Ipês-roxos ou jacarandás-mimosos? Árvores que fascinam e confundem brasilienses
Segundo a Novacap, o Distrito Federal tem 5,5 milhões de árvores de várias espécies; o Programa de Arborização 2025 prevê o plantio de 200 mil novas mudas
Geovanna Gravia, Da Agência Brasília | Edição: Vinicius Nader - 07/10/2025 08:58:46 | Foto: Joel Rodrigues/Agência Brasília
Em frente à Catedral de Brasília, o artesão Alberto Corrêa encontra nos ipês a inspiração para seu trabalho. “Eu fabrico muitas peças de Brasília, inclusive os ipês. Eu faço os galhos com resina e coloco as pedras. Uso a ametista que é roxinha e o topázio que é amarelo. O pessoal gosta porque lembra as cores dos ipês floridos. Eu vendo bastante”, conta Alberto.
Mas quando o assunto é jacarandá-mimoso, o artesão admite que ainda não fez nenhuma peça inspirada nela. “Esses aí eu nunca fiz, não. Eu faço só artesanato com os ipês mesmo”, confessa.
Flores semelhantes
Se para o comércio o ipê ainda é o protagonista, nos canteiros da cidade o cenário se divide. Segundo Tiago de Araújo, assessor da Diretoria das Cidades da Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap), tanto o ipê-roxo como o jacarandá-mimoso são espécies espalhadas pela cidade. Ele diz que as árvores são frequentemente confundidas, já que ambas florescem em tons de roxo.
“Tanto o jacarandá-mimoso quanto o ipê-roxo pertencem à família bignoniaceae. São espécies muito atrativas para a fauna porque têm floração intensa. Os dois produzem frutos secos e possuem madeira nobre, muito utilizada na fabricação de móveis e instrumentos musicais”, esclarece o engenheiro florestal.
O assessor da Novacap explica que, apesar dessas semelhanças, há detalhes que ajudam a distinguir as espécies. “A dica mais fácil para identificar é a folha: a do ipê-roxo é digitada, lembra uma mão aberta, com cinco folíolos saindo do mesmo ponto. Já o jacarandá-mimoso tem folha composta, existe uma ráquis (como se fosse o talo principal) e, dela, saem vários folíolos, que não partem do mesmo ponto”, especifica Tiago.
Segundo ele, o tempo de floração também é diferente: o jacarandá-mimoso floresce mais tarde, no auge da seca, entre setembro e outubro, enquanto o ipê-roxo floresce antes, entre junho e julho, sendo um dos primeiros ipês a florir.
“Outra diferença são as flores: no caso do jacarandá-mimoso, as flores lembram um sino, ficam em arranjos diferentes e têm um tom de roxo puxado para o azul. Já no ipê, a cor é um roxo mais próximo do rosa. Por isso, há tanta confusão, muitas pessoas conhecem apenas os ipês e acabam não prestando tanta atenção às outras espécies floridas”, destaca o engenheiro florestal.
Beleza natural
Segundo a Novacap, o Distrito Federal é hoje uma das cidades mais arborizadas do país, com cerca de 5,5 milhões de árvores. Para ampliar ainda mais essa cobertura, a companhia prevê o plantio de 200 mil mudas nativas, incluindo ipês-roxos e jacarandás-mimosos.
“Agora, com o início das chuvas, vamos lançar o Programa de Arborização de 2025. A previsão é plantar 200 mil árvores nativas. O plantio deve ocorrer entre outubro e março, período em que o solo está mais firme, para garantir o desenvolvimento das mudas”, aponta o assessor.
Para quem vem conhecer Brasília, a cidade florida também é um cartão-postal. É o caso da Gracieli Begia, que mora no interior de São Paulo. “É a primeira vez que venho a Brasília e gostei bastante. Na região onde moro tem muitos ipês, e eu acho essas árvores lindas. Tenho até o sonho de um dia ter uma casa com ipê amarelo, porque adoro a cor, me lembra a luz”, compartilha a gerente de tecnologia.
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