Poder transformador do esporte
Foto: Acervo Rede Gol e Miguel Passos
Poder transformador do esporte
© Tribunal De Justiça Do Distrito Federal E Dos Territórios – Tjdft - 20/09/2024 13:41:31 | Foto: Acervo Rede Gol e Miguel Passos
Mais de 7 mil crianças e adolescentes foram beneficiados ao longo dos 10 anos da parceria entre a Rede Solidária Anjos do Amanhã, programa de voluntariado do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT), e o programa Rede Gol - Transformando Vidas. O projeto, que tem como objetivo promover o acolhimento e a proteção à infância e juventude pelo esporte, completou uma década de trabalho conjunto com o Tribunal nesse sábado, 14/9.
O Programa Rede Gol tem como pilar a ação comunitária e preventiva para garantia dos direitos essenciais ao pleno desenvolvimento da infância e da adolescência . Para além do esporte, a ação inclui a promoção de projetos educacionais, de profissionalização e das famílias, em uma abordagem integrativa. “Trabalhamos a cidadania, a formação da cultura de paz e não violência e o fortalecimento das identidades comunitárias. É um exemplo de parceria público-privada que agrega a prevenção como o maior escopo do trabalho e apresenta uma Justiça participativa, preventiva e humanizada”, explica a Coordenadora Voluntária da Rede Gol, Deiza Leite.
São atendidos meninos e meninas de 5 e 24 anos de idade, vinculados pela Justiça da Infância e Juventude, por conselheiros e líderes comunitários, voluntários que atuam nos núcleos descentralizados em comunidades de maior vulnerabilidade social do DF e entorno e pelo Sistema de Garantias de Direitos Infantojuvenil. Os atendimentos também se estendem às famílias dos jovens, o que eleva o número de pessoas que passaram pela Rede para mais de dez mil, nesses dez anos de parceria. “O Programa Rede Gol oportuniza o resgate da autoimagem e autoconfiança de suas famílias e comunidades”, defende a Coordenadora da Rede.
O Supervisor da Rede Solidária Anjos do Amanhã, Márcio Alves, fala que a Rede Gol é uma referência em termos de ações esportivas, sociais e de políticas afirmativas. "É parceira antiga, com quem desenvolvemos trabalhos em rede que atendem jovens socialmente vulneráveis, parte deles do nosso público prioritário, em regiões variadas", explica. Ele destaca o trabalho em conjunto desenvolvido. "A união de forças da parceria permite maior expansão das ações e traz o engajamento de grandes parceiros, tornando a rede cada dia mais consolidada e efetiva", defende Márcio.
Deiza Leite conta que propôs a parceria à Rede Solidária em 2014. “Como proposta piloto, acolhemos 70 crianças e adolescentes de 7 casas de acolhimento e contraturno escolar do DF”, lembra. As atividades iniciaram centralizadas no Clube da Novacap. Atualmente, são atendidas 1.507 crianças e adolescentes e 942 famílias, em 10 Regiões Administrativas do DF e duas cidades do Goiás, com atividades em 18 núcleos descentralizados.
Para o futuro, o programa visa ampliar os atendimentos em outras regiões e aumentar as oportunidades do futebol feminino, que hoje se configura como a maior rede de proteção de meninas e jovens adultas dentro da iniciativa. O modelo do programa está alinhado ao Eixo 6 do Plano de Ação da Política Judiciária para a Primeira Infância do DF, em curso no TJDFT, Direito ao Brincar, à Cultura, ao Esporte e à Natureza.
Além da promoção de direitos infantojuvenis por meio do esporte, a Rede Gol tem entre suas conquistas nesses 10 anos uma série de vitórias em torneios locais, nacionais e internacionais de futebol. O programa também foi o responsável por introduzir e fortalecer o sonho de crianças e adolescentes.
Arthur Felipe Castro dos Santos, hoje com 17 anos e atleta do Audax Rio de Janeiro Esporte Clube, contou com ajuda da Rede Gol no início de sua carreira como goleiro. Ele e a mãe estavam em situação de grande vulnerabilidade socioeconômica e chegaram a morar na rua. Por intermédio do programa, ele jogou com uma bolsa na escolinha do Santos em Brasília. “Quando ele começou a jogar com ajuda da Rede Gol no Santos, começou a ser visto por outros clubes. A Rede ajudou nesse início para encorajar, dar suporte”, conta a mãe do atleta, Danda Bárbara. Eles moraram no Rio de Janeiro e em São Paulo em busca de oportunidades.
Com foco em ações também para a família, a Rede Gol ajudou na colocação profissional da mãe de Arthur. “Graças à Rede Gol, eu consegui tirar minha licença de treinadora de futebol feminino”, lembra Danda Bárbara. Atualmente, ela trabalha como fotógrafa esportiva, ambulante e faz faculdade de Letras na Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
A mãe de Arthur, no entanto, lembra que são muitos os desafios para manter o garoto no esporte. “Ele não tem contrato assinado no time, eu tenho que comprar alimento, luvas, todo material. A dificuldade é gigante, às vezes ele fala em desistir”, explica Danda Bárbara. Patrocinadores e todo tipo de ajuda são bem-vindos. Os contatos para colaboração são 21 97740-1855 ou 61 98260-0786. A mãe também está promovendo vaquinha virtual de uma lente para câmera fotográfica, para que seu trabalho possa ajudar nas custas do esporte do filho.
Keila Felix, de 16 anos, joga como ponta esquerda ou meio campo no time feminino da Rede Gol desde 2020. Ela conta que gosta do futebol desde pequena e se apaixonou pelo esporte assistindo aos jogos da seleção feminina de futebol nas Olimpíadas. “Vi e quis fazer igual. Mas me disseram que futebol não era coisa pra mulher. Comecei a jogar sem chuteira, sem apoio, sem nada. Só a vontade de jogar”, lembra. Um professor da Rede Gol a descobriu quando veio morar em Brasília. “O time me acolheu, me mostrou que o futebol não é só um esporte. Ele me amadureceu e me deu uma família que eu nunca achei que encontraria: A Rede Gol”, conta.
Keila coleciona ganhos com o programa. "Ganhei tanta experiência, viajei para vários lugares, conquistei vários títulos, sou conhecida em vários lugares”, fala a atleta. Recentemente, também por intermédio da Rede, ela foi inserida no mercado de trabalho. Seu sonho é terminar os estudos e se formar em Direito. “Quero me tornar uma jogadora ou seguir na profissão de Policial Militar. Quero muito seguir no futebol, mas só Deus sabe o melhor pra nós, então, se eu me formar em Direito, vou ser muito grata”, fala Keila.
Conheça mais o trabalho da Rede Gol no portal e no perfil do Instagram do programa. Confira também o trabalho fotográfico de Danda Bárbara em perfil na mesma rede.
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