Elogiada por Bolsonaro, Chapecó só reduziu mortes após lockdown de 14 dias em março

Casos ativos de covid caíram 61% com medidas restritivas; prefeito bolsonarista atribui resultado a

Elogiada por Bolsonaro, Chapecó só reduziu mortes após lockdown de 14 dias em março
Elogiada por Bolsonaro, Chapecó só reduziu mortes após lockdown de 14 dias em março

Brasil De Fato - 06/04/2021 18:57:35 | Foto: Divulgação/Prefeitura de Chapecó

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) anunciou esta semana uma visita a Chapecó (SC), cidade que, segundo ele, seria um exemplo do sucesso do suposto "tratamento precoce" contra a covid-19, baseado em medicamentos sem eficácia comprovada.

A contradição é que, no município catarinense, os casos ativos da doença caíram 61% após 14 dias de lockdown , medida restritiva criticada por Bolsonaro.

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O discurso do presidente encontra respaldo na narrativa divulgada pelo prefeito de Chapecó, o bolsonarista e ex-deputado federal João Rodrigues (PSD). Os dois são amigos de longa data e foram colegas na Câmara, como membros da chamada "bancada da bala".

A versão divulgada por Rodrigues atribui a redução dos casos de covid à montagem de um ambulatório especializado no chamado "tratamento precoce", em janeiro. Os remédios mais utilizados são azitromicina e ivermectina, nenhum deles reconhecido como eficaz no tratamento ou na prevenção do coronavírus.

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Negacionista, o prefeito também liberou, no início da gestão, eventos com aglomeração na cidade, ampliando o horário de funcionamento de bares. Os casos de covid explodiram em fevereiro, obrigando Rodrigues a decretar um lockdown de 14 dias em março, ampliando o número de leitos de UTI. A queda de 61% foi registrada justamente ao final desse período.

Para Bolsonaro, o prefeito fez um “trabalho excepcional” em resposta à covid-19. As UTIs continuam com lotação acima de 95%. A cidade tem 537 mortos pela pandemia, dos quais 410 foram registrados neste ano, durante a gestão do atual prefeito.

João Rodrigues foi condenado em duas instâncias e preso em 2018 após dispensa irregular de licitação quando era prefeito de Pinhalzinho (SC), município vizinho a Chapecó. Ele só pode se candidatar em 2020 após decisão liminar de Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Edição: Poliana Dallabrida

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