Uma menina de dois anos ficou gravemente ferida quando um foguete atingiu sua casa em Lviv, na Ucrânia
Foto: UNICEF
Uma menina de dois anos ficou gravemente ferida quando um foguete atingiu sua casa em Lviv, na Ucrânia
Agência Onu News Brasil - 06/12/2024 09:12:53 | Foto: UNICEF
Risco contínuo de ataques força menores a passarem mais de seis horas por dia em abrigos escuros e úmidos; com chegada do inverno, elas podem enfrentar temperaturas congelantes, em meio a ataques na rede elétrica que deixam partes do país sem luz e aquecimento durante 18 horas todos os dias.
O Conselho de Segurança das Nações Unidas se reuniu nesta quarta-feira para debater as consequências da guerra na Ucrânia na vida das crianças, bem como de suas famílias e comunidades.
Falando aos 15 países-membros do órgão, a diretora executiva do Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, enfatizou que a guerra forçou os menores a uma “vida subterrânea, devido ao risco contínuo de ataques”.
Catherine Russell revelou que as crianças passam até seis horas todos os dias “abrigadas em porões e outros espaços úmidos e escuros, ouvindo sirenes estridentes de ataques aéreos e temendo por suas vidas”.
De acordo com ela, em cidades como Kharkiv, as salas de aula e os parques infantis foram substituídos por espaços subterrâneos e escolas feitas com tendas improvisadas, algumas delas em estações de metrô.
A chefe do Unicef alertou que, com o início do inverno, as crianças ficam expostas a temperaturas congelantes. Esse risco é agravado pelos ataques às infraestruturas energéticas, que se multiplicaram nos últimos meses, reduzindo a capacidade energética do país para metade do que é necessário para os meses de frio.
Algumas partes da Ucrânia sofrem cortes de energia que duram 18 horas por dia. Como resultado, muitas crianças ficam sem acesso a aquecimento, água potável e saneamento.
Unicef/Aleksey Filippov
The war in Ukraine has forcibly displaced families who are fleeing missile attacks and violence, with many children impacted
Russell alertou ainda que a guerra tem um “impacto terrível” na saúde mental das crianças e faz com que “a infância delas seja roubada”. Os menores sofrem com a constante ameaça de ataques ou violência, perda de entes queridos, separação das famílias devido ao deslocamento e interrupção da educação.
Ela enfatizou que as consequências de tal trauma podem ser “devastadoras e ter um impacto duradouro na vida das crianças”. O Unicef reuniu dados que apontam que um terço dos pais relata sinais de sofrimento mental em seus filhos.
A agência já prestou serviços de saúde mental e apoio psicossocial a mais de 630 mil crianças, adolescentes e cuidadores. Além disso, apoiou o acesso de mais de 450 mil menores à educação.
Nos últimos mil dias, quase 1,5 mil instituições de ensino e mais de 660 instalações de saúde foram danificadas ou destruídas na Ucrânia.
A diretora executiva disse que a agência continua profundamente preocupada com o número de crianças que foram separadas de suas famílias.
Ela pediu que ambas as partes em conflito priorizem a localização e reunificação familiar e se abstenham de qualquer medida que altere a nacionalidade de uma criança ou tornem mais difícil essa reunificação.
Para Russell, "os esforços humanitários, embora vitais, não podem substituir uma solução política para acabar com a guerra e com o sofrimento”.
Ela enfatizou que as crianças dependem da capacidade do Conselho de Segurança para encontrar soluções e que o órgão não deve desapontá-las.
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