Equipe de engenharia subaquática explora mares do conhecimento

Estudantes da UnB produzem protótipos de veículos autônomos e representam o Brasil em competição internacional

Equipe de engenharia subaquática explora mares do conhecimento
Equipe de engenharia subaquática explora mares do conhecimento

Foto: Equipe All Blue apresenta, nos Estados Unidos, protótipo com “DNA brasiliense”. Foto: Divulgação/All Blue

Estudantes da UnB produzem protótipos de veículos autônomos e representam o Brasil em competição internacional

Hugo Costa - Secom Unb - 17/12/2024 18:18:28 | Foto: Equipe All Blue apresenta, nos Estados Unidos, protótipo com “DNA brasiliense”. Foto: Divulgação/All Blue

O Cerrado não é o mais intuitivo dos cenários quando se imagina soluções em engenharia subquática. Estudantes da Faculdade de Tecnologia (FT), entretanto, desafiam as obviedades e mostram que não há distâncias ou limites para a ciência. Eles deram forma à All Blue AUV Team, equipe de projeto de extensão que, há um ano, desenvolve veículos subaquáticos autônomos (AUVs, da sigla em inglês) e tem a missão de ser referência nacional em inovação e robótica.

O primeiro resultado palpável da All Blue é o veículo Iara, único do país apresentado na RoboSub 2024, competição internacional realizada em agosto na Califórnia, nos Estados Unidos, para a superação de desafios da indústria marítima subaquática. Iara tem um metro de largura, pouco mais de meio metro de altura e pesa 25 quilos. A estrutura rígida conta com perfis de alumínio e cilindros de acrílico. O protótipo tem oito propulsores e subsistemas eletrônico e de software que permitem o mapeamento de ambientes aquáticos por meio de câmeras e sensores. Também usa válvula para o lançamento de torpedos, uma das tarefas previstas na RoboSub.

“Com o DNA brasiliense, Iara combina robustez e manobrabilidade”, afirma apresentação que precede o relatório técnico do projeto da All Blue. De acordo com o texto, um dos desafios enfrentados pela equipe foi o baixo orçamento disponível, contornado com apoio da FT para a compra dos componentes do veículo subaquático, que custaram 3,8 mil dólares. Segundo a descrição, o resultado foi um AUV confiável e capaz de realizar as tarefas da competição.

Primeiro veículo subaquático da equipe tem sensores e câmeras e pesa 25 kg. Imagem: Divulgação/All Blue

A maior parte dos testes submersos com o protótipo foi realizada nas piscinas do Centro Olímpico (CO/UnB), no campus Darcy Ribeiro, Asa Norte. “Ao lidar com demandas de complexidade reais de um engenheiro, como prazo, trabalho em equipe e até mesmo o conhecimento necessário para realizar atividades do projeto, a All Blue oferece uma experiência prática da engenharia para os estudantes, mesmo no ambiente universitário”, avalia Pedro Henrique Duarte, estudante de Engenharia Mecatrônica (ENE/FT) e líder executivo da All Blue.

A equipe é composta por 18 membros e 11 trainees. “O único pré-requisito para integrar é demonstrar interesse genuíno pelas atividades realizadas. Nosso time é um espaço inclusivo, aberto a estudantes de diferentes cursos, não se restringindo àqueles da área de engenharia”, garante Duarte.

Um dos desafios para a equipe é aumentar a participação feminina. Graduanda em Mecatrônica, Maria Luiza Rodrigues está no projeto desde o início e lamenta a quantidade reduzida de mulheres. Ela conta que eram apenas duas entre os 14 convidados da UnB para a RoboSub, e que passou por situações desconfortáveis e ouviu comentários machistas. “Apesar disso, é importante ressaltar que o professor coordenador da equipe repreendeu essas atitudes e que ele reforça o compromisso com a construção de um ambiente mais inclusivo para todos os membros”, afirmou.

Novo equipamento está em desenvolvimento para ser lançado em 2025. Imagem mostra Iara em ação na RoboSub. Foto: Divulgação/All Blue

Maria Luiza integra o núcleo de mecânica da All Blue e relata sempre ter se interessado em robótica. A futura engenheira avalia a experiência no projeto como importante para a formação profissional. “Tenho aprendido a trabalhar em equipe e desenvolver habilidades como modelagem 3D e simulações, que são de suma importância para um engenheiro mecatrônico.”

FUTURO PROMISSOR – A All Blue já trabalha em um novo protótipo para 2025. A liderança da equipe entende que a participação na competição em 2024 ofereceu experiências de aprendizagem e ampliou a rede de trabalho dos participantes. A avaliação interna aponta para um desempenho positivo nas apresentações e nos detalhamentos de projeto, mas ainda pendente de melhorias nas provas práticas. A RoboSub volta a ser realizada no ano que vem, também nos Estados Unidos.

“Produzir um veículo subaquático autônomo é uma tarefa desafiadora, pois exige integração entre diversas áreas do conhecimento, como mecânica, eletrônica, inteligência artificial e hidrodinâmica”, diz o professor Adriano Possebon, coordenador do projeto. “Além disso, é necessário enfrentar limitações de tempo e orçamento, testar protótipos em condições reais e resolver problemas inesperados durante o processo. Esse tipo de desafio prepara os estudantes para lidar com projetos de alta complexidade no futuro, sendo uma experiência muito valiosa.”

O docente elogia o empenho da equipe. “Os alunos são os protagonistas, responsáveis por conduzir as atividades e tomadas de decisão”, conta. Ele informa contribuir, principalmente, com a facilitação de processos burocráticos, desenvolvimento de pesquisas específicas e com a busca por espaços e recursos. “Aqui, é fundamental destacar o apoio indispensável da FT, que oferece infraestrutura e suporte financeiro ao projeto. Sem essa parceria e incentivo, seria impossível manter uma iniciativa como a All Blue funcionando e crescendo.”

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