Dnit vai alterar regras de segurança de pontes e fazer 'pente-fino' em estruturas mais críticas

Setenta e seis toneladas de ácido sulfúrico caíram no rio Tocantins

Dnit vai alterar regras de segurança de pontes e fazer 'pente-fino' em estruturas mais críticas
Dnit vai alterar regras de segurança de pontes e fazer 'pente-fino' em estruturas mais críticas

Foto: X @siteptbr/reprodução

Setenta e seis toneladas de ácido sulfúrico caíram no rio Tocantins

André Borges, Brasília, Df (folhapress) - 25/12/2024 19:34:13 | Foto: X @siteptbr/reprodução

O Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) vai fazer uma revisão geral das regras de monitoramento, da classificação de risco e dos processos que hoje utiliza na fiscalização das pontes federais em todo o país. As mudanças também devem incluir a redução de prazo entre as inspeções realizadas pelas equipes regionais da autarquia.

A informação foi confirmada à Folha de S.Paulo pelo diretor-geral do órgão federal, Fabrício Galvão. Hoje, um sistema centraliza as informações sobre o status de cada ponte, sua classificação de risco, obras em andamento e intervenções necessárias. Ocorre que esse sistema é alimentado pelas inspeções humanas, que são feitas a cada um ano e meio - quando o prazo é cumprido.

"O que nos causa estranhamento é que não houve nenhum registro ou alerta sobre a situação da ponte Juscelino Kubitscheck de Oliveira, na divisa do Tocantins com Maranhão. Puxamos as informações dos últimos três anos. A matriz não recebeu nenhuma notificação de problemas. Por isso, instalamos uma comissão imediatamente, para apurar essa situação", disse Galvão.

Conforme revelou a Folha de S.Paulo, a ponte que desabou estava na categoria 2, que reúne pontes com estrutura em condição ruim. Na avaliação do Dnit, há cinco categorias de classificação sobre o estado das pontes federais, sendo 1-crítico; 2-ruim; 3-regular; 4-bom; e 5-ótimo.

Levantamento feito pela Folha de S.Paulo também revelou que 727 pontes em todo o país se encontravam nas categorias crítica ou ruim, sendo 130 delas na pior condição possível, e outras 597 na categoria ruim. Isso significa que 12,5% das pontes brasileiras estão enquadradas em um destes dois cenários.

"Precisamos aprimorar o sistema, reduzir o tempo de verificações, ter classificações mais rigorosas. Estamos trabalhando nisso. Vamos deixar nosso sistema ainda mais crítico, porque esse tipo de evento que ocorreu é inadmissível", afirmou Galvão.

Por meio de uma portaria publicada nesta segunda-feira (23), o Dnit criou uma comissão com quatro servidores que farão "procedimento de apuração preliminar" sobre a tragédia, identificando possíveis causas do acidente e responsabilidades. A comissão, que atuará com apoio da área de auditoria interna do Dnit, deve concluir seu trabalho no prazo de 120 dias, o qual pode ser prorrogado, se for necessário.

O diretor-geral do Dnit não soube informar se a ponte que desabou teve a sua última inspeção realizada por equipe local do próprio Dnit ou por alguma empresa terceirizada. Essa é uma das respostas que a comissão criada terá que dar.

"Normalmente, temos empresas contratadas que fazem inspeções e cadastram no sistema. A ponte que caiu deveria estar no nível 1, que é o mais crítico. Não poderia ser nível 2. Quando recebemos alertas, fazemos as interdições. Isso aconteceu, por exemplo, na Ponte do Fandango, no Rio Grande do Sul, na ponte do Igapó, no Rio Grande do Norte, e na ponte do Rio Cachorro, em Roraima. Fazemos interdições, restringimos a passagem, mas no caso da ponte Juscelino Kubitscheck, não tivemos esse tipo de alerta", disse Galvão.

O diretor-geral do Dnit disse que, nos próximos meses, deve publicar uma nova instrução de serviço, para tornar o processo de monitoramento das pontes mais rigoroso. "Temos que tirar um aprendizado. O Dnit vai se debruçar sobre o seu sistema, e vai fazer uma revisão sobre as pontes das categorias mais críticas, a 1 e a 2, para tomar providências."
Hoje, o Dnit tem 241 pontes com serviços de reabilitação contratados e em andamento, iniciados após emissão de alertas recebidos pelo seu sistema.

Subiu para quatro o número de mortos confirmados após a queda da ponte Juscelino Kubitschek. Ao menos 13 pessoas seguem desaparecidas após o acidente, incluindo duas crianças. Os bombeiros do Tocantins e Maranhão seguem com os trabalhos de buscas.

A ANA (Agência Nacional de Águas e Saneamento) informou nesta segunda-feira (23) que 76 toneladas de ácido sulfúrico e 22 mil litros de defensivos agrícolas caíram no rio Tocantins após o desabamento da ponte.

Número de mortos após queda de ponte sobe para quatro

JOÃO PEDRO PITOMBO, SALVADOR, BA (FOLHAPRESS) - Subiu para quatro o número de mortos confirmados após a ponte Juscelino Kubitschek, que liga os estados do Tocantins e do Maranhão, ceder na tarde deste domingo (22).

Por volta das 6h40 desta terça-feira (24) foi localizado o corpo de Lorrane Cidronio de Jesus, 11. Ela estava com os avós em um caminhão carregado de portas de MDF na hora do acidente.

O corpo de Kecio Francisco Santos Lopes, 42, foi localizado por volta das 9h. Ele era o motorista do caminhão de defensivos agrícolas que despencou quando a ponte cedeu.

A quarta morte confirmada foi de a Andreia Maria de Sousa, 45, motorista do caminhão com ácido sulfúrico. O corpo foi localizado por volta de 11h20.

No domingo, os bombeiros já haviam confirmado a morte de Lorena Ribeiro Rodrigues, 25, moradora de Aguiarnópolis. Um homem de 36 anos foi resgatado com vida no mesmo dia.

Ao menos 13 pessoas seguem desaparecidos após o acidente, incluindo duas crianças. Os bombeiros do Tocantins e Maranhão seguem com os trabalhos de buscas.

A ponte fica entre os municípios de Aguiarnópolis (TO), no Tocantins, e Estreito, no Maranhão, e foi construída sobre o rio Tocantins. Os carros, motos e caminhões caíram na água e submergiram. As buscas foram suspensas na noite de domingo após mergulhadores identificarem que dois caminhões que caíram carregavam ácido sulfúrico, o que contaminou a água. Os órgãos públicos locais pediram à população que evite contato com a água do rio Tocantins nesta região.

Além dos caminhões que transportavam ácido sulfúrico, um transportava defensivos agrícolas e outro carregava placas de MDF, material feito com fibras de madeira e resina sintética.

Vereador de Aguiarnópolis, Jhowelys Vilar (PSDB) havia pedido indicação, em 2023, para melhorias na infraestrutura da ponte. "Já faz tempo que aquela ponte tem buraco demais. De manhã e à tarde os motoristas precisavam desviar, e à noite alguns ficavam nos buracos. Fiz a indicação de iluminação pública para amenizar isso. Havia também uma rachadura no meio. Nos últimos dias essa rachadura cresceu mais", afirma o vereador.

O ministro Renan Filho (Transportes) embarcou nesta segunda-feira (23) para o Maranhão para vistoriar a ponte e planejar o trabalho de recuperação da via, sob responsabilidade do DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura), órgão do Ministério dos Transportes. Segundo ele, a reforma da ponte deve custar entre R$ 100 milhões e R$ 150 milhões.

Uma sindicância foi aberta para investigar as causas da queda.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lamentou o acidente nas redes sociais e prestou solidariedade às famílias das vítimas.

Setenta e seis toneladas de ácido sulfúrico caíram no rio Tocantins

CRISTINA CAMARGO, SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A ANA (Agência Nacional de Águas e Saneamento) informou nesta segunda-feira (23) que 76 toneladas de ácido sulfúrico e 22 mil litros de defensivos agrícolas caíram no rio Tocantins após o desabamento da ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, entre Aguiarnópolis (TO) e Estreito (MA), no domingo (22).

As cargas de ácido sulfúrico estavam em dois caminhões e os defensivos agrícolas em um terceiro. Os veículos desabaram e os motoristas estão entre os desaparecidos.

De acordo com a ANA, 19 municípios podem ter sido impactados pela contaminação do rio. Eles estão localizados abaixo do local do acidente, até o encontro com o rio Araguaia.

Onze deles são de Tocantins: Aguiarnópolis, Carrasco Bonito, Cidelândia, Esperantina, Itaguatins, Maurilândia do Tocantins, Praia Norte, Sampaio, São Miguel do Tocantins, São Sebastião do Tocantins e Tocantinópolis.

Os outros oito são do Maranhão: Campestre do Maranhão, Estreito, Governador Edison Lobão, Imperatriz, Porto Franco, Ribamar Fiquene, São Pedro da Água Branca e Vila Nova dos Martírios.

A agência acompanha a qualidade da água em articulação com a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Naturais do Maranhão para coleta de amostras do rio em cinco pontos, desde a barragem da usina hidrelétrica de Estreito até o município de Imperatriz.

Os parâmetros básicos de qualidade da água no trecho do rio serão analisados nesta terça (24). A ANA destaca que o ácido sulfúrico é um produto químico corrosivo.

A agência pediu o apoio da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) para analisar as amostras coletadas e determinar parâmetros mais complexos relacionados ao derramamento de defensivos agrícolas.

Os governos do Tocantins e do Maranhão alertaram a população dos municípios afetados para que evite contato direto com a água do rio, incluindo banhos e consumo. Prefeituras de cidades impactadas também divulgaram alertas em relação aos riscos.

Em Imperatriz (a 630 km de São Luís), a captação de água do rio Tocantins foi suspensa, o que gerou uma corrida aos supermercados, depósitos de bebidas e revendedoras de água mineral na cidade, com filas nos estabelecimentos.

A região central é a mais impactada pela medida. A prefeitura formou uma força-tarefa para garantir o abastecimento em hospitais e outras unidades de saúde. Os 49 poços artesianos da cidade seguem funcionando normalmente.

Órgãos envolvidos nas buscas das vítimas da queda contabilizam uma morte confirmada e 16 pessoas desaparecidas.

A morte confirmada é de Lorena Rodrigues Ribeiro, 25. Jairo Silva Rodrigues, 36, foi resgatado com vida, com uma fratura na perna, e levado ao hospital por pessoas que estavam próximas no momento do acidente.

Até o momento, as buscas são realizadas de maneira superficial, sem mergulhadores, devido ao risco de contaminação.

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