Secretário-geral declarou no 10º Fórum Global da Aliança das Civilizações das Nações Unidas, que ocorre em Cascais, que diálogo sobre culturas deve se centrar em comunidades, na internet e em instituições.

Nesta terça-feira, a cidade portuguesa de Cascais acolheu a cerimônia oficial de abertura do 10º Fórum Global da Aliança das Civilizações das Nações Unidas com um apelo urgente por paz feito pelo secretário-geral.

Falando no Centro de Congressos do Estoril, António Guterres disse que a falta de paz está levando a uma erosão da confiança no sistema multilateral, nas sociedades e entre as pessoas. No final da tarde, chefes de Estado e de governo adotaram por unanimidade a Declaração de Cascais, com um compromisso para a paz.

Conflitos e guerras

“E os conflitos e as guerras alimentam e acentuam cada uma destas ameaças. Face a este cenário, precisamos de paz! Acima de tudo, de paz! Paz na Ucrânia – uma paz justa em conformidade com a Carta das Nações Unidas, com o direito internacional e com as resoluções da Assembleia Geral.”

O líder das Nações Unidas assinalou um contexto internacional em que a tarefa essencial é reconstruir a confiança, o que torna o trabalho da Aliança das Civilizações “mais importante do que nunca”.

Nessa questão, ele citou realidades como Gaza, Líbano, Sudão considerando imperioso defender a Carta da ONU e o Direito Internacional, incluindo os princípios de soberania, da integridade territorial e da independência política de todos os Estados.

O presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, também discursou para a plateia de mais de 1,8 mil participantes afirmando que Portugal é uma “ponte única entre oceanos e nações”.

Construir comunidades de confiança

Na abertura, estiveram ainda o alto representante da Aliança das Civilizações, Miguel Angel Moratinos, o rei da Espanha Felipe VI e o presidente de Cabo Verde, José Maria Neves. O evento deverá adotar a Declaração de Cascais até o encerramento, nesta quarta-feira.

ONU/Eileen Travers

Jovens participantes do 10º Fórum Global da Aliança das Civilizações das Nações Unidas

Guterres apontou quatro áreas que devem merecer os esforços da aliança: em comunidades, online, entre culturas e instituições. Primeiro, o secretário-geral destacou que é preciso construir comunidades de confiança e pertencimento.

Em segundo, ele realçou a necessidade de controle do discurso de ódio e da desinformação que se espalham online. Em terceiro, o líder da ONU pediu uma atuação que abrace completamente o papel da cultura e da diversidade cultural para avançar todos os nossos objetivos.

Por último, ele ressaltou que deve ser reconstruída a confiança em favor de instituições mais representativas.

“Tempos muito difíceis”

Guterres destacou ainda a relevância sem precedentes da Aliança de Civilizações em um mundo em busca de paz que “vivencia tempos muito difíceis”.

Ele falou do aumento da pressão ao mesmo ritmo que as estratégias visando semear divisões e ampliar fraturas nas sociedades em meio à escalada da onda de xenofobia, de racismo e de intolerância explorando as redes sociais.

Para António Guterres, o aumento das tensões acontece em diferentes frentes com destaque para direitos humanos, crise climática, sectarismos de vária ordem, conflitos e guerras.

O 11º Fórum Global da Aliança das Civilizações das Nações Unidas vai decorrer na Arábia Saudita.

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