Trump fala em 'excelente química' com Lula em encontro na ONU, e presidentes vão se reunir

Governo comemora sinalização de Trump e vê acerto na manutenção de discurso de soberania

Trump fala em 'excelente química' com Lula em encontro na ONU, e presidentes vão se reunir
Trump fala em 'excelente química' com Lula em encontro na ONU, e presidentes vão se reunir

Julia Chaib, Nova York, Eua (folhapress) - 23/09/2025 16:37:12 | Foto: Divulgação ONU News

aqui..

Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump tiveram um breve encontro nesta terça-feira (23), após o brasileiro terminar seu discurso na Assembleia-Geral das Nações Unidas e antes de o americano subir à tribuna para fazer o seu.

Em meio a tensões entre os dois governos, decorrentes do apoio de Washington ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), os dois tiveram uma interação breve e amistosa, afirmaram integrantes da equipe do petista.

Trump sugeriu que os dois conversassem, ao que Lula respondeu que sempre esteve aberto ao diálogo, disseram membros da equipe do governo brasileiro. Maiores detalhes sobre o encontro, como data e formato, ainda serão acertados. Em entrevista à jornalista Christiane Amanpour, da CNN, o chanceler brasileiro, Mauro Vieira, afirmou que a conversa deve ser por telefone ou videoconferência. "O presidente está muito ocupado, tem uma agenda cheia. Talvez não seja possível se encontrar pessoalmente, mas encontraremos alguma maneira [de realizar a conversa], afirmou Vieira.

Para a equipe de Lula, o gesto de Trump foi encarado como uma vitória. Ao anunciar o encontro em seu discurso na ONU, o republicano ainda disse que teve "uma excelente química" com o brasileiro.

No entanto, há um temor de que o presidente americano use a ocasião para pressionar ou mesmo humilhar Lula, como já fez com líderes europeus na Casa Branca. Por isso, para membros do governo brasileiro, é crucial que a interação não saia do esperado.

A aproximação ocorre em pleno tarifaço do republicano contra o Brasil e em meio a um novo pacote de sanções americanas. As declarações animaram os mercados brasileiros -o real valorizou cerca de 1% em relação ao dólar e o índice de referência Bovespa subiu mais de 1%, atingindo uma máxima histórica.

Trump acompanhou todo o discurso de Lula em uma sala reservada da ONU. Como o Brasil é tradicionalmente o primeiro país a discursar e os Estados Unidos, o segundo, essa dinâmica é normal. Segundo membros do governo brasileiro, foi o americano quem tomou a iniciativa de falar com o petista, uma vez que ele já estava no local.

O americano sugeriu que uma conversa poderia ser na próxima semana, proposta aceita por Lula. O chefe do cerimonial, Fernando Igreja, fez a tradução da interação na hora. A Presidência confirmou o encontro entre Lula e Trump e o agendamento da reunião entre os dois para a próxima semana, sem dar mais detalhes.

Ao deixar o púlpito, Lula se dirigiu à bancada da delegação brasileira na Assembleia-Geral, onde sentou-se ao lado da primeira-dama Janja, do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, do assessor especial da Presidência Celso Amorim e do embaixador do Brasil na ONU, Sérgio Danese.

Com exceção de Lewandowski, nenhum membro da comitiva brasileira bateu palmas para Trump quando ele subiu ao palco. Muitas outras delegações também permaneceram em silêncio.

Ao final de seu discurso, Trump falou sobre a interação com Lula nos bastidores e anunciou o encontro na próxima semana. "Eu só faço negócios com pessoas de quem eu gosto", afirmou. "E eu gostei dele, e ele de mim. Por pelo menos 30 segundos nós tivemos uma química excelente, isso é um bom sinal", completou.

Em seu discurso, Lula fez uma fala permeada por recados aos EUA, de críticas a sanções a ações militares no Caribe. Enquanto falava, a delegação americana presente na Assembleia, capitaneada pelo secretário de Estado, Marco Rubio, não reagiu. Em momentos de palmas ao brasileiro, como durante as críticas à inação na Faixa de Gaza, a mesa de Washington permaneceu imóvel.

Trump anunciou publicamente o encontro no fim de seu discurso no evento. O republicano disse que houve "excelente química" e que os dois vão se encontrar na próxima semana. "Eu só faço negócios com pessoas que eu gosto. E eu gostei dele, e ele de mim. Por pelo menos 30 segundos nós tivemos uma química excelente, isso é um bom sinal", disse o americano, que discursou após o petista.

Esta foi a primeira vez que Lula ficou no mesmo ambiente que Trump desde que o americano aplicou sanções ao Brasil, a partir do final de maio.

Em abril, os dois foram à missa do funeral do papa Francisco, mas Lula afirmou nem ter visto Trump na ocasião. Depois, em meados de maio, havia expectativa de que eles pudessem se esbarrar na cúpula do G7, em meados de maio, no Canadá. Mas isso não ocorreu porque Trump antecipou sua volta aos EUA.

No início da manhã, Lula fez o discurso de abertura no segmento de alto nível da Assembleia-Geral da ONU. Trump falou em seguida.

O encontro entre Lula e Trump, embora tenha sido rápido, não estava na agenda de nenhum dos dois mandatários. Ela ocorre num momento de distanciamento inédito entre Brasil e EUA por causa do julgamento de Bolsonaro, um aliado de Trump.

O republicano classificou o processo contra o ex-presidente de caça às bruxas e, com base nisso, aplicou uma série de medidas punitivas contra o país. Entre elas, a cassação de vistos de autoridades, a imposição de sanções financeiras contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), e um tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros.

Na mais recente escalada, Trump incluiu a esposa de Moraes, Viviane Barci, em punições financeiras com base na Lei Magnitsky, e suspendeu os vistos de uma nova leva de autoridades brasileiras, entre elas o do ministro Jorge Messias (Advocacia-Geral da União).

Governo comemora sinalização de Trump e vê acerto na manutenção de discurso de soberania

VICTORIA AZEVEDO E CATIA SEABRA, BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Integrantes do governo Lula comemoraram a sinalização dada por Donald Trump em discurso na Assembleia-Geral das Nações Unidas nesta terça-feira (23). Auxiliares do presidente brasileiro classificam a insistência do petista na defesa da soberania como um acerto e dizem que a fala do americano impôs uma derrota ao bolsonarismo.

Nesta terça, Lula e Trump tiveram um breve encontro, entre os discursos dos dois, em meio ao tarifaço imposto pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros e a uma série de sanções a autoridades do Brasil.

Em sua fala, Trump afirmou que houve uma "excelente química" com o petista e disse que os dois devem conversar na próxima semana. "Eu só faço negócios com pessoas que eu gosto. E eu gostei dele, e ele de mim. Por pelo menos 30 segundos, nós tivemos uma química excelente, isso é um bom sinal", disse o americano.

Aliados e auxiliares de Lula afirmam que Trump é "imprevisível", mas ainda assim comemoraram a sinalização de abertura de diálogo entre o americano e o presidente da República, algo que não vinha ocorrendo desde que os Estados Unidos impuseram uma tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros. Apesar disso, integrantes do governo ainda estão cautelosos ao falar desse convite do americano, à espera de mais informações acerca da pauta que será discutida.

Um ministro palaciano diz que além da sinalização da disposição do diálogo, a fala de Trump representa uma derrota ao bolsonarismo, sobretudo ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Eduardo está nos Estados Unidos desde março atuando junto ao governo Trump por sanções a autoridades brasileiras em resposta ao julgamento de seu pai no STF (Supremo Tribunal Federal).

No Planalto, há a avaliação de que Trump é um homem de negócios e pode virar as costas para os bolsonaristas, caso a negociação comercial avance com o Brasil. Além disso, auxiliares de Lula dizem que o discurso do americano pesa negativamente para os bolsonaristas, já que eles viam em Trump o maior cacife em favor da anistia de Bolsonaro.

A ministra Gleisi Hoffmann (Secretaria de Relações Institucionais) afirmou que considerou surpreendente a notícia de um encontro entre os dois líderes.

"Acho que foi uma surpresa. Parece que o presidente Trump gostou do presidente Lula. Não tinha nada [marcado previamente]. Parece que vão se encontrar agora", afirmou a ministra em passagem pelo Congresso nesta terça-feira.

Líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), diz à Folha de S.Paulo que o presidente da República "acertou desde o início, quando optou pelo caminho da altivez". "Lula se manteve firme na defesa da soberania nacional. Ninguém respeita quem não se respeita. A declaração de Trump é um banho de água fria no bolsonarismo."
O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), disse que não há nenhuma pessoa no mundo que "resista ao charme" de Lula. "A disposição do Brasil e a disposição do presidente Lula sempre foi de conversar e negociar. A gente recebe com entusiasmo essa disposição do presidente Trump de dialogar", afirmou.

"O presidente Lula sempre foi assertivo ao afirmar que soberania e democracia não estão sobre a mesa. A defesa de interesses comerciais brasileiros sempre foi prioridade e sempre buscamos essa abertura de diálogo", continuou o senador.

Governo comemora sinalização de Trump e vê acerto na manutenção de discurso de soberania

VICTORIA AZEVEDO E CATIA SEABRA, BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Integrantes do governo Lula comemoraram a sinalização dada por Donald Trump em discurso na Assembleia-Geral das Nações Unidas nesta terça-feira (23). Auxiliares do presidente brasileiro classificam a insistência do petista na defesa da soberania como um acerto e dizem que a fala do americano impôs uma derrota ao bolsonarismo.

Nesta terça, Lula e Trump tiveram um breve encontro, entre os discursos dos dois, em meio ao tarifaço imposto pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros e a uma série de sanções a autoridades do Brasil.

Em sua fala, Trump afirmou que houve uma "excelente química" com o petista e disse que os dois devem conversar na próxima semana. "Eu só faço negócios com pessoas que eu gosto. E eu gostei dele, e ele de mim. Por pelo menos 30 segundos, nós tivemos uma química excelente, isso é um bom sinal", disse o americano.

Aliados e auxiliares de Lula afirmam que Trump é "imprevisível", mas ainda assim comemoraram a sinalização de abertura de diálogo entre o americano e o presidente da República, algo que não vinha ocorrendo desde que os Estados Unidos impuseram uma tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros. Apesar disso, integrantes do governo ainda estão cautelosos ao falar desse convite do americano, à espera de mais informações acerca da pauta que será discutida.

Um ministro palaciano diz que além da sinalização da disposição do diálogo, a fala de Trump representa uma derrota ao bolsonarismo, sobretudo ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Eduardo está nos Estados Unidos desde março atuando junto ao governo Trump por sanções a autoridades brasileiras em resposta ao julgamento de seu pai no STF (Supremo Tribunal Federal).

No Planalto, há a avaliação de que Trump é um homem de negócios e pode virar as costas para os bolsonaristas, caso a negociação comercial avance com o Brasil. Além disso, auxiliares de Lula dizem que o discurso do americano pesa negativamente para os bolsonaristas, já que eles viam em Trump o maior cacife em favor da anistia de Bolsonaro.

A ministra Gleisi Hoffmann (Secretaria de Relações Institucionais) afirmou que considerou surpreendente a notícia de um encontro entre os dois líderes.

"Acho que foi uma surpresa. Parece que o presidente Trump gostou do presidente Lula. Não tinha nada [marcado previamente]. Parece que vão se encontrar agora", afirmou a ministra em passagem pelo Congresso nesta terça-feira.

Líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), diz à Folha de S.Paulo que o presidente da República "acertou desde o início, quando optou pelo caminho da altivez". "Lula se manteve firme na defesa da soberania nacional. Ninguém respeita quem não se respeita. A declaração de Trump é um banho de água fria no bolsonarismo."
O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), disse que não há nenhuma pessoa no mundo que "resista ao charme" de Lula. "A disposição do Brasil e a disposição do presidente Lula sempre foi de conversar e negociar. A gente recebe com entusiasmo essa disposição do presidente Trump de dialogar", afirmou.

"O presidente Lula sempre foi assertivo ao afirmar que soberania e democracia não estão sobre a mesa. A defesa de interesses comerciais brasileiros sempre foi prioridade e sempre buscamos essa abertura de diálogo", continuou o senador.

Comentários para "Trump fala em 'excelente química' com Lula em encontro na ONU, e presidentes vão se reunir":

Deixe aqui seu comentário

Preencha os campos abaixo:
obrigatório
obrigatório