Lula silencia sobre morte de Nana Caymmi, e Bolsonaro diz que ela elevava a cultura

'A mais profunda intérprete', diz Caetano Veloso sobre Nana Caymmi

Lula silencia sobre morte de Nana Caymmi, e Bolsonaro diz que ela elevava a cultura
Lula silencia sobre morte de Nana Caymmi, e Bolsonaro diz que ela elevava a cultura

São Paulo, Sp (folhapress) - 03/05/2025 07:44:49 | Foto: © NANA CAYMMI/INSTRAGRAM

A morte de Nana Caymmi, uma das maiores intérpretes da canção brasileira, nesta quinta-feira (1º), não foi comentada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O mandatário costuma lamentar publicamente a morte de artistas, como fez recentemente com Cristina Buarque, no último dia 20. Já o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) prestou solidariedade em seu perfil do X.

Nana destoava do coro de amigos artistas, por sua postura crítica a Lula e ao PT e apoio a Jair Bolsonaro (PL). "É injusto não dar a esse homem um crédito de confiança. Um homem que estava fodido, esfaqueado, correndo para fazer um ministério, sem noção da mutreta toda... Só de tirar PMDB e PT já é uma garantia de que a vida vai melhorar. Agora vêm dizer que os militares vão tomar conta? Isso é conversa de comunista", afirmou, em entrevista à Folha, em 2019.

Na ocasião, a cantora também fez críticas públicas a Gilberto Gil, com quem foi casada, além de Caetano Veloso e Chico Buarque. "Vão para o Paraná fazer companhia a ele. Eu não me importo", disse, referindo-se à prisão de Lula em Curitiba.

Nana chegou a dizer que achava difícil voltar a se apresentar na Bahia por questões políticas. "Bahia não tem nada, é PT". O partido está no governo do Estado há 18 anos.

O ex-presidente Jair Bolsonaro se solidarizou publicamente em seu perfil no X, escrevendo o nome da cantora errado, com dois Ns. "Recebo com grande pesar a notícia do falecimento de Nanna Caymmi, uma das vozes mais marcantes da nossa música. Filha de Dorival, Nanna carregava em sua arte a força de uma linhagem que sempre engrandeceu a cultura brasileira", escreveu.

"Neste momento de dor, presto minha solidariedade aos familiares, amigos e a todos os admiradores que reconhecem sua trajetória de talento, coragem e autenticidade", continuou.

Nana morreu aos 84 anos, em decorrência de falência múltipla dos órgãos, segundo sua assessoria de imprensa. Estava internada na Casa de Saúde São José, em Botafogo, no Rio de Janeiro, onde, nos últimos anos, passou por várias internações para tratar uma arritmia cardíaca e implantar um marca-passo.

Nana Caymmi é velada no Rio de Janeiro

LUIZA MISSI E JULIANA GONÇALVES, SÃO PAULO, SP, E RIO DE JANEIRO, RJ (UOL/FOLHAPRESS) - Acontece nesta sexta-feira (2) no Rio de Janeiro o velório da cantora Nana Caymmi, que morreu nesta quinta-feira (1º) aos 84 anos.

Amigos foram se despedir da cantora. Gilberto Gil, Teresa Cristina, Elba Ramalho e Joyce Moreno marcaram presença no velório -ao se aproximar do caixão de Nana, Elba Ramalho colocou um terço na mão da amiga.

Despedida acontece no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. O velório acontece entre as 8h30 e as 12h. Por volta das 11h30, foi celebrada uma missa em homenagem à cantora.

O enterro está marcado para as 14h. O sepultamento acontecerá no Cemitério São João Batista, em Botafogo.

Nana passou nove meses internada. À época, o hospital informou que ela precisaria fazer ajustes no marcapasso. A artista já havia sido hospitalizada por dores no tórax, chegou a receber alta mas precisou retornar ao hospital horas depois.

Durante o período em que esteve internada, Nana sofreu uma "overdose de opioides", segundo o jornal O Globo. Ela também passou por cateterismo e traqueostomia após quadro de arritmia cardíaca. Danilo Caymmi, irmão da cantora, confirmou a morte nas redes sociais.

HERDEIRA DE UMA CASA MUSICAL
Nana Caymmi nasceu em abril de 1941. Filha do compositor Dorival Caymmi e da cantora Stella Maris, ela seguiu os passos da família e construiu uma das carreiras mais bem-sucedidas da música popular brasileira.

Primeiro trabalho foi em 1960, quando gravou "Acalanto", para um LP do pai. A música foi composta por Dori para ser uma canção de ninar à filha. No mesmo ano, ela assinou com a TV Tupi e passou a se apresentar no programa "Sucessos Musicais". A artista também se apresentou ao lado do irmão Dori no programa "A Canção de Nana".

DA ESTREIA AO DISCO 'NANA, TOM, VINÍCIUS'
Cantora gravou o primeiro disco, intitulado "Nana", em 1963. No ano seguinte, ela participou do álbum "Caymmi visita Tom e leva seus filhos Nana, Dori e Danilo". O projeto se transformou em um clássico da MPB.

Venceu a fase nacional do 1º Festival Internacional da Canção, no Rio de Janeiro, com a música "Saveiros" (Dori Caymmi e Nelson Motta). Em entrevista ao documentário "Noites de Festival", a artista falou sobre as vaias que recebeu na ocasião.

Foi até um aprendizado, porque eu fui vaiada em São Paulo [também]. Eu não tinha dinheiro, e isso me dava uma fortuna nessa época. Eu sabia que não era a Nana que estavam vaiando. Ninguém me conhecia. Quem me conhecia era a Maysa e os músicos.Nana Caymmi
Ela gravou mais de 25 álbuns ao longo da carreira, a exemplo de "Renascer" (1976), "Mudança dos Ventos" (1980), "A Noite do Meu Bem" (1994), "Resposta ao Tempo" (1998), "Para Caymmi: de Nana, Dori e Danilo" (2004), "Sem Poupar Coração" (2009) e "Nana, Tom, Vinicius" (2020).

Nana foi indicada ao Grammy Latino de Melhor Álbum de Música Popular Brasileira com o disco "Nana Caymmi Canta Tito Madi", em 2019. Dois anos depois, a artista recebeu uma nova indicação para a mesma premiação, mas na categoria Álbum do Ano com o projeto "Nana, Tom, Vinícius".

'A mais profunda intérprete', diz Caetano Veloso sobre Nana Caymmi

CRISTINA CAMARGO, SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Caetano Veloso lembrou, no início da madrugada desta sexta-feira (2), o encantamento que sentiu por Nana Caymmi quando passou a ter mais proximidade com a cantora, na época em que ela foi casada com Gilberto Gil, antes do exílio dos dois amigos em Londres.

"Eu pensava que ela era a mais profunda intérprete que se podia imaginar. Isso só fez crescer com o passar dos anos, das décadas", escreveu o cantor e compositor, em uma homenagem nas redes sociais.

Caetano, um dos alvos da artista em uma desbocada entrevista concedida à Folha em 2019, publicou duas fotos em que aparece ao lado de Nana. Em uma delas, os dois conversam animados. Em outra, cantam parabéns para Maria Bethânia, irmã de Caetano e uma das grandes amigas de Nana.

O cantor não comentou as críticas feitas pela intérprete, morta nesta quinta-feira (1º), aos 84 anos. Na entrevista, ela atacou, por exemplo, o apoio de Caetano, Gil e Chico Buarque a Lula e sugeriu que os três fizessem companhia ao petista no Paraná, onde o atual presidente estava preso na época. "Não me importo", disse.

Caetano revelou que não cansava de pedir para Nana cantar, às vezes com Gil ao violão, às vezes à capela.

"Hoje soube que morreu um dos maiores artistas do Brasil: Nana Caymmi. Filha de Dorival e de Stella Maris, irmã do inigualável Dori e do luminoso Danilo, ela foi, era, é, será um alumbramento do ato de cantar", afirmou.

Também no início da madrugada, Gil a homenageou com uma foto, acompanhada de um trecho da música "Resposta ao Tempo", de Cristóvão Bastos e Aldir Blanc, sucesso na voz da cantora.

Uma das filhas do cantor baiano, Nara Gil, compartilhou uma imagem da artista ao lado do pai e lamentou as perdas recentes.

"São tempos difíceis. Desde que perdi minha mãe, tenho me deparado com a perda referencial", escreveu. "Venho me equilibrando nesse novo mundo sem chão, sem colo. As novas perdas só realçam esse novo equilíbrio. Um mundo sem Gal, sem Rita, sem Nana. Uma nova existência".

O velório da cantora será nesta sexta-feira (2), no Theatro Municipal do RIo, das 8h às 12h. O enterro será restrito à família e amigos.

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