“Quando a pandemia começou a gente não sabia como utilizar a internet para se comunicar”: conheça a mobilização do Centro das Mulheres de Pombos frente à pandemia de Covid-19
Portal Onu Mulheres De Noticias - 19/08/2021 08:38:44 | Foto: Elizete Maria da Silva/Acervo Pessoal
Com apoio de ONU Mulheres, o Centro das Mulheres de Pombos desenvolveu ações voltadas ao fortalecimento político, econômico e social de mulheres de 12 municípios pernambucanos
Elizete Maria da Silva é coordenadora do Centro das Mulheres de Pombos, que teve projeto apoiado pela ONU Mulheres na resposta à Covid-19
Março de 2020. Elizete Maria da Silva, coordenadora do Centro das Mulheres de Pombos, participava de sua última reunião presencial no Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais de Pernambuco (MMTR-PE). Naquele momento, ela não imaginava o quanto sua vida e a das mulheres ao seu redor e de sua comunidade seriam impactadas pela pandemia de Covid-19 e as medidas de isolamento social.
Com mais de 35 anos de atuação política, o Centro das Mulheres de Pombos correu o risco de parar suas atividades com foco na formação e participação política das mulheres com a chegada da pandemia. A história do Centro e das lutas sociais no município se confundem. A organização esteve à frente da primeira greve na educação de Pombos (1989), juntamente com as professoras da rede municipal, além de liderar ações pelo direito a saúde, educação e trabalho digno. Mas essa extensa trajetória foi fragilizada pelo contexto da pandemia de Covid-19. O ano de 2020 foi marcado por um duro e longo processo de adaptação para Elizete, as companheiras do Centro e as mulheres que participavam das atividades desenvolvidas presencialmente.
“Quando a pandemia veio foi um caos total, porque fechou tudo. A gente ficou sem ter dinheiro para trabalhar e sem poder sair. E a gente e nem sabia como utilizar a internet para se comunicar”, lembra Elizete. Os casos de violência doméstica começaram a crescer e muitas mulheres buscavam o Centro relatando situações de abuso, depressão e dificuldades em lidar com o isolamento social.
Enfrentando o isolamento e a solidão das mulheres – “A gente não podia ficar isolada, então fomos brigar para poder utilizar a internet e poder nos comunicar de longe. Precisávamos de um apoio para, mesmo separadas, ficarmos ligadas umas com as outras.”
A oportunidade de enfrentar esses e outros desafios veio com a aprovação por ONU Mulheres do projeto “Mulheres Rurais de Pernambuco na Defesa de seus Direitos num Contexto de Pandemia da Covid-19”. O objetivo do projeto foi construído em torno do fortalecimento do processo organizativo das mulheres rurais de Pernambuco e para contribuir com o empoderamento político e econômico das mulheres de 12 municípios de três zonas/mesorregiões da Mata, Agreste e Sertão pernambucano no contexto da pandemia.
Através da internet, o Centro das Mulheres de Pombos ultrapassa as fronteiras de Pernambuco e pode alcançar mulheres de todo o Brasil, algo não pensado pela organização em tempos anteriores à pandemia. Por meio da tecnologia, a organização conseguiu realizar uma campanha de comunicação para o enfrentamento à violência contra as mulheres em tempos de pandemia, que reúne podcasts, spots de rádio, lives e peças que informam a população sobre como buscar apoio, proteção e como denunciar casos de violência contra as mulheres.
Uma grande preocupação do Centro também se debruça em ajudar as mulheres a lidarem com a ansiedade e as angústias provocadas pela pandemia. Uma forma de driblar o problema é com a realização de oficinas sobre saúde mental que acolhem as mulheres que vivenciam situações sensíveis, como o luto, a depressão e a violência.
Fortalecimento organizacional – O Centro também tem sido fortalecido internamente a partir do apoio de ONU Mulheres, segundo Elizete, no manejo com as tecnologias de informação e comunicação (TIC), na formação para utilização de aplicativos e ferramentas de internet, e na aquisição de equipamentos.
“Este recurso tem nos ajudado muito a nos manter de pé, a nos manter vivas, ligadas umas com as outras. Hoje temos condições de fazer reuniões com o MMTR quase toda semana e o projeto nos deu impulso para conseguir outros apoios e fazer articulações com parcerias locais”, explica a coordenadora do Centro das Mulheres de Pombos.
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