Vanda Ortega, enfermeira indígena, é a primeira pessoa vacinada contra Covid no Amazonas.
Por Carolina Cruz, G1 Df - 26/02/2021 07:54:45 | Foto: Rede Amazônica
Lideranças de diversas regiões do país relatam falta de vacinas e pessoal para atender comunidades. G1 aguarda posicionamento do Ministério da Saúde.
Caciques indígenas de diversas regiões do país desembarcaram em Brasília, nesta semana, para cobrar melhorias no atendimento de saúde, nas aldeias, durante a pandemia da Covid-19. Um grupo de lideranças relatou ao G1 que o cenário é de "crise" nas comunidades, com falta de pessoal, medicamentos e difícil acesso às vacinas.
Vacinação contra a Covid-19 — Foto: TV Globo/ Reprodução
Representantes de aldeias de seis estados – Mato Grosso, Mato GRosso do Sul, Bahia, Pará, Amazonas e Maranhão – estiveram, nesta quinta-feira (25), no Ministério da Saúde. Os caciques queriam se reunir com um representante da pasta, no entanto, segundo eles, não foram atendidos.
O G1 aguarda um posicionamento do ministério.
A reivindicação por atendimento de saúde ocorre enquanto a contaminação avança nas comunidades. De acordo com o mais recente boletim epidemiológico da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), divulgado na quarta-feira (24), há atualmente 3.370 indígenas infectados no país ( saiba mais abaixo ).
As lideranças criticam a gestão do secretário especial de Saúde Indígena, Robson Santos da Silva e alegam falta de diálogo.
O cacique Raimundo Carlos da Silva Guajajara, da aldeia Belo Sonho Buritirana, de Grajaú (MA), criticou a distribuição de vacinas contra Covid-19. Ele diz que há dificuldade de conseguir "respostas" das autoridades e afirma que o grupo não vai sair de Brasília "até que o problema se resolva".
"A vacina não chegou para todos. A gente se sente discriminado", diz Raimundo Guajajara.
Em nota publicada na quinta-feira passada, dia 18 de fevereiro, o governo do Maranhão reconhece que "entre os municípios que estão com baixa cobertura de vacinação estão aqueles que contam com grande concentração de indígenas". No entanto, destaca que 2,3% deles se recusam a receber as doses por "desinformação", por acreditar que supostos efeitos colaterais podem levar à morte.
Ao G1, Raimundo Guajajara disse que os casos de recusa são minoria. "Pode até ser que esteja acontecendo, mas nós estamos aqui reivindicando o direito de quem quer vacinar e não tem vacina".
De acordo com o mais recente boletim epidemiológico da Sesai, divulgado na quarta-feira (24), há atualmente 3.370 indígenas aldeados infectados no Brasil. Desde o início da pandemia, houve 43.434 casos da Covid-19 confirmados nas aldeias e 574 mortes.
Conforme boletim da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas, região que concentra os municípios com maior população indígena do país, a campanha de vacinação contra o novo coronavírus na região alcançou 57% dos indígenas até a última quarta-feira (24): 57.706 vacinados entre o total de 100.642.
O G1 questionou a Sesai sobre o total de indígenas já vacinados no país, mas não tivemos resposta até a publicação desta reportagem.
No DF, a Secretaria de Saúde afirmou que o público-alvo de indígenas seria de aproximadamente 300 pessoas. No entanto, até o último balanço – com dados até domingo (21) – 97 foram vacinados. Em nota ao G1, a pasta informou que a vacinação para este público "ainda está em andamento".
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