GT sobre Patrimônio Cultural Indígena do Iphan escuta povos nas cinco regiões do país

Os encontros virtuais, parte do plano de trabalho do Grupo, já ocorreram no Norte e Nordeste

GT sobre Patrimônio Cultural Indígena do Iphan escuta povos nas cinco regiões do país
GT sobre Patrimônio Cultural Indígena do Iphan escuta povos nas cinco regiões do país

Agência Gov | Via Iphan - 12/10/2025 10:48:41 | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) atua na preservação de manifestações culturais dos povos originários brasileiros - como danças, modos de fazer, rituais , práticas artísticas , sítios arqueológicos e locais sagrados - , proporcionando-lhes o acesso às políticas públicas em cultura.

ara aprimorar essa salvaguarda , foi criado , em abril de 2025, o Grupo de Trabalho sobre o Patrimônio Cultural Indígena do Iphan, que desde setembro está realizando escutas com pesquisadores, lideranças e representantes de povos indígenas nas cinco regiões do Brasil. A atividade faz parte do plano de trabalho do GT, cujo objetivo é elaborar um diagnóstico abrangente das ações do Iphan relacionadas ao patrimônio cultural indígena e apresentar diretrizes de atuação visando a sua proteção e valorização, respeitando a autonomia e os protocolos culturais dos povos. A coordenação do GT é do Centro Nacional de Arqueologia (CNA) , unidade especial do Iphan .

As escutas já foram realizadas de forma virtual com representantes d as regiões Norte ( 5/9 ) e Nordeste ( 19/9 ) . A atividade visa propiciar que o Iphan aborde o patrimônio cultural indígena de maneira integrada e específica às demandas dos grupos indígena s brasileiros . “ A escuta desses grupos é primordial para garantir a participação efetiva deles na preservação do seu próprio patrimônio, além de orientar as diretrizes a serem pensadas pelo Iphan ”, explica Ana Leal , coordenadora do GT .

Além de representações indígenas, o Iphan também tem ouvido pesquisadores para ajudar o órgão a identificar exemplos de boas práticas relacionadas a o patrimônio indígena . Na reunião da região Norte, o professor da Universidade Federal da Amazônia, Carlos Augusto da Silva Apurinã , defendeu o protagonismo indígena no debate “o s povos da Amazônia são os verdadeiros gestores da água e da floresta”.

O posicionamento do docente foi corroborado pelo arqueólogo cearense Agnelo Queirós . “ O Estado deve dar condições estruturais para que os indígenas cuidem de seus patrimônios, e eles sabem, de acordo com a sua ancestralidade, como cuidar” explic ou durante sua participa ção no encontro com representantes do Nordeste.

No mesmo encontro, a representante indígena Jarluzia Tapuia (RN) ressalt ou que a escuta deve ser delicada e planejada junto com as lideranças locais. "A função do Iphan é fomentar a preservação das culturas indígenas, nossas memórias; e nossa memória não é produto, não é mercadoria. É necessário visitar as comunidades para ouvir, para terminar em políticas públicas, em diretrizes” declarou.

Por uma nova abordagem da Arqueologia
Um dos f ruto s das ativida des de escuta na região Nordeste foi a Relatoria Indígena da Roda de Conversa, realizada pela advogada indígena do Rio Grande do Norte Vanessa Medeiros Meira Tarairiú . No documento , el a trouxe as visões, opiniões, críticas e sugestões dos presentes, que refletiram sobre como o Estado deve promover a preservação do patrimônio cultural indígena e , principalmente, sobre a falta de protagonismo dos povos originários n as pesquisas em seus sítios.

“A arqueologia poderia ter consultado os povos antes, porque os nativos são os verdadeiros donos daquele lugar. E isso nos foi negado, diante de uma academia que não via quem contava a história verdadeira.” disse Agamenon Kraunan , de Alagoas , critic ando a visão eurocentrista e o apagamento da memória indígena.

Já o antropólogo Cícero Jeripancó , também de Alagoas, salientou que é positivo que “ hoje a arqueologia está sendo usada como instrumento de afirmação e de lutas de identidades e territórios .” A importância da área para os povos originários também foi destacada por Julhin de Tia Lica, do povo Tapuia Caboré do Seridó: “ A arqueologia trouxe senso de pertencimento e espanto com a terra novamente ” .

Todos os apontamentos serão considerados na elaboração do diagnóstico e diretrizes de atuação do Iphan ao fim dos trabalhos do Grupo. “Estamos aqui para entender como melhor fazer esse trabalho, que é do Iphan e de toda a sociedade ” finalizou Francisco Stuchi , arqu eólogo do Instituto.

Sobre o Grupo de Trabalho – O Grupo de Trabalho interno sobre Patrimônio Cultural Indígena foi instituído pela Portaria de pessoal Iphan nº 197, de 15 de abril de 2025 , e conta com representação de distintas áreas do Instituto . Seu objetivo é elaborar um diagnóstico das ações do I nstituto relacionadas ao patrimônio cultural indígena e apresentar diretrizes de atuação visando a sua proteção e valorização, respeitando a autonomia e os protocolos culturais dos povos indígenas.

Além das escutas, o GT está realizando um diagnóstico interno sobre ações do I phan relacionadas ao patrimônio cultural indígena - indicando os principais desafios e lacunas nas políticas e práticas institucionais - por meio de aplicação de formulário de consulta a ser respondido pelas unidades do Iphan.

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