Com alta demanda em Alcântara, Brasil mira em polo no Rio Grande do Norte 

Quando começou o Programa Espacial Brasileiro?

Com alta demanda em Alcântara, Brasil mira em polo no Rio Grande do Norte 
Com alta demanda em Alcântara, Brasil mira em polo no Rio Grande do Norte 

Foto: © Sargento Mônica/FAB

Quando começou o Programa Espacial Brasileiro?

Lucas Morais E Angélica Fontella - Agência Sputnik Brasil - 02/12/2024 10:20:57 | Foto: © Sargento Mônica/FAB

Após o primeiro lançamento do foguete em parceria com a iniciativa privada no fim de 2022, o sucesso operacional da base de Alcântara, no Maranhão, já levou a estrutura a empenhar 85% de sua capacidade operacional para o próximo ano. Com o investimento especial em alta no país, a FAB volta a lançar equipamentos na unidade do Rio Grande do Norte.

Página virada: esse é o termo que define a retomada do Programa Espacial Brasileiro após uma década de apagão orçamentário, quando apenas R$ 2 bilhões foram empenhados ante R$ 5,7 bilhões previstos — o novo ciclo de investimentos iniciados em 2022 segue de vento em popa.

Prova disso é que a base de Alcântara, uma das mais promissoras do mundo por conta da localização estratégica na linha do Equador, já está com 85% da capacidade prevista para ser usada no próximo ano.

A situação levou a Força Aérea Brasileira (FAB) a ampliar os lançamentos a partir da Barreira do Inferno, em Parnamirim, no Rio de Grande do Norte.

Desde o início da última semana, acontece nesta sexta-feira (29), na base, a primeira fase da Operação Potiguar, que enviou ao espaço o foguete suborbital VS-30-V15, que conta com tecnologia nacional produzida pelo Instituto Aeronáutico do Espaço (IAE).

O coronel aviador Christiano Pereira Haag, que é diretor da unidade, explicou à Sputnik Brasil que o objetivo da ação é atender a crescente demanda do mercado mundial no setor.

"Alcântara, para o ano que vem, já está com 85% do seu slot ocupado, então a ampliação de outro centro de lançamento vai ser primordial para o desenvolvimento do Brasil no Programa Espacial Brasileiro. Esse foguete agora que estão lançando não tem nenhum dinheiro de parceiros externos", explica.

Conforme o coronel, o foguete consegue ultrapassar a barreira de 100 quilômetros de altura e, antes de retornar para a Terra, entra em situação de microgravidade, o que permite realizar diversos estudos.

"Em lançamentos suborbitais, nós conseguimos fazer vários experimentos que ajudam a melhorar o dia a dia das pessoas. Por exemplo, conseguimos validar tecnologias espaciais, conseguimos fazer testes de remédios, testes de ligas metálicas, entre outros", acrescenta.

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Em 1961, o então presidente Jânio Quadros criava o grupo de organização da Comissão Nacional de Atividades Espaciais (CNAE), que dava o pontapé ao programa espacial do país. Atualmente, o Brasil se destaca no lançamento de satélites, enviados ao espaço a partir de foguetes. O coronel aviador enfatiza que a operação na Barreira do Inferno ajuda a desenvolver a tecnologia nacional.

"O centro da Barreira do Inferno sempre esteve ativo. Nós já lançamos mais de 3 mil engenhos espaciais, sendo que nos outros anos estávamos vocacionados para detectar missões de rastreio. O que seria o rastreio? Seria o monitoramento de foguetes e satélites lançados daqui ou de outros centros ao redor do mundo", conta.

Além disso, o projeto na unidade é um braço do Programa de Microgravidade da Agência Espacial Brasileira (AEB). "Os testes em ambientes de microgravidade têm impacto na vida dos brasileiros diretamente no dia a dia. São algumas tecnologias que nós utilizamos e, muitas vezes, não sabemos como foi criado", pontua.

Já com relação à unidade no Rio Grande do Norte, o diretor lembra ainda que a estrutura fica em uma área estratégica, próxima ao Aeroporto Internacional de Natal e ao porto. "É um polo que facilita muito a integração de qualquer ente que queira lançar da base por conta da facilidade logística. E também estamos em um área marítima, o que dá mais segurança para a operação de lançamento. Esse é um ponto importante, além da necessidade da FAB em ampliar a capacidade brasileira a partir dessa estrutura que já estava instalada", finaliza.

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O ciclo do programa espacial entre 2022–2031 traz diferentes realidades orçamentárias para o período, que vai de R$ 1,2 bilhão a R$ 13,2 bilhões. O plano ainda conta com dois projetos que envolvem parceiros internacionais: China e Argentina.

Com os chineses está em desenvolvimento o satélite CBERS-6: a metade brasileira do equipamento é feita pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em São José dos Campos. Ao todo serão investidos US$ 100 milhões (R$ 601 milhões) no projeto, e a expectativa é de que seja lançado em 2028.

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