Acidente é o 2º mais mortal da Índia; veja os dez mais letais da história

Acidente na Índia é o 1º do mais moderno avião da Boeing.

Acidente é o 2º mais mortal da Índia; veja os dez mais letais da história
Acidente é o 2º mais mortal da Índia; veja os dez mais letais da história

Brasília, Df (folhapress) - 12/06/2025 18:12:36 | Foto: Reprodução Amazonas Digital

A queda do avião da Air India nesta quinta-feira (12) após decolar em Ahmedabad com 242 pessoas a bordo, deve se tornar o segundo incidente aéreo com maior número de mortes na história da Índia, segundo a Aviation Safety Network, base de dados da Flight Safety Foundation. A polícia confirmou "mais de 240" mortos, incluindo pessoas atingidas no solo.

A aeronave era um Boeing 787 Dreamliner, que perdeu altitude após a decolagem. Uma emissora mostrou o avião decolando sobre uma área residencial e, depois, desaparecendo da tela antes de uma enorme nuvem de fogo subir acima das casas. Ainda não se sabem as causas do incidente.

Com o número de vítimas até agora informado pelas autoridades, o acidente só não é o mais grave da história da Índia porque, em 1996, 349 pessoas morreram na colisão no ar entre um avião Ilyushin da Kazakhstan Airlines rumo a Nova Déli com um Boeing da Saudi Arabian Airlines que tinha saído de Déli rumo a Dhahran. O choque, perto de Charkhi Dadri, vitimou todos os que estavam a bordo nas duas aeronaves.

Veja abaixo os dez acidentes mais graves da história da aviação mundial, de acordo com a Aviation Safety Network. A base de dados inclui casos de atentados e de aeronaves civis abatidas por mísseis.

1) 583 mortos - Ilhas Canárias, Espanha, 27 de março de 1977
Após uma série de falhas, dois Boeings, um da KLM e outro da PanAm, colidem na pista do aeroporto de Los Rodeos, em Tenerife. No total, 583 pessoas morreram, no pior acidente aéreo da história. Nenhum dos 248 a bordo do voo da KLM sobreviveu; na aeronave da PanAm, morreram 335, e 61 conseguiram escapar com vida, entre eles o capitão Robert Bragg, copiloto daquele voo.

2) 520 mortos - Ueno, Japão, 12 de agosto de 1985
Boeing da JAL que ia de Tóquio a Osaka tem falha grave de pressurização, perde parte da fuselagem e cai. Apenas 4 das 524 pessoas a bordo sobrevivem. É o pior acidente envolvendo um só avião da história.

3) 349 mortos - Charkhi Dadri, Índia, 12 de novembro de 1996
Um Ilyushin da Kazakhstan Airlines rumo a Nova Déli se choca no ar com um Boeing da Saudi Arabian Airlines que tinha saído de Déli rumo a Dhahran. As 349 pessoas a bordo das duas aeronaves morreram, no pior acidente por colisão no ar da história.

4) 346 mortos - Bois d'Ermenonville, França, 3 de março de 1974
Um DC-10 da Turkish Airlines rumo a Londres cai após a abertura de uma das portas de bagagem; não há sobreviventes.

5) 329 mortos - Irlanda, 23 de junho de 1985
Um Boeing da Air India que ia de Montreal para Londres cai no Atlântico, na costa da Irlanda, após a explosão de uma bomba colocada numa mala. Atribuída a extremistas da minoria separatista sikh, da Índia, a ação é considerada o pior ataque terrorista da história do Canadá.

6) 301 mortos - Riad, Arábia Saudita, 19 de agosto de 1980
Um Lockheed da Saudi Arabian Airlines pega fogo na pista do aeroporto de Riad após um retorno de emergência por alerta de fumaça e início de incêndio no interior da aeronave; ninguém sobreviveu às chamas.

7) 298 mortos - Hrabove, Ucrânia, 17 de julho de 2014
Um Boeing da Malaysia Airlines rumo a Kuala Lumpur cai no leste da Ucrânia; investigação conclui que a aeronave foi atingida por um míssil disparado em terra por rebeldes pró-Rússia, que a confundiram com um avião de guerra. Todos os 298 a bordo morreram.

8) 290 mortos - Irã, 3 de julho de 1988
Um Airbus da Iran Air rumo a Dubai cai enquanto sobrevoava o Estreito de Hormuz, abatido por um míssil disparado por um navio da Marinha dos EUA; pela versão americana, a aeronave comercial tinha sido confundida com um caça militar. Não há sobreviventes.

9) 275 mortos - Kerman, Irã, 19 de fevereiro de 2003
Um Ilyushin operado pela Guarda Revolucionária do Irã cai em uma região montanhosa do país, e mau tempo é apontado como possível causa; todos os tripulantes eram membros da força militar.

10) 273 mortos - Chicago, EUA - 25 de maio de 1979
Um DC-10 da American Airlines rumo a Los Angeles cai logo após decolar do aeroporto de Chicago explode e pega fogo. As 271 pessoas a bordo morrem, além de 2 vítimas em solo. É o pior acidente aéreo da história dos EUA

Acidente na Índia é o 1º do mais moderno avião da Boeing

IGOR GIELOW, SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O acidente desta quinta (12) na Índia é o primeiro envolvendo um modelo da família 787, a mais moderna linha de aviões da Boeing. A tragédia atinge a gigante aeroespacial americana em um momento de recuperação de sua imagem, após uma série de problemas.

Com efeito, suas ações caíram 8% nas negociações antes da abertura do mercado nos Estados Unidos. Mas ainda é muito cedo para saber os motivos da queda, ainda que haja alguns indícios a analisar.

Os vídeos disponíveis em redes sociais mostram o avião perdendo altura com o trem de pouso ainda levantado, logo após a decolagem em Ahmedabad. Isso sugere algum tipo de perda de potência, embora somente a análise das caixas-pretas do 787 poderão explicar.

Segundo dados de sites de rastreio de voo, como o Flightradar24, o avião subiu apenas 190 metros a partir da pista, que fica 61 metros acima do nível do mar. Esses dados podem ser algo imprecisos, mas indicam a rapidez com que a catástrofe se desenrolou, dificultando tempo de reação dos pilotos.

A decolagem é a segunda fase de voo em que mais acidentes fatais acontecem, segundo as estatísticas disponíveis. O pouso é a primeira. Este foi o 12º avião perdido pela Air India em 78 anos de operações. O mais recente acidente com morte havia ocorrido em 2020.

O avião da Air India, de matrícula VT-ANB, havia sido produzido em 2013 e entregue em 31 de janeiro de 2014. Ele é um 787-8, o primeiro modelo introduzido da família, com capacidade para 256 passageiros na configuração da empresa.

Apesar de nunca ter sofrido uma perda total ou acidente com mortes, o 787 tem um histórico conturbado no quesito segurança, em parte inerente às características revolucionários de seu projeto, mas também aos problemas de qualidade de produção enfrentados pela Boeing nos últimos anos.

O modelo é o primeiro do mundo com maior parte da estrutura, 80% em volume e 50% em peso, feita de materiais compostos de carbono. Isso passou a ser padrão na indústria, adotado pelo rival mais novo Airbus A350, por exemplo, devido à economia de combustível que o peso menor proporciona.

O 787 é um avião com alta complexidade de sistemas digitais. O emprego de baterias de íon-lítio recarregáveis, inédito então, gerou a primeira grande crise para a aeronave, que voou pela primeira vez em 2009 e entrou em serviço comercial em 2011 pela japonesa ANA.

Princípios de incêndio com aviões no ar levaram toda a incipiente frota do 787 a ser paralisada em 2013, mas a Boeing solucionou os problemas. Seis anos depois, surgiram as primeiras denúncias de problemas estruturais na montagem do modelo.

Em 2021, a Boeing suspendeu novas entregas para investigar problemas que iam de colocação errada de parafusos a risco de rompimento da fuselagem, um processo que durou cerca de um ano. Houve outras questões envolvendo qualidade, mas no geral a crise específica com o modelo parecia resolvida.

Por evidente, a essa altura não é possível especificar se algum dos problemas passados tem a ver com a tragédia indiana. A Boeing divulgou comunicado dizendo que ainda estava colhendo informações iniciais e que iria colaborar com a investigação, como de praxe nesses casos.

O programa do 787, que tem o nome fantasia Dreamliner (avião dos sonhos, em inglês), custou mais de US$ 30 bilhões e irá se pagar quando talvez 2.000 aeronaves forem vendidas. Até aqui, 1.189 foram produzidas, e há mais 2.137 encomendadas para atender rotas de longa distância -a configuração 9, tem até 14 mil km de alcance.

O que é possível dizer é que o acidente ocorre no momento em que a empresa começava a se recuperar de uma crise bem maior, da qual os problemas recentes do 787 haviam sido apenas uma parte. A questão mais vistosa envolveu os best-seller 737 MAX, a nova linha do avião mais popular do mundo.

Erros de engenharia do novo modelo levaram a dois acidentes fatais e à paralisação de suas frotas por 20 meses, a partir do fim de 2019. Em 2024, novos problemas, com um tampão de fuselagem do modelo caindo do avião em pleno voo, nos EUA, e novas acusações de má qualidade na produção.

Houve também outros problemas, que vão de defeitos na cápsula espacial Starliner ao atraso na entrega dos novos modelos 747 que serão usados como Air Force One pela Presidência dos EUA.

A Boeing então trocou pela segunda vez sua chefia, e a nova administração focou em solucionar as questões de treinamento e de padrões. Novos contratos militares do governo Donald Trump deram alento extra à fabricante. Vinha tendo sucesso, com aumento de vendas ante a rival europeia Airbus, que nesse ínterim passou a dominar o mercado.

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