A Catedral Metropolitana de Brasília deu adeus a uma fiel inusitada. A garça, que estava “morando” no local há mais de quatro semanas e, possivelmente, sendo alimentada com peixes, foi resgatada pela Polícia Ambiental na sexta-feira. Durante o período em que se abrigou no local, a ave voava de um lado para o outro, entre os anjos suspensos que decoram a cúpula da igreja, e se tornou nova atração para os visitantes.

“Nas celebrações, ela fazia a participação dela, com voos que chamavam a atenção”, conta o pároco da Catedral, padre João Firmino. Segundo ele, desde dezembro, outras duas garças também entraram no local. “Duas saíram normalmente, mas essa última deu trabalho”, diz.

Policiais do Batalhão Ambiental da PMDF foram até o local mais de uma vez para tentar fazer o resgate. Segundo o tenente Antônio Louzeiro, como a nave é muito alto e ampla, além do pássaro não estar ferido, ao tentar capturá-lo, voava para outra direção. “Foi necessário mobilizar uma equipe especial só para essa missão. Primeiramente tentaram bambus e redes para alcançar a garça. Como ela estava em boas condições de saúde e alimentada, foi necessário subir com auxílio de rapel e esperar ela ficar cansada. Só então conseguiram pegá-la”, detalhou.

A garça foi levada para o Centro de Triagem Norte, onde será examinada e passará por uma quarentena, período em que os veterinários vão avaliar se o animal tem condições de voltar para a natureza. Isso porque durante a temporada em que passou na Catedral, a ave foi alimentada, de acordo com informações do Batalhão Ambiental da PMDF. “Quando se dá comida, o animal silvestre acaba sendo domesticado. Por isso, ela permaneceu tanto tempo no local. A recomendação para casos como esse é não dar qualquer alimento e chamar a Polícia Ambiental”, alertou o tenente Louzeiro.

De acordo com a Arquidiocese de Brasília, furos na cerca que fica no espelho d’água da Catedral devem ter dado o acesso ao interior da igreja. Agora, com a saída das aves, os responsáveis vão providenciar novas telas.

Colaborou Ana Luiza Vinhote,

Especial para o Correio

Maria-Faceira

Segundo a veterinária Isadora Almeida, a garça encontrada é da espécie “maria-faceira”. Ela vive cerca de 20 anos e se alimenta de peixes, pequenos roedores e insetos. “São aves que gostam de ambientes úmidos, como lagos e riachos. No caso de Brasília, o Lago Paranoá é um dos lugares favoritos desse pássaro, que anda em bando”, observa Isadora. Ela ainda diz que se a ave não tivesse sido resgatada, poderia desenvolver problemas de saúde. “O recomendável é que o animal fique em ambientes em que está acostumado. No caso da maria-faceira, é no seu habitat que busca alimento, geralmente uma espécie de peixe a que se acostuma. “Se a alimentação muda, pode desenvolver problemas gastrointestinais”, alerta Isadora, especialista em medicina de aves.

Quando se dá comida, o animal silvestre acaba sendo domesticado.

Por isso, ela permaneceu tanto tempo no local. A recomendação
para casos como esse é não dar qualquer alimento e chamar

a Polícia Ambiental”

Antônio Louzeiro,

tenente do Batalhão Ambiental da PMDF