Brasil registra 278,2 mil focos de incêndio no ano, pior número desde 2010

O número é o pior desde 2010, quando 523.355 focos foram detectados.

Brasil registra 278,2 mil focos de incêndio no ano, pior número desde 2010
Brasil registra 278,2 mil focos de incêndio no ano, pior número desde 2010

Foto: Valter Campanato - Agência Brasil

O número é o pior desde 2010, quando 523.355 focos foram detectados.

Mateus Vargas, Brasília, Df (folhapress) - 05/01/2025 09:11:08 | Foto: Valter Campanato - Agência Brasil

O Brasil registrou 278.229 focos de incêndio durante todo o ano de 2024, pior número desde 2010, quando houve 319.383 ocorrências deste tipo.

Os focos de incêndio aumentaram 46% em relação aos 189.891 registros de 2023, segundo dados do programa BD Queimadas, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

O monitoramento também aponta avanço de 48% nos focos de incêndio na América do Sul no último ano, com 511.575 registros. O número é o pior desde 2010, quando 523.355 focos foram detectados.

O Brasil concentra o maior número de ocorrências da região. O Equador teve 3.466 focos, um salto de 248%.

A temporada de fogo no Brasil começou mais cedo do que o normal em 2024. Em fevereiro e março, grandes incêndios atingiram Roraima, e, no pantanal, as chamas começaram a se alastrar ainda em junho.

O maior volume (140.328) de focos de incêndio foi detectado na amazônia, um aumento de 42% sobre o ano anterior no bioma. Este foi o maior patamar desde 2007, quando foram registrados 186.463 focos.

No cerrado, foram 81.432 focos, um incremento de 60% em relação a 2023. A quantidade é a maior desde 2012, quando foram computados 90.579.

O pantanal teve uma disparada de 120% neste tipo de registro, com 14.498 focos, pior número desde 2020, quando houve 22.116 pontos detectados.

No último ano, São Paulo quebrou o recorde histórico de focos de incêndio do estado ainda em setembro.

O Brasil enfrentou uma seca histórica em 2024, influenciada pelo El Niño, que é intensificado pelas mudanças climáticas. A ministra do Meio Ambiente e Mudança Climática, Marina Silva, disse, em setembro, que estiagem foi a maior em 73 anos no pantanal e dos últimos 40 anos na amazônia.

Os dados do Inpe ainda apontam aumento de 423% nos focos de incêndio em São Paulo em 2024, maior percentual do país. O estado teve 8.702 registros do tipo. No Distrito Federal, o índice avançou 292%, com 349 focos.

O Pará teve 56.060 focos no último ano, um aumento de 34% nos registros. O número ainda é o maior verificado desde 2010. Em 2023, o estado praticamente havia repetido o volume de focos detectados do ano anterior.

No Amazonas, com 25.499 focos detectados, o índice subiu 30%. Em 2023, o estado havia registrado um recuo de 7%.

O monitoramento do Inpe também apontou uma diferença de 138% nos registros de 2024 da região Centro-Oeste. Já o Sudeste teve 145% a mais de focos de incêndio no último ano. Apenas a região Nordeste apresentou um recuo de 4%.

De janeiro até novembro, o fogo atingiu uma área de 297.680 km² no Brasil, equivalente à do Rio Grande do Sul (281.707 km²), segundo dados do Monitor do Fogo, da plataforma MapBiomas. O índice representa um aumento de 90% em relação ao mesmo período de 2023, quando a extensão queimada foi de 156.448 km².

O número acumulado nos primeiros 11 meses de 2024 é o maior desde 2019, quando começa a série histórica da ferramenta, que segue metodologia diferente da do Inpe.

Com o arrefecimento do período mais seco do ano, que facilita o espalhamento das chamas, a área queimada vem diminuindo desde setembro, quando ocorreu o pico dos incêndios em 2024. Ainda assim, a taxa chegou a 22 mil km² em novembro, o que equivale à área de Sergipe.

A plataforma ainda não atualizou os dados de 2024 incluindo o mês de dezembro. Considerando os primeiros 11 meses de 2024, a maior parte (57%) do território afetado pelo fogo fica na amazônia, de acordo com o MapBiomas.

Dos 169 mil km² impactados na região, 76 mil km² eram áreas de floresta -incluindo florestas alagáveis-, onde o fogo não ocorre naturalmente e a vegetação é sensível às chamas.

"Esse aumento desproporcional da área queimada no Brasil em 2024, principalmente a área de floresta, acende um alerta de que, além de reduzir o desmatamento, precisamos reduzir e controlar o uso do fogo, principalmente em anos onde as condições climáticas são extremas e podem fazer o que seria uma pequena queimada virar um grande incêndio", explicou em comunicado Ane Alencar, coordenadora do Monitor do Fogo e diretora de ciência do Ipam (Instituto de Pesquisa da Amazônia).

Em 2024, segundo os cientistas do MapBiomas, observou-se uma mudança preocupante no padrão das áreas atingidas pelo fogo: enquanto nos últimos seis anos as queimadas afetaram predominantemente áreas de pastagem, neste ano as florestas passaram a ser as mais impactadas.

O segundo bioma mais afetado pelo fogo de janeiro a novembro, de acordo com o Monitor do Fogo, foi o cerrado, com 96 mil km² queimados -85% deles em áreas de vegetação nativa. Em seguida vêm pantanal (19 mil km²), mata atlântica (10 mil km²), caatinga (2.975 km²) e pampa (33 km²).

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