Instituto Chico Mendes intensifica monitoramento após seca intensa que ameaça botos na Amazônia

Instituto intensifica monitoramento após ameaça a botos na Amazônia

Instituto Chico Mendes intensifica monitoramento após seca intensa que ameaça botos na Amazônia
Instituto Chico Mendes intensifica monitoramento após seca intensa que ameaça botos na Amazônia

Foto: © IMAGEM DE DIVULGAÇÃO/CAMPANHA SALVE O BOTO

Instituto intensifica monitoramento após ameaça a botos na Amazônia

Instituto Chico Mendes De Conservação Da Biodiversidade - 12/10/2024 08:04:59 | Foto: © IMAGEM DE DIVULGAÇÃO/CAMPANHA SALVE O BOTO

Após a morte de 154 botos em 2023, instituições ampliam ações para evitar novos óbitos em 2024, em meio à piora da crise hídrica na região.

Em 2023, a crise climática na Amazônia se intensificou com o fenômeno El Niño, que ocasionou a morte de 154 botos-vermelhos e tucuxis no Lago Tefé, no Amazonas. Esse número gerou preocupações e mobilizou o Instituto Chico Mendes e outras instituições a instaurar a Emergência Botos Tefé para enfrentar a crise.

Os resultados da análise biológica apontaram que o estresse térmico agudo, causado pelas altas temperaturas, foi o principal fator de mortalidade, sem descartar outras condições ambientais que possam ter contribuído, como a qualidade e a temperatura da água e do ar. Além das questões ambientais, os botos enfrentam outro grande desafio: as atividades humanas. A pesca e a caça na Amazônia têm pressionado ainda mais as espécies aquáticas.

Neste ano, a seca continua a se agravar, e os níveis de precipitação seguem abaixo da média. O efeito disso afeta diretamente os rios amazônicos, que estão com níveis de água historicamente baixos. Os rios Negro e Solimões, por exemplo, registraram em setembro sua cota mais baixa desde o início das medições em 1971. Devido ao déficit hídrico, a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) emitiu resoluções declarando situação de escassez quantitativa de recursos hídricos em importantes bacias hidrográficas da região, como os rios Madeira, Purus e Tapajós.

Monitoramento

Em resposta à crise, o ICMBio adotou medidas rigorosas de monitoramento na região do Lago Tefé, um dos principais habitats dos botos. Em setembro de 2024, foi implementado um Sistema de Comando de Incidente, onde mais de 50 profissionais, entre biólogos, veterinários e ecólogos, estão envolvidos em operações diárias para observar o comportamento dos botos e monitorar a temperatura da água. As medições ocorrem em diversos pontos do lago, duas vezes por dia, no início da manhã e no final da tarde.

Até agora, os botos-vermelhos e tucuxis têm mostrado um comportamento considerado normal. Eles continuam nadando, procurando alimentos e interagindo de maneira semelhante ao período anterior à crise. A presença de filhotes indica que, apesar das condições ambientais desfavoráveis, esses animais estão encontrando formas de se adaptar e continuar se reproduzindo. No entanto, os especialistas estão atentos ao risco de novos episódios de mortalidade em massa, como os que ocorreram em 2023.

A temperatura média da água do lago tem se mantido em torno de 31,2ºC, com variações entre 28ºC e 38,2ºC. Apesar de relativamente estáveis, essas temperaturas ainda são elevadas e representam uma ameaça para os botos, que são extremamente sensíveis ao calor. A vigilância contínua é essencial para evitar que os animais sejam expostos a um estresse térmico que possa resultar em mais mortes.

O Instituto Chico Mendes ressalta a importância de manter o monitoramento constante dos botos e da qualidade ambiental da região. Caso novos óbitos sejam registrados, os animais serão submetidos a necrópsias para determinar as causas exatas das mortes, fornecendo informações fundamentais para a elaboração de estratégias de conservação. A análise dos dados permitirá uma gestão mais eficaz dos recursos naturais e uma melhor proteção das espécies ameaçadas.

Além do monitoramento, o Instituto Chico Mendes tem realizado ações de comando e controle, a fim de diminuir as pressões sobre essas espécies que têm valor econômico para as populações locais, como é o caso do peixe-boi e do pirarucu. Isso porque, além da temperatura dos rios e da diminuição de habitat, a pressão da caça e da pesca é um dos fatores que mais têm contribuído para a vulnerabilidade desses animais.

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