Embaixadora Irene Vida Gala defende presença feminina na política externa: 'Mulher não manda filho pra guerra'

Ela lembra que quando começou, nos anos 80, Itamaraty não usava palavras no feminino como embaixadora ou ministra

Embaixadora Irene Vida Gala defende presença feminina na política externa: 'Mulher não manda filho pra guerra'
Embaixadora Irene Vida Gala defende presença feminina na política externa: 'Mulher não manda filho pra guerra'

Por Rodrigo Durão Coelho - Portal Bdf - 16/10/2024 16:11:51 | Foto: Diplomata Irene Vida Gala, subchefe do Escritório de Representação do Itamaraty em São Paulo - Wikidipl / Wikimedia Commons - BdF

Gosto muito de dizer que eu sou embaixadora. Tenho título e faço questão de usar

"Uma mulher não manda seu marido, seu filho para a guerra. Em um espaço com maior número de mulheres fazendo política e, mais do que isso, pensando política, teremos um ambiente de maior cooperação e menos confronto."

Essa é a avaliação – citando um ditado angolano – da diplomata Irene Vida Gala, subchefe do Escritório de Representação do Itamaraty em São Paulo, ao BdF Entrevista.

Ao longo de sua trajetória profissional, Gala especializou-se nas relações do Brasil com países do continente africano, bem como na temática de gênero nas relações internacionais e tem constantemente apoiado esforços para a maior presença de mulheres na carreira diplomática como presidente da da Associação das Mulheres Diplomatas do Brasil (AMDB).

Quando iniciou sua trajetória profissional na década de 1980, ela recorda que o Itamaraty não usava palavras no feminino como embaixadora ou ministra. Se muita coisa mudou desde então, ela ressalta que é preciso avançar.

"A diplomacia não é vista como uma carreira para mulheres. Precisamos, em primeiro lugar, mudar essa imagem. Por isso o trabalho que a nossa associação faz eu acho tão importante. Gosto muito de dizer que eu sou embaixadora. Tenho título e faço questão de usar, para que as meninas, jovens e estudantes consigam olhar e falar: 'Há mulheres, é um espaço para mim'."

Para além da mudança da percepção das mulheres sobre a carreira de diplomata, Gala defende a aplicação de cotas no Itamaraty de forma a garantir efetivamente a presença de mulheres.

"Hoje em dia, nós precisamos efetivamente fazer ações afirmativas que mostrem que há a disposição da estrutura de estado de acolher mulheres na diplomacia. Para fazer isso, você tem que por cotas. A cota é o sistema que mostra a disposição da acolhida.

Na entrevista completa (abaixo), Vida Gala fala também sobre os esforços do governo para repatriar cidadãos brasileiros do Líbano, o papel da diplomacia, relações brasileiras com a África e questões envolvendo o Itamaraty como machismo e conservadorismo.

Edição: Leandro Melito

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