O filme, dos diretores Beto Sodré e Carol Peixinho, conta fatos importantes da Coluna Preste e vem sendo exibido nas universidades brasileiras
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O filme, dos diretores Beto Sodré e Carol Peixinho, conta fatos importantes da Coluna Preste e vem sendo exibido nas universidades brasileiras
Maria José Rocha Lima* - 12/12/2024 07:47:09 | Foto: Reprodução
O documentário “A trilha da Coluna Prestes na Bahia” foi exibido dia 15 de março de 2012 no Cine Dois Candangos da UnB. O filme, dos diretores Beto Sodré e Carol Peixinho, conta fatos importantes da Coluna Prestes. O documentário vem sendo exibido nas universidades brasileiras. O incansável produtor cultural e cineasta baiano Beto Sodré era amigo muito próximo do lendário músico Raul Seixas. Beto foi o cineasta que abriu as portas do sítio de seu pai em Piritiba, no interior da Bahia, no período em que o músico Raul precisou se submeter a uma cirurgia no pâncreas, em 1979.
Para minha honra, Beto Sodré foi um dos apoiadores do nosso Movimento Anísio Teixeira em Defesa da Escola Pública, na Bahia, e do meu mandato parlamentar. Além de um querido amigo, para nosso orgulho é também pai da Ex- BBB Carol Peixinho. Diz o ditado popular: Filha de Peixe, Peixinho é.
Destaca Sodré que a Coluna Prestes “foi um movimento que reuniu militares rebeldes e revolucionários de 1920 com o objetivo de denunciar a miséria da população e a ganância dos líderes políticos”.
O cineasta baiano, que desejava entender sobre a participação de Horácio de Matos, por um certo grau de parentesco com o coronel, redefiniu os objetivos dando ênfase aos objetivos históricos, culturais e educacionais, a partir dos depoimentos de remanescentes da década de 20, sobre a Coluna Miguel Costa/Prestes, na Bahia.
Ele enfatiza que “a Coluna Prestes já defendia a Reforma do Ensino, o ensino público e a obrigatoriedade do ensino primário para toda a população”.
A Coluna Prestes defendia, dentre outras coisas, a reforma educacional (acesso ao ensino público e primário), a reforma social (abolir a desigualdade social), a reforma política (democracia e voto secreto), a liberdade dos meios de comunicação e o fim da exploração dos coronéis, bem como o sistema de “voto de cabresto” (voto aberto).
A ação percorreu o interior do Brasil entre 1925 e 1927 denunciando os desmandos do governo de Artur Bernardes e propondo reformas sociais e políticas. Ao longo dos mais de 25 mil quilômetros percorridos, a coluna enfrentou ameaças por parte de coronéis. Entre os objetivos da Coluna Prestes estavam: além da deposição de Artur Bernardes da Presidência da república, voto secreto; reforma do ensino; obrigatoriedade do ensino primário e moralização da política.
Em um cenário marcado por insatisfações com a política brasileira, o clima era de revolta.
Para o jornalista e mestre em comunicação João Pedro Pitombo, “a marcha da Coluna Prestes, iniciada há cem anos, ficou conhecida pelas alcunhas de invicta e invencível. Mas as tropas lideradas por Miguel Costa e Luís Carlos Prestes enfrentaram percalços nas três incursões que fizeram pela Bahia, lidando com a força de coronéis, a ira dos jagunços e a resistência dos sertanejos”.
Naquele início dos anos 1920, a Bahia vivia um período de turbulência política. E para complicar, o presidente Epitácio Pessoa decretou intervenção, possibilitando a posse de Seabra, que sofria forte oposição dos baianos. No cargo, o governador Seabra assinou o “Convênio de Lençóis”, anistiando os revoltosos e entregando as administrações municipais aos coronéis.
O acordo deu uma força descomunal aos chefes políticos que dominavam o sertão da Bahia, que vivia um período de prosperidade com mineração de diamante e ouro, o extrativismo da borracha e a implantação de ferrovias.
Dentre eles estava Horácio de Matos, coronel que ganhou terreno na Chapada Diamantina onde dominava 11 cidades, incluindo Lençóis. Com tamanha influência política, ascendeu e passou a ser chamado de o “governador do sertão”.
Em fevereiro de 1927, diante de forças quase invencíveis, restou aos integrantes da Coluna Prestes deporem suas armas e partirem para o exílio, na Bolívia. Luís Carlos Prestes reforçou sua liderança nacional e, logo após o fim da Coluna, foi chamado de “cavaleiro da esperança”.
Estudiosos como Eul -Soo Pang ( historiador estadunidense de origem coreana/ brasilianista) entendem que “os coronéis se fortaleceram tanto no jogo de forças políticas na Bahia que passavam por cima dos governadores, abalando a espinha dorsal do sistema oligárquico”.
Tudo isso resultou na implosão da Primeira República, em 1930, com a revolução tenentista liderada por Getúlio Vargas.
Parabéns, Beto Sodré, por mais essa preciosa contribuição à educação!
Maria José Rocha Lima é mestre em educação pela Universidade Federal da Bahia e doutora em Psicanálise. Foi deputada de 1991 a 1999. Fundadora da Casa da Educação Anísio Teixeira.
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