Lenda do atletismo, Carl Lewis diz que gostaria de competir na era das redes sociais e critica nova geração

Segundo ele, falta à geração atual mais dedicação nos treinos.

Lenda do atletismo, Carl Lewis diz que gostaria de competir na era das redes sociais e critica nova geração
Lenda do atletismo, Carl Lewis diz que gostaria de competir na era das redes sociais e critica nova geração

Lucas Bombana, São Paulo, Sp (folhapress) - 26/09/2025 20:34:31 | Foto: Gaspar Nóbrega/COB

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Dono de dez medalhas olímpicas em quatro edições dos Jogos -nove delas de ouro- e eleito pelo COI (Comitê Olímpico Internacional) o atleta do século 20, o norte-americano Carl Lewis brilhou nas pistas de atletismo nas provas de 100 e 200 metros rasos e no salto em distância em uma época em que as redes sociais ainda não existiam.

Aos 64 anos e hoje treinador na Universidade de Houston, Lewis afirmou que as redes sociais podem ser benéficas na preparação dos atletas, desde que eles saibam usá-las de maneira adequada. E acrescentou que gostaria de ter tido a experiência de competir sob a pressão atual exercida pelas mídias sociais.

"Tudo depende de como você usa as redes. Elas podem ser uma ferramenta maravilhosa e útil se você entender que, como atleta, a questão número um é o seu desempenho. E se você enxergar as redes sociais como uma projeção do seu desempenho e de quem você é, elas podem ser uma ferramenta incrivelmente útil", afirmou Lewis durante sua participação em evento promovido pelo COB (Comitê Olímpico do Brasil) na noite de quarta-feira (24), em São Paulo.

"Se você tem um milhão de seguidores, mas nunca vence ou nunca tem um bom desempenho, isso realmente não é útil. Mas se você tem mil seguidores e é muito bem-sucedido, então pode ser útil", disse ele.

"Os atletas não podem deixar as mídias sociais tomarem à frente da situação. Eles precisam perceber que é apenas algo que serve como um complemento. Mas acho que é extremamente útil e eu realmente gostaria de poder estar correndo agora, com as redes sociais. Teria adorado isso", acrescentou.

Lewis disse ainda que não permite o uso de celulares pelos atletas durante as sessões de treinamento que coordena na Universidade de Houston, para que eles não sofram com as distrações da internet e tenham mais foco em melhorar suas performances nas pistas.

Segundo ele, falta à geração atual mais dedicação nos treinos para que recordes estabelecidos décadas atrás sejam quebrados.

"Os jovens não querem mais fazer o trabalho duro. E mesmo os treinadores também não os motivam para fazer o que é preciso. É simplesmente mais fácil treinar para uma prova de 100 metros rasos do que para o salto em distância, que é a prova mais difícil do atletismo", afirmou Lewis.

"O talento existe, a habilidade está lá, mas precisamos encorajá-los a enfrentar os desafios difíceis e focar na excelência", disse o tetracampeão olímpico no salto em distância -ele ficou com o ouro na prova nas edições de Los Angeles-1984, Seul-1988, Barcelona-1992 e Atlanta-1996.

Lewis assinalou que o recorde do salto em distância já perdura há 34 anos, com a marca de 8,95 metros estabelecida por Mike Powell, em agosto de 1991. "Ninguém está realmente tentando quebrar o recorde. Adoraria ainda conseguir ver isso em vida. Alguém saltando tão longe assim."
Ele também disse estar animado para voltar aos Jogos de Los Angeles, em 2028 -palco em que conquistou quatro medalhas de ouro olímpicas, em 1984- mas dessa vez como treinador.

"Nos Jogos de 1984, eram minhas primeiras Olimpíadas, tinha acabado de fazer 23 anos, era tudo novo para mim. Em 2028, terei 67, e agora sou avô, treinador e mentor. Acho que vai ser incrível e acredito que Los Angeles vai fazer um grande trabalho. Estou muito animado pelos jovens que terão a chance de participar", afirmou Lewis.

Em Paris-2024, dois atletas treinados por ele em Houston subiram ao pódio -o sul-africano Shaun Maswanganyi e o britânico Louie Hinchliffe conquistaram a prata e o bronze, respectivamente, na prova de revezamento 4 x 100 m.

"Lembrar da felicidade dos meus parentes e amigos ao me ver vencer nos Jogos em Los Angeles e saber que poderei ajudar os jovens atletas a alcançar a mesma coisa será muito emocionante, mas de uma forma totalmente diferente."
Lewis afirmou ainda que, de todas as medalhas conquistadas em Olimpíadas, a que tem um sabor mais especial para ele é a primeira, que ganhou na prova dos 100 metros.

"Estava em busca de quatro medalhas de ouro nos Jogos de LA. Se perdesse a primeira prova e vencesse as outras três, na mente de todo mundo, teria fracassado. É estranho, mas é assim", afirmou Lewis, acrescentando que a prova também ficou marcada por ter sido a única em que conseguiu ver seus familiares vibrando nas arquibancadas enquanto a disputava.

A medalha foi enterrada junto com seu pai, que pôde vê-lo em apenas uma Olimpíada -ele faleceu em 1987, de câncer-, com as outras doadas ao Museu Nacional de História e Cultura Afro-Americana, em Washington.

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