Cachoeira famosa do pantanal é recuperada após seca com projeto de desassoreamento

Ver a cachoeira sem água foi um alerta importante sobre a saúde do rio do Peixe.

Cachoeira famosa do pantanal é recuperada após seca com projeto de desassoreamento
Cachoeira famosa do pantanal é recuperada após seca com projeto de desassoreamento

Catarina Ferreira, São Paulo, Sp (folhapress) - 17/02/2025 15:58:34 | Foto: Reprodução Facebook Post de Viajali

A cachoeira do Peixe, na cidade de Rio Negro (MS), secou completamente em outubro do último ano. Após projeto que envolveu monitoramento via satélite e correções do solo para desobstruir o curso do rio, o fluxo da segunda maior cachoeira do estado –e uma das mais conhecidas do pantanal– foi restaurado há poucas semanas.

A ação do IHP (Instituto do Homem Pantaneiro), organização sem fins lucrativos que trabalha na preservação do bioma, envolveu cerca de 20 pessoas em uma área de 40 hectares. O trabalho em campo foi feito com a ajuda da Polícia Militar Ambiental e de proprietários de terras em que o rio passa.

Ver a cachoeira sem água foi um alerta importante sobre a saúde do rio do Peixe, conta Sérgio Barreto, biólogo e analista que acompanhou o projeto. Apesar da grave estiagem que a região enfrentou no último ano, com recorde de secas e queimadas, ele afirma que a falta de chuva sozinha não seria o suficiente para interromper totalmente a passagem da água.

A volta das chuvas em dezembro contribuiu para que o resultado da ação pudesse ser visto com rapidez, aumentando o fluxo de água do rio. Entre monitoramento, testes, diagnóstico e execução foram cerca de quatro meses, diz o biólogo.

"O rio do Peixe é um dos principais afluentes do Rio Negro, um dos principais contribuintes do nosso pantanal. Além disso, é importante para reprodução de peixes, principalmente os do rio Negro, que usam o local para reprodução", explica.

A cidade de Rio Negro fica a 153 km de Campo Grande. Além da importância para pesca de subsistência de moradores da região e para o equilíbrio do ecossistema já fragilizado, a queda d'água de 70 metros move o turismo na cidade.

Entre os problemas encontrados no curso do rio, da nascente até a queda d'água, a equipe do IHP identificou obstruções formadas pela própria vegetação, devido a processos de erosão e desmatamento, e outras feitas com intervenção humana, para desviar a água do rio para abastecer uma determinada região.

"A gente viu que era possível, com uma correção de solo e com algumas soluções nas áreas de nascente, aumentar e melhorar esse fluxo permitindo que a cachoeira voltasse", conta Barreto.

A nascente do rio fica em uma propriedade privada, a Fazenda Arara Azul. Para conscientizar os proprietários de que a correção era necessária, o IHP visitou as fazendas com o acompanhamento da Polícia Militar Ambiental. O projeto também teve apoio da ADM Cares, multinacional que comercializa grãos e insumos para nutrição humana e animal.

"Os fazendeiros disponibilizaram seu maquinário e seus funcionários para que a gente pudesse executar essas correções", conta Barreto.

Conscientizar os proprietários da importância da preservação, diz o especialista, também foi parte do trabalho, que envolveu mostrar a eles que a recuperação da área é um investimento para evitar perdas com o processo de erosão do rio.

A desobstrução do curso da água foi apenas o primeiro passo do projeto. O segundo, já em andamento, é a recuperação da mata ciliar, que protege as margens do curso d'água. "Isso é o que faz com que o rio tenha estabilidade. Mas quando a gente fala em recuperação com plantio, a resposta é um pouco mais longa."
Segundo ele, mesmo com a expectativa de uma nova estiagem para este ano, a cachoeira não deve secar completamente após esse trabalho. "Ela pode reduzir seu fluxo a baixíssimos níveis, mas não é mais para secar. Se secar vamos avaliar e fazer um novo levantamento", explica.

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