Proposta apresentada pelo pequeno país insular do Golfo Pérsico propõe soluções para temperaturas extremas em espaços públicos, usando técnicas tradicionais de resfriamento passivo
São Paulo, Sp (folhapress) - 13/05/2025 15:18:27 | Foto: La Biennale Di Venezia/Agência Gov Br
O pavilhão do reino do Bahrein venceu o Leão de Ouro na 19ª Bienal de Arquitetura de Veneza, na manhã deste sábado (10). A proposta apresentada pelo pequeno país insular do Golfo Pérsico, "Onda de Calor", propõe soluções para temperaturas extremas em espaços públicos, usando técnicas tradicionais de resfriamento passivo.
A escolha do projeto, que evoca torres eólicas e pátios sombreados, foi feita pelo júri internacional da mostra, composto pelo curador suíço e presidente do comitê Hans Ulrich Obrist, a italiana Paola Antonelli e a sul-africana Mpho Matsipa. Coube ao trio avaliar os pavilhões nacionais e as propostas da mostra central da Bienal, intitulada "Intelligens. Natural. Artificial. Collective".
Segundo os designers vencedores, "a arquitetura deve enfrentar os desafios duplos de resiliência ambiental e sustentabilidade. A solução engenhosa pode ser implantada em espaços públicos e em locais onde as pessoas precisam viver e trabalhar ao ar livre em condições de calor extremo".
Menções honrosas foram concedidas a pavilhões nacionais. A Santa Sé foi premiada por "Ópera Aberta", instalação que transformará uma igreja desconsagrada em espaço de negociação simbólica e reparação material. A proposta é descrita como uma prática viva de cuidado coletivo, inspirada no livro "Obra Aberta", de Umberto Eco.
A Grã-Bretanha também recebeu o reconhecimento por um projeto que conecta arquitetura, reparações e geologia. "Geologia da Reparação Britânica" propõe uma reflexão crítica sobre extração colonial e degradação ambiental.
A instalação "Canal Café", assinada pelo coletivo Diller Scofidio + Renfro com parceiros, também levou o Leão de Ouro na mostra principal. O projeto imagina como a cidade de Veneza pode ser um laboratório sobre como viver na água, e propõe novas formas de ocupação pública.
O Leão de Prata ficou com a obra "Calculando Impérios", de Kate Crawford e Vladan Joler. A instalação é uma genealogia visual das estruturas de poder e tecnologia desde 1500, conectando colonialismo, militarização e infraestruturas digitais.
Na mostra, uma menção honrosa foi para "Urbanismo Alternativo", de Tosin Oshinowo, sobre os mercados autogeridos de Lagos, na Nigéria. O projeto documenta economias circulares e resilientes em contexto de informalidade, propondo novas abordagens dos mercados de processamento de resíduos da economia industrializada.
Já a outra menção foi para a "Capela dos Elefantes", do escritório de arquitetura Boonsem Premthada. Feita com tijolos de esterco de elefante, a construção propõe técnicas sustentáveis e reverencia a coexistência entre humanos e elefantes em uma província da Tailândia.
Os Leões de Ouro pelo conjunto da obra foram atribuídos à filósofa americana Donna Haraway e ao arquiteto e designer italiano Italo Rota (1953-2024). A decisão, na sede da Bienal de Veneza, no palácio Ca' Giustinian, foi aprovada pelo Conselho Diretor da Bienal, sob presidência de Pietrangelo Buttafuoco, com curadoria de Carlo Ratti.
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