Justiça autoriza desmate de Mata Atlântica para ampliação de aterro sanitário no Paraná

Decisão contraria Ibama, que negou autorização devido à presença de espécies ameaçadas e ao impacto ambiental na região

Justiça autoriza desmate de Mata Atlântica para ampliação de aterro sanitário no Paraná
Justiça autoriza desmate de Mata Atlântica para ampliação de aterro sanitário no Paraná

Brasil De Fato | Curitiba (pr)  - 05/02/2025 21:07:21 | Foto: O aterro sanitário recebe diariamente cerca de 2,5 mil toneladas de resíduos e deve atingir sua capacidade máxima em março - Foto: Reprodução / RPC-TV

A Justiça Federal no Paraná concedeu uma liminar autorizando a empresa Estre Ambiental a desmatar quase 10 hectares (área que corresponde a aproximadamente 12 campos de futebol) de Mata Atlântica para expandir o aterro sanitário de Fazenda Rio Grande, na Região Metropolitana de Curitiba. O local recebe diariamente cerca de 2,5 mil toneladas de resíduos e deve atingir sua capacidade máxima em março, segundo o Consórcio Intermunicipal para Gestão dos Resíduos Sólidos Urbanos (Conresol).

A decisão judicial ocorre após o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama ) negar autorização para o corte da vegetação nativa, alegando a presença de espécies ameaçadas e a função protetora da mata contra erosão. Apesar da negativa, o Instituto Água e Terra (IAT), órgão estadual, concedeu a licença ambiental para o desmate. O Ibama contesta a validade da autorização e solicitou a reconsideração da liminar.

Caução de R$ 500 mil e impasse ambiental

A liminar foi concedida pelo juiz federal substituto Flávio Antônio da Cruz, da 11ª Vara de Curitiba, que justificou a decisão com base na urgência da situação, ponderando o conflito entre a necessidade pública de ampliação do aterro e a preservação ambiental. "Há um manifesto conflito entre a necessidade pública de ampliação do aterro, indispensável para o tratamento dos resíduos sólidos da população, e a tutela adequada de vegetação remanescente de Mata Atlântica e dos animais nela presentes", escreveu na decisão, que tem mais de 300 páginas.

Para mitigar possíveis impactos da decisão, o magistrado determinou que a empresa deposite uma caução de R$ 500 mil, caso a liminar seja revogada e haja necessidade de compensação ambiental.

Desmate autorizado pelo IAT gera embate com Ibama

Após a negativa inicial do Ibama em outubro de 2024, a Estre Ambiental recorreu à presidência do instituto e, paralelamente, buscou autorização junto ao IAT. O órgão estadual concedeu a licença ambiental, permitindo o início do desmatamento.

Em janeiro, fiscais do Ibama constataram que parte da vegetação já havia sido derrubada. Diante disso, o instituto embargou a área, apreendeu máquinas utilizadas na remoção das árvores e notificou a empresa para interromper as atividades. "Frente à ilegalidade, procedeu-se com a interrupção das atividades locais, notificando-se a empresa para que se abstivesse de dar continuidade às ações de supressão, uma vez que o Ibama entende pela não validade da autorização expedida pelo IAT", afirmou o órgão federal.

O Ibama também anunciou que calculará a área total desmatada para avaliar a aplicação de multa e que estuda sanções contra o IAT pela concessão da licença ambiental sem aval federal.

Fonte: BdF Paraná

Edição: Mayala Fernandes

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