Por Gilberto Carneiro: Ave de rapina

As moedas de países emergentes são as que costumam se depreciar mais.

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As moedas de países emergentes são as que costumam se depreciar mais.

Por Gilberto Carneiro - Blog Do Tião Lucena - 24/12/2024 09:37:35 | Foto: Divulgação

O RIO só corre para o mar. É assim que podemos definir o modelo capitalista que impõe uma alta de juros que só favorece quem tem dinheiro e a quem está acostumado a multiplicar o muito que tem sem produzir uma roda de fusca, apenas investindo no mercado especulativo.

Agora mesmo o tão famigerado “Mercado* insiste em atribuir a culpa pela alta do dólar ao governo, omitindo informações relevantes sobre o cenário internacional.

Até uma criança de 5 anos sabe que a alta dos juros americanos, provocada pelos conflitos internacionais e o desalinhamento de cadeias internacionais de produção por causa da pandemia, atrai capital do mundo todo. Investidores são atraídos pela perspectiva de bons retornos em papéis com relativamente baixo risco — no caso, títulos do governo dos EUA.

Quando o capital sai desses outros países, existe uma grande demanda nos mercados por dólares e uma oferta grande de moeda estrangeira: o que provoca a valorização do dólar e a desvalorização das demais, entre elas o real brasileiro.

As moedas de países emergentes são as que costumam se depreciar mais — já que muitos investidores estão nesses países justamente para aproveitar juros altos. E é desses países que costuma sair o maior fluxo de capital rumo ao mercado americano.

Talvez fosse o caso do nosso Banco Central estabelecer normas rígidas para, em situações excepcionais como essa, não permitir uma debandada de capital do país, regulando o fluxo de entrada e saída quando o real atingir um percentual de desvalorização frente ao dólar superior a dois dígitos.

Um fato incontestável que contribuiu para esta situação foi a eleição de Donald Trump nos EUA. Isso afetou negativamente não apenas a moeda brasileira, outras moedas mais fortes que a nossa desvalorizaram em um patamar acima de dois dígitos frente ao dólar este ano: o peso mexicano (16%), a lira turca (16%), o rublo russo (15%) e o won sul-coreano (10%).

A perspectiva para as economias emergentes após a eleição de Donald Trump são as piores possíveis, isso devido a agenda que defende, de maior internalização da economia americana e maior restrição da imigração, medidas muito inflacionárias e que terão um impacto negativo na economia mundial, em relevo nas moedas emergentes.

Some-se a isso as aves de rapina do “Mercado” que sugam o sangue dos trabalhadores e quando percebem que o estoque do banco de sangue está definhando não pensam duas vezes em levantar vôo na busca de sangue novo e inocente.

Todavia, aprendi sempre ver a vida sob a ótica otimista, afinal estamos às vésperas do Natal, do advento daquele que revolucionou o mundo. Verbere-se que a lógica do “Mercado” é outra, plantar o pessimismo. Agem sob o falso discurso do controle de gastos, combate ao que chamam de déficit e equilíbrio fiscal; porém o verdadeiro propósito por trás é perpetuar um cenário de concentração de renda, desigualdade e de injustiça social, utilizando de todos seus artifícios para transformar um cenário político otimista em pessimista simplesmente porque seus interesses econômicos estão sendo contrariados.

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