Equipe brasileira vence competição mundial de robótica para o bem

Jovens ganharam troféu de ouro em evento na Suíça; eles contam como desenvolveram dois robôs para resgate de pessoas em desastres naturais

Equipe brasileira vence competição mundial de robótica para o bem
Equipe brasileira vence competição mundial de robótica para o bem

Felipe De Carvalho / Agência Onu News - 15/07/2025 07:31:04 | Foto: Arquivo Pessoal/Davi Beltrame

Uma equipe brasileira ficou em primeiro lugar na final mundial da competição juvenil “Robótica para o Bem”, realizada em Genebra, Suíça, na semana passada.

Os jovens Davi Roberto Beltrame, Laura Vaz Sverzut e João Vitor Piovezan, representaram o Brasil, superando outras 20 equipes de várias partes do mundo. O desafio era a criação de robôs capazes de salvar vidas em desastres naturais.

Ouro inesperado
João destacou a união do grupo, mas revelou que eles não tinham expectativas de conquistar o título.

“A gente já estava muito satisfeito só de estar indo pra Suíça. Levar o pódio já seria muito bom. Agora o ouro, isso é muito bom, é reconfortante, é o êxtase”.

O três são da equipe Sancabots ao Resgate, também composta por Maria Antônia Marquês e Estevão Matias da Silva, que não puderam ir a Genebra, mas foram homenageados dando nome aos robôs que ganharam o troféu de ouro. Todos os membros da equipe são alunos do Instituto Federal de São Paulo, IFSP.

Resgate em desastres naturais
Davi explicou que o robô chamado Maria tinha a função de resgatar pessoas feridas ou que precisavam ir para um refúgio, representadas por peças vermelhas no circuito da competição. Já o robô batizado como Estevão, atua no resgate em meio a escombros.

“A gente teve que fazer modificações para conseguir melhorar nossa pontuação. E a ideia dele era salvar as peças do meio dos escombros, literalmente do desastre natural. E a nossa ideia com essa garra foi: ela tem que começar em pé, porque o circuito tem um limite de espaço e aí a gente faz com que ela desça em certo momento para que as peças, as vítimas que a gente vai levar para o hospital, elas fiquem paradas aqui. E essas esteiras vão tirando os escombros para fora para levar somente as vítimas para o hospital”.

O torneio foi um dos destaques do evento “Inteligência Artificial para o Bem”, organizado pela União Internacional de Telecomunicações, UIT.

O potencial da IA
Na hora da disputa os competidores só podem ligar os robôs, que devem executar toda a missão sozinhos, guiados por códigos de programação. Laura comentou que eles usaram a inteligência artificial para aperfeiçoar esses códigos.

Ela acredita que a tecnologia pode impulsionar ainda mais a eficiência dos robôs melhorando a interação entre eles.

“Uma coisa que a gente pode usar a inteligência artificial no futuro é para a comunicação dos robôs. A gente não usou isso na competição por falta de tempo. Mas seria uma coisa muito legal, por exemplo, a Maria falar “eu já consegui salvar as vítimas aqui” ou então “eu não consigo salvar essa, você consegue pegar?”. Essa é uma coisa que seria muito útil no futuro”.

Laboratório de ideias para o bem da humanidade
Laura disse que participar de um evento focado em usos positivos da inteligência artificial mudou sua visão sobre a tecnologia.

“Pouco antes de começar a competição, eu tinha um olhar muito chato até sobre a inteligência artificial. Eu achava que era uma coisa que vinha pra estragar, que vinha pra tirar emprego e tornar as coisas mais perigosas. Mas eu vi com essa competição, o AI for Good é um evento gigantesco. E não tinha só a competição, tinha várias outras pessoas com diversas outras ideias. E eu vi o quanto a inteligência artificial pode ser útil para a vida humana”.

Para Davi, a IA tem o potencial de acelerar inovações que podem beneficiar muitas pessoas.

“É claro, depende de como se usa e para que se usa. Mas se usada da forma certa e no lugar certo, a inteligência artificial pode salvar muitas vidas e ajudar muitas pessoas e fazer com que o futuro chegue muito mais rápido”.

O potencial da robótica no Brasil
João destacou que no processo de desenvolvimento dos robôs, a inteligência artificial foi usada para reforçar processos criativos, tanto na montagem das peças como nos códigos de programação, ajudando “a adicionar e não a subtrair conhecimentos”.

Ele ressaltou o potencial do Brasil na área da robótica e pediu mais apoio para jovens.

“No Brasil a robótica não tem o reconhecimento devido, porque ele tem muito potencial. O Brasil tem muito potencial. Sucessos não se alimentam só de oportunidade ou só competência, é sempre um conjunto. E no Brasil a gente tem muita competência, só que às vezes pode faltar oportunidade”.

Os jovens lembraram que na etapa inicial da competição, ainda no nível nacional, simulavam o circuito usando materiais muito simples, como placas de gesso e tijolos. Eles foram aperfeiçoando os robôs a cada etapa da competição, adicionando novas peças e funções para superar falhas e assim conquistar o título de campeões.

A equipe Sancabots ao Resgate recebeu apoio e fomento por meio do programa Polos Olímpicos, do Ministério da Educação do Brasil.

*Felipe de Carvalho é redator da ONU News.

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