Entorno de Gilmar diz que permanência de Ednaldo à frente da CBF se tornou improvável

A decisão do afastamento foi da Justiça do Rio, tomada pelo desembargador Gabriel Zefiro.

Entorno de Gilmar diz que permanência de Ednaldo à frente da CBF se tornou improvável
Entorno de Gilmar diz que permanência de Ednaldo à frente da CBF se tornou improvável

Gabriel Vaquer E Luciano Trindade, Aracaju, Se, E São Paulo, Sp (folhapress) - 16/05/2025 07:06:49 | Foto: Ednaldo Rodrigues é afastado pela segunda vez desde que chegou ao poder • Divulgação/CBF

RANIER BRAGON E GUILHERME SETO, BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) Pessoas próximas ao ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes afirmam ter tornado-se improvável a permanência de Ednaldo Rodrigues no comando CBF (Confederação Brasileira de Futebol).

O cartola foi novamente afastado do cargo nesta quinta-feira (15) pela Justiça do Rio de Janeiro após Gilmar ter determinado a apuração da suposta existência de uma assinatura falsificada em um acordo que buscava dar fim a litígios internos na entidade máxima do futebol brasileiro.

De acordo com essas pessoas, o alinhamento entre Gilmar e Ednaldo se estremeceu devido à crescente repercussão pública da proximidade entre magistrado e cartola e por supostos desentendimentos de combinados que teriam sido feitos meses atrás.

Integrantes da CBF afirmam que a permanência de Ednaldo no comando da confederação era sustentada, principalmente, devido à relação com Gilmar.

Desde agosto de 2023, o IDP (Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa), do qual o ministro é sócio e fundador, tem uma parceria com a entidade esportiva para gerir os cursos da CBF Academy.

O ministro do STF foi o autor da decisão que reconduziu Ednaldo ao cargo em janeiro de 2024, suspendendo decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.

O magistrado disse à época em sua decisão que a anulação de um termo firmado entre a entidade e o Ministério Público do Rio de Janeiro, sem maior análise aprofundada, havia exposto a CBF a graves consequências que poderiam "afetar o adequado funcionamento do futebol brasileiro como um todo", resultando inclusive em sanções da Fifa (Federação Internacional de Futebol).

Esse acordo é o mesmo que motivou a decisão da Justiça do Rio de afastar novamente o cartola.

A deputada federal Daniela Carneiro (União-RJ) e o empresário Fernando Sarney, vice-presidente da CBF e filho do ex-presidente da República José Sarney, ingressaram no âmbito de ação direta de inconstitucionalidade que trata da legitimidade de intervenções do Judiciário em questões internas de entidades esportivas, da qual Mendes é relator.

Eles afirmaram ser falsa a assinatura nesse acordo de Antônio Carlos Nunes de Lima, conhecido como Coronel Nunes, que foi presidente interino da CBF.

Gilmar negou o pedido de afastamento na semana passada, mas determinou ao Tribunal de Justiça do Rio Janeiro que apurasse as "notícias e graves suspeitas de vícios de consentimento" apresentadas pelas petições, o que foi interpretado por pessoas a par do caso como um claro sinal de rompimento.

A CBF entrou ainda na noite desta quinta com uma reclamação no STF pedindo para suspender a medida do TJ-RJ, decisão que caberá novamente a Gilmar.

A leitura de pessoas envolvidas no caso é que, com isso, o ministro segue com o poder de decidir os rumos do comando da CBF. A expectativa dessas pessoas ouvidas pela Folha é que o próximo chefe da confederação terá, portanto de ter o aval do ministro.

No dia 28 de maio, por exemplo, o STF dará continuidade ao julgamento da ADI (Ação Direta de Inconstitucionalidade) 7580, que avalia a legitimidade do Ministério Público para firmar esse tipo de acordo com entidades esportivas.

A nova crise na CBF ocorre três dias depois de Ednaldo anunciar o badalado técnico italiano Carlo Ancelotti, 65, como o novo comandante da seleção brasileira de futebol.

De acordo com dirigentes da CBF, Ednaldo teve pressa em fechar o acordo e fazer o anúncio com o objetivo de tentar aplacar as movimentações por sua queda e abafar a repercussão de sua convocação para comparecer a uma audiência no TJ-RJ para falar sobre a suspeita da falsificação da assinatura de Coronel Nunes.

Justiça do Rio de Janeiro afasta Ednaldo Rodrigues da presidência da CBF

A Justiça do Rio de Janeiro, em decisão do desembargador Gabriel Zefiro, determinou nesta quinta-feira (15) o afastamento de Ednaldo Rodrigues da presidência da CBF (Confederação Brasileira de Futebol). O magistrado nomeou Fernando Sarney, um dos vice-presidentes da entidade, como interventor, responsável por convocar novas eleições "o mais breve possível".

Embora seja vice de Ednaldo, Sarney está rompido politicamente com o dirigente. Alinhado à oposição, ele não integrou a chapa de reeleição do presidente, vencedora por aclamação, no dia 24 de março.

Em sua decisão, o desembargador considerou nulo o acordo que validou a primeira eleição vencida por Ednaldo "em razão da incapacidade mental e de possível falsificação da assinatura de um dos signatários, Antônio Carlos Nunes de Lima, conhecido como Coronel Nunes".

Nunes foi um dos signatários no TAC (Termo de Ajuste de Conduta) assinado entre o Ministério Público e a CBF para evitar questionamentos a respeito do processo que levou Ednaldo à presidência da entidade. A competência do MP para tal acordo, porém, é questionada.

No dia 28 de maio, o STF (Supremo Tribunal Federal) dará continuidade ao julgamento da ADI (Ação Direta de Inconstitucionalidade) 7580, que avalia a legitimidade do Ministério Público para firmar esse tipo de acordo com entidades esportivas.

Atualmente, Ednaldo se sustentava em sua cadeira por decisão liminar do ministro Gilmar Mendes, relator do caso.

Na esteira do processo, a deputada Daniela Carneiro (União Brasil-RJ) protocolou uma petição solicitando o afastamento imediato do cartola, baseando seu pedido em um laudo que questiona a autenticidade da assinatura do Coronel Nunes no TAC firmado no início desse ano.

Gilmar Mendes negou o pedido e disse que o questionamento sobre a validação da assinatura de Nunes era de competência da Justiça do Rio de Janeiro.

O desembargador Gabriel Zefiro, então, baseado no histórico de saúde do Coronel Nunes, decidiu anular o TAC. "A robustez dos indícios trazidos aos autos leva à inarredável conclusão acerca de um fato, até mesmo óbvio: há muito o Coronel Nunes não tem condições de expressar de forma consciente sua vontade. Seus atos são guiados. Não emanam da sua vontade livre e consciente", diz trecho da decisão.

"A consequência imediata e lógica consiste no reconhecimento da ilegitimidade da atual administração da CBF, fruto do acordo declarado nulo. A entidade não pode restar acéfala e é imperativo que se realizem eleições lícitas, dentro da legalidade estatutária", acrescenta o magistrado.

Além das ações na Justiça do Rio e no STF, Ednaldo Rodrigues ainda terá mais dois processos para enfrentar. Na segunda-feira (12), a Comissão de Ética da CBF acolheu duas denúncias contra o cartola.

Uma delas foi aberta após o vereador Marcos Dias Pereira (Podemos-RJ), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, levar ao MPT (Ministério Público do Trabalho) denúncias que ele recebeu de funcionários da CBF sobre assédio moral e sexual, perseguição, humilhação, além do descumprimento de uma TAC firmada com o MPT para coibir justamente essas práticas.

A segunda denúncia foi aberta a partida da petição protocolada pela deputada Daniela Carneiro. Nos dois casos, a Comissão de Ética vai iniciar uma apuração interna.

Procurada para responder sobre as denúncias junto ao órgão, a CBF afirmou que "não comenta assuntos levados à Comissão de Ética. A comissão é um órgão independente".

Na entidade, o afastamento do mandatário era tratado como questão de tempo. Funcionários entendiam que uma derrota em qualquer uma das acusações sofridas por Ednaldo resultariam em sua queda.

No começo da semana, ciente de que seu afastamento poderia ocorrer a qualquer momento, o dirigente teve pressa para fechar a contratação de Carlo Ancelotti para comandar a seleção brasileira.

O anúncio antes mesmo de qualquer pronunciamento do Real Madrid, clube com o qual o italiano ainda tem vínculo, foi uma tentativa do cartola de abafar sua convocação para comparecer ao TJ-RJ em uma audiência sobre a autenticidade da assinatura do Coronel Nunes.

Ex-vice-presidente da CBF, Nunes também foi chamado, mas seu advogado, André Mattos, alegou que, por motivos de saúde, ele não teria condições para se apresentar ao tribunal, o que levou ao adiamento da audiência.

Daí a pressa de Ednaldo para concretizar a contratação de Ancelotti antes que ele ficasse sem o poder da caneta nas mãos, como acontece agora, e que poderia ter impedido o desfecho da arrastada negociação.

'Deixa como está, o povo gostou', diz novo chefe da CBF sobre Ancelotti

GUILHERME SETO E RANIER BRAGON, BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O empresário Fernando Sarney, que assume interinamente a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) com o afastamento de Ednaldo Rodrigues, disse à Folha nesta quinta-feira (15) que não pretende interferir neste momento na anunciada contratação do técnico italiano Carlo Ancelotti para comandar a seleção brasileira de futebol.

"Essa decisão não é minha, mas não vou mexer nisso agora. Deixa como está, o povo gostou, a opinião pública aprovou, não tem por que mexer nisso", afirmou.

Fernando, que é um dos vice-presidentes da entidade máxima do futebol brasileiro e filho do ex-presidente da República José Sarney, afirmou ainda que fará novas eleições "no menor espaço de tempo" possível.

"Com responsabilidade, vou manter todas as atividades administrativas, saber que é coisa transitória e preparar a eleição", disse, afirmando não saber ainda se será ou não candidato.

A Justiça do Rio de Janeiro, em decisão do desembargador Gabriel Zefiro, determinou nesta quinta-feira (15) o afastamento de Ednaldo Rodrigues da presidência da CBF (Confederação Brasileira de Futebol).

O magistrado nomeou Fernando Sarney como interventor, responsável por convocar novas eleições "o mais breve possível".

Embora seja vice de Ednaldo, Sarney está rompido politicamente com o dirigente. Alinhado à oposição, ele não integrou a chapa de reeleição do presidente, vencedora por aclamação, no dia 24 de março.

Em sua decisão, o desembargador considerou nulo o acordo que validou a primeira eleição vencida por Ednaldo. "Em razão da incapacidade mental e de possível falsificação da assinatura de um dos signatários, Antônio Carlos Nunes de Lima, conhecido como Coronel Nunes", escreveu o magistrado.

Ednaldo foi o responsável por fechar contrato com Ancelotti e anunciá-lo na última segunda-feira. Em entrevista coletiva na Espanha, o treinador do Real Madrid confirmou que começa a treinar o Brasil no dia 26.

O Italiano irá ocupar o lugar de Dorival Júnior, demitido em março após a goleada aplicada pela Argentina nas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026.

Para contar com o atual técnico do Real Madrid na reta final das Eliminatórias e, sobretudo, na disputa da Copa do Mundo de 2026, a entidade topou oferecer um salário de R$ 60 milhões anuais -R$ 5 milhões por mês, bem próximo do que ele ganha atualmente no clube espanhol-, quase do dobro do que recebia Tite, comandante do Brasil nos Mundiais de 2022 e 2018.

Pessoas próximas ao ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes afirmam ter se tornado improvável a permanência de Ednaldo Rodrigues no comando da entidade máxima do futebol.

O cartola foi novamente afastado do cargo nesta quinta-feira (15) pela Justiça do Rio de Janeiro após Gilmar ter determinado a apuração da suposta assinatura falsificada de Coronel Nunes.

De acordo com essas pessoas, o alinhamento entre Gilmar e Ednaldo se estremeceu devido à crescente repercussão pública da proximidade entre magistrado e cartola e por supostos desentendimentos de combinados que teriam sido feitos meses atrás.

Desde agosto de 2023, o IDP (Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa), do qual o ministro é sócio e fundador, tem uma parceria com a entidade esportiva para gerir os cursos da CBF Academy.

O ministro do STF foi o autor da decisão que reconduziu Ednaldo ao cargo em janeiro de 2024, suspendendo decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.

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