, e o assassinato de seu pai, João Suassuna, ao se envolver em questões políticas locais ao enfrentar o grupo político do antigo aliado, João Pessoa, cujo assassinato marcou a política nacional.
Organizado ao longo dos últimos três anos, o livro opta por trabalhar com autores que já tinham alguma ligação com o personagem Ariano Suassuna, seja com pesquisas maduras, seja com alguma experiência não ocasional. Alguns dos temas que você vai encontrar no livro são: conflitos políticos nos anos 1930; teatro brasileiro dos anos 1940-1950; a atuação de Ariano durante a ditadura; conflitos com a Tropicália e o Manguebeat; sua obra literária e sua dramaturgia ( Movimento Armorial; Auto da Compadecida, Cordel, Xilogravura ).
O livro está dividido em duas partes. Na primeira, o leitor encontrará um perfil mais biográfico e de atuação política, em diálogo com a chamada história social (o contexto) e questões que envolviam o universo da cultura e sua relação com o Estado. Na segunda parte, os textos dialogam mais com análises sobre influências na obra de Ariano e a construção de sua dramaturgia. “Nesse sentido, há um caráter híbrido que tenta dialogar com leitores e leitoras para além do público universitário. Esse é o nosso grande desejo: sair da bolha acadêmica”, frisa o organizador.
Além de incluir dois capítulos do próprio Anderson da Silva Almeida, o livro reúne textos de pesquisadores/as de todo o Brasil, do Norte ao Sul, destacando inclusive movimentos controversos de Suassuna, como sua participação no Conselho Federal de Cultura, após o Golpe de 1964. Sem buscar sacralizar a figura do escritor, a coletânea mostra as contradições e ambivalências que formam Ariano: uma mistura entre o popular e o erudito, o sagrado e o profano, o clássico e o moderno, a poesia e o romance, incluindo sua inicial visão monarquista e sua conversão para uma visão de esquerda do mundo. Quanto a isso, a título de exemplo, o pesquisador Dimas Brasileiro Veras tensiona a trajetória política de Suassuna a partir da provocação se Ariano seria melhor identificado como “um extremista de centro” ou “um monarquista de esquerda”.
Sem ignorar os mais diversos lados do escritor paraibano, a obra inclui também episódios pouco conhecidos do autor, tais como a “briga” de Ariano com os tropicalistas pernambucanos em um episódio no qual houve até socos desferidos; a sua relação complexa com as culturas de massa e sua implicância com símbolos incorporados da cultura norte-americana. Em geral, a proposta apresentada pelo organizador indica que mesmo sendo visto por alguns críticos como conservador e teimoso, Ariano Suassuna reviu posições políticas ao longo de sua vida e não se furtou a mudar, reorientando seu destino, reconhecendo erros, equívocos e fracassos, com a beleza dos contrastes de sua trajetória, “numa narração na qual caibam as coisas mais diferentes e opostas - o brilhante e o monstruoso, o grotesco e o terrível, o trágico e o ridículo, a emoção e a bufonaria”, como sugeriu o mais famoso escritor de Taperoá, cidade paraibana onde Ariano cresceu e influenciou sua literatura
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