Dez cursos da UnB estão entre os melhores do mundo em ranking

Decana substituta de Pesquisa e inovação da UnB, Claúdia Amorim, afirma que o ranking mostra a entrega da UnB de conhecimento científico mesmo com cortes em pesquisa

Dez cursos da UnB estão entre os melhores do mundo em ranking
Dez cursos da UnB estão entre os melhores do mundo em ranking

Talita De Souza* - Correioweb - 04/03/2021 06:53:24 | Foto: UnB/Divulgação

A área de matemática da universidade aparece pela primeira vez no ranking de matérias. Em 2020, a instituição apareceu no ranking com nove disciplinas

Divulgada nesta quarta-feira (3/3), a 11ª edição do QS World University Rankings by Subject (que analisa o desempenho de 51 áreas acadêmicas de mais de 1,4 mil universidades do mundo) reafirmou a qualidade de ensino de instituições do Brasil e do mundo. O ranqueamento é feito por analistas do ensino superior da empresa britânica QS (Quacquarelli Symonds).

 (crédito: Vinicius Cardoso Vieira / CB/ D.A Press)

(crédito: Vinicius Cardoso Vieira / CB/ D.A Press)

No total, 32 universidades brasileiras aparecem na lista. Entre as instituições do país, a Universidade de Brasília (UnB) foi a 9ª mais listada, emplacando 10 disciplinas no ranking. Das universidades brasileiras incluídas na pesquisa, apenas três são particulares. As outras são públicas.

A Universidade Harvard e o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) são as instituições de ensino com melhor desempenho, ocupando o primeiro lugar em 12 disciplinas. As instituições de ensino do Reino Unido também ganham destaque: 13 das 51 áreas de conhecimento são lideradas por universidades britânicas, sendo cinco delas pela Universidade de Oxford.

A Universidade Harvard é a com melhor desempenho do ranking
A Universidade Harvard é a com melhor desempenho do ranking (foto: Michael Fein)

Na Ásia, duas universidades de Cingapura mostram ótimo desempenho. A Universidade Tecnológica Nanyang é a primeira em ciência de materiais, e a Universidade Nacional de Cingapura lidera o ranking de engenharia de petróleo. De acordo com a organizadora do ranking, as duas instituições receberam grandes aportes financeiros para a área de pesquisa.

Ensino superior brasileiro demonstra bom desempenho em saúde e agricultura

Odontologia, medicina, engenharia de petróleo e agricultura são as áreas em que as 32 universidades brasileiras no ranking conseguiram melhor desempenho. Entre as 32 instituições de ensino brasileiras que aparecem no ranking, apenas três são particulares: a Fundação Getulio Vargas (FGV) e as pontifícias universidades católicas de São Paulo (PUC-SP), do Rio de Janeiro (PUC - Rio) e do Rio Grande do Sul (PUC-RS).

Além disso, quatro disciplinas de universidade brasileiras conquistaram uma posição entre as 50 melhores do mundo na área delas pela primeira vez; sendo três da USP e uma da Unicamp. As três disciplinas estreantes da Universidade de São Paulo são hospitalidade e turismo (37º lugar), ciência política e relações internacionais (50ª posição) e antropologia (44ª). A Universidade Estadual de Campinas emplacou engenharia agrícola e ambiental (49º lugar).

Unifesp também está entre as melhores na área de odontologia
Unifesp também está entre as melhores na área de odontologia (foto: Alex Rerpeit/DC Unifesp)

A Universidade de São Paulo (USP) foi considerada a melhor instituição de ensino superior da América Latina: tendo 13 programas entre os 50 melhores do mundo. O maior destaque da universidade foi alcançado em odontologia: a USP ocupa a 13ª posição global, um aumento de cinco posições em relação a 2020.

A Universidade Estadual Paulista (Unesp) subiu 15 posições em odontologia e ocupa o 22º lugar da disciplina. A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) não fica muito atrás e ocupa a 26ª posição na área odontológica.

Instituições brasileiras também garantiram posições entre as 50 melhores do mundo na disciplina de engenharia do petróleo, com a Unicamp (28ª) e a USP (29ª). Já em agricultura, 17 universidades do país aparecem no ranking.

Lista de universidades em destaque no ranking QS
Lista de universidades em destaque no ranking QS (foto: Talita de Souza/Eu Estudante)

As 22 universidades brasileiras com melhores pesquisas e formações em medicina:

Medicina é a área de conhecimento com o maior número de faculdades brasileiras no ranking: 22 apresentam programas entre os melhores do mundo, entre elas estão as universidades federais do Rio Grande do Sul (UFRGS), de Minas Gerais (UFMG) e de Goiás (UFG). Confira o ranking:

  • Nome da instituição - posição ou faixa de posição mundial
  1. Universidade de São Paulo (USP) - 85ª
  2. Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) - 201ª - 250ª
  3. Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) - 201ª - 250ª
  4. Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) - 201ª - 250ª
  5. Universidade Federal do Rio Grande Do Sul (UFRGS) - 201ª - 250ª
  6. Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) - 251ª - 300ª
  7. Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp) - 351ª - 400ª
  8. Universidade de Brasília (UnB) - 401ª - 450ª
  9. Universidade Federal da Bahia (UFBA) - 401ª - 450ª
  10. Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) - 401ª - 450ª
  11. Universidade Federal do Paraná (UFPR) - 401ª - 450ª
  12. Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) - 451ª - 500ª
  13. Universidade Federal de Pelotas (UFPEL) - 451ª - 500ª
  14. Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) - 501ª - 550ª
  15. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) - 501ª - 550ª
  16. Universidade Federal do Ceará (UFC) - 501ª - 550ª
  17. Universidade Federal do Pernambuco (UFPE) - 551ª - 600ª
  18. Universidade Estadual de Londrina (UEL) - 601ª - 650ª
  19. Universidade Federal de Goiás (UFG) - 601ª - 650ª
  20. Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) - 601ª e 650ª
  21. Universidade Federal do Rio Grande Do Norte (UFRN) - 601ª - 650ª
  22. Universidade Federal Fluminense (UFF) - 601ª - 650ª

Brasil se destaca na pesquisa contra a covid-19

O vice-presidente sênior de serviços profissionais da QS, Ben Sowter, afirma que o ranking é uma boa notícia para as universidades brasileiras. “A universidade principal do Brasil (a USP) continua a afirmar seu status de potência de pesquisa do continente. Mas também vimos exemplos notáveis de outras instituições”, diz.

Ben incentiva as universidades a promover mais parcerias internacionais. “Para continuar melhorando em nossos rankings, as instituições brasileiras devem continuar a se envolver em parcerias internacionais, com ênfase em pesquisas que tenham implicações práticas claras”, sugere.

Ele destaca a experiência da Universidade Federal do Paraná (UFPR). “A recente parceria entre a UFPR e a Universidade de Tübingen, na Alemanha, criou um teste de detecção de covid-19 em 12 minutos. Isso colocou os pesquisadores brasileiros na vanguarda da resposta à pandemia global”, elogia.

UnB é destaque em mais uma disciplina entre as melhores do mundo

A Universidade de Brasília (UnB) foi listada 10 vezes no ranking, uma a mais do que em 2020. A novidade é o aparecimento do curso de matemática da instituição brasiliense entre os melhores do mundo: ele está entre a posição 450ª e 500ª entre 1,4 mil universidades.

UnB é listada 10 vezes no ranking
UnB é listada 10 vezes no ranking (foto: Secom/UnB)

Em seis disciplinas, a UnB manteve o posicionamento obtido em 2020: agricultura (entre as 201 e as 250 melhores), ciência da computação (entre 501 e 550), economia (entre 401 e 450), ciências ambientais (entre 351 e 400), direito (entre 251 e 300) e sociologia (entre 201 e 250).

Nas outras três áreas, houve queda nas posições. A área de química estava, em 2020, entre as posições 551ª e 600ª e, neste ano, foi para o intervalo entre 601ª e 620ª. Ciências biológicas foi outra área que registrou queda no ranqueamento: passou de estar entre os 401 e os 450 melhores cursos para o intervalo entre os 451 e os 500 melhores cursos.

Por fim, o curso de medicina também registrou queda: estava entre os 351 e os 400 melhores e, neste ano, passou para intervalo entre os 401 e os 450 com melhor desempenho.

Para a decana substituta de Pesquisa da UnB, Cláudia Naves Amorim, o reconhecimento da universidade em rankings é uma prova de que a instituição tem conseguido manter a produção de conhecimento mesmo com grandes cortes no orçamento.

“O resultado mostra que continuamos a desenvolver pesquisa de excelência mesmo com os cortes na área, que são imensos. Com o suporte financeiro que temos hoje, estamos tendo visibilidade alta”, conta.

A falta de financiamento em pesquisa causou a queda do ensino superior do Japão, considerado pelo ranking como um dos piores na área após a desvalorização das instituições.

“Se estivéssemos recebendo auxílio suficiente, seria normal estar em rankings, mas, como não estamos, é preciso considerar o fato de que, ainda na escassez, entregamos coisas boas”, aponta a decana.

Decana substituta de Pesquisa e inovação da UnB, Claúdia Amorim, afirma que o ranking mostra a entrega da UnB de conhecimento científico mesmo com cortes em pesquisa
Decana substituta de Pesquisa e inovação da UnB, Claúdia Amorim, afirma que o ranking mostra a entrega da UnB de conhecimento científico mesmo com cortes em pesquisa (foto: UnB/Divulgação)

O reconhecimento em pesquisa é reafirmado pelo ranking, visto que um dos componentes de classificação é a reputação acadêmica, etapa na qual a consultoria QS entrevista acadêmicos de todo mundo e pede que listem universidades que considerem excelentes na área de pesquisa do entrevistado.

Por este motivo, ela comemora também o aparecimento de uma nova área no ranking. “Tem disciplinas que nunca tinham aparecido nos rankings, como a de matemática. Isso mostra uma evolução na área e uma consequente aparição para novos parceiros, novos pesquisadores, o que pode gerar mais desenvolvimento”, diz.

A UnB, inclusive, tem tomado medidas para auxiliar pesquisadores nacionais e internacionais, assim como empresas que produzem este tipo de ranking, a encontrarem mais facilmente os conteúdos produzidos pela universidade.

“Neste último ano, temos tentado dar visibilidade para a pesquisa. Um dos pontos trabalhados foi organizar nosso site, criar a aba Pesquisa e inovação, e colocar lá os dados dos pesquisadores, as pesquisas e os artigos”, relata Cláudia.

“Temos uma massa de pesquisa imensa e organizar ajuda na visibilidade, fomenta parcerias e também ajuda no reconhecimento. Há rankings que só trabalham com dados de sites das universidades”, observa.

De acordo com o site da UnB, há mais de 600 grupos de pesquisa certificados no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) em várias áreas do conhecimento, além de 4 Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCTs). A área de matemática, nova no ranking, conta com 17 grupos de pesquisa.

Ranking usa metodologia de pesquisa e inovação

O QS World University Ranking é feito desde 2004, mas, apenas a partir de 2020, o levantamento incluiu mais um componente de classificação: a indicação de universidades por quase 95 mil pesquisadores acadêmicos do mundo.

Os outros componentes considerados são: a reputação entre empregadores, citações de pesquisa por artigo e o índice H.

O primeiro se refere a indicações de universidades feitas por empresas que contratam pós-graduados. Já a citação por artigo é a contagem de quantas vezes um documento acadêmico foi citado. Por último, o Índice H é uma pontuação formada pela junção do número de artigos mais citados de uma área e o número de citações que eles receberam em outros artigos.

Confira as 32 universidades que aparecem no ranking, por ordem de vezes que foi mencionada:

  1. Universidade de São Paulo (USP) - 44 vezes
  2. Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) - 29
  3. Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) - 27
  4. Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) - 20
  5. Universidade Federal do Rio Grande Do Sul (UFRGS) - 16
  6. Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp) - 15
  7. Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) - 14
  8. Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) - 11
  9. Universidade de Brasília (UnB) - 10
  10. Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)- 10
  11. Fundação Getulio Vargas (FGV) - 6
  12. Universidade Federal do Paraná (UFPR) - 6
  13. Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) - 4
  14. Universidade Federal do Pernambuco (UFPE) - 4
  15. Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) - 3
  16. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) - 2
  17. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) - 2
  18. Universidade Estadual de Londrina (UNEL) - 2
  19. Universidade Federal de Viçosa (UFV) - 2
  20. Universidade Federal Fluminense (UFF) - 2
  21. Universidade Federal da Bahia (UFBA) - 1
  22. Universidade Federal da Paraíba (UFPB) - 1
  23. Universidade Federal de Goiás (UFG) - 1
  24. Universidade Federal de Lavras (UFLA) - 1
  25. Universidade Federal de Pelotas (UFPEL) - 1
  26. Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) - 1
  27. Universidade Federal de Uberlândia (UFU) - 1
  28. Universidade Federal do Ceará (UFC) - 1
  29. Universidade Federal do Rio Grande Do Norte (UFRN) - 1
  30. Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) - 1

*Estagiária sob supervisão da subeditora Ana Paula Lisboa

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