Gilmar fala em 'resistência democrática' e critica big techs após ofensiva de Trump

Leia íntegra de resposta de Lula a carta do presidente Trump.

Gilmar fala em 'resistência democrática' e critica big techs após ofensiva de Trump
Gilmar fala em 'resistência democrática' e critica big techs após ofensiva de Trump

Renata Galf, São Paulo, Sp (folhapress) - 11/07/2025 07:14:12 | Foto: Gilmar Mendes, ministro do STF — Antonio Augusto/STF

ANA POMPEU, BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), afirmou que o Brasil vive hoje um momento de resistência democrática. Sem citar o anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de uma sobretaxa de 50% aos produtos brasileiros, o decano da corte também criticou big techs e lembrou ataques do 8 de janeiro de 2023.

Em uma publicação nas redes sociais nesta quinta-feira (10), o magistrado fez uma defesa da democracia brasileira, afirmando que o país faz uma defesa irredutível da Constituição.

"O que se escreve no Brasil hoje é um verdadeiro capítulo inédito na história da resistência democrática", disse.

O decano citou os ataques a ministros, que chamou de virulentos, e lembrou plano para matar autoridades, incluindo o ministro do STF Alexandre de Moraes.

"O que nenhuma outra democracia contemporânea enfrentou: uma tentativa de golpe de Estado em plena luz do dia, orquestrada e planejada por grupos extremistas que se valeram indevidamente da imunidade irrestrita das redes sociais", afirmou.

"Essas singularidades definem o momento histórico da democracia combativa brasileira: quando a defesa irredutível de preceitos constitucionais se transforma em imperativo civilizatório diante de forças que ameaçam não apenas as instituições nacionais, mas o próprio conceito de Estado de Direito no século XXI."
A respeito das plataformas digitais, o ministro fez referência à campanha contrária ao chamado PL das Fake News. Em maio de 2023, uma decisão de Moraes determinou a remoção dos anúncios e links do blog do Google contra o projeto.

"Nenhum outro parlamento nacional presenciou, atônito, uma campanha colossal de desinformação perpetrada por empresas de tecnologia que, com expedientes de mentiras e narrativas alarmistas, sabotaram o debate democrático sobre modernização dos marcos regulatórios", escreveu Gilmar Mendes.

Dias após pôr em curso uma ofensiva para defender Jair Bolsonaro, o presidente dos EUA decidiu impor uma sobretaxa de 50% ao Brasil e citou o aliado político na carta enviada ao presidente Lula (PT) nesta quarta-feira (9). É a maior tarifa extra entre as 22 anunciadas pelo americano nesta semana.

Segundo Trump, a sobretaxa será imposta, em parte, devido aos "ataques insidiosos do Brasil às eleições livres e aos direitos fundamentais de liberdade de expressão dos americanos".

Trump afirma que a forma como o Brasil tem tratado Bolsonaro é uma "vergonha" e que o julgamento contra o ex-presidente é uma "caça às bruxas que precisa ser encerrada".

Leia íntegra de resposta de Lula a carta do presidente Donald Trump

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) respondeu na quarta-feira (9) à carta em que Donald Trump anuncia sobretaxas de 50% aos produtos brasileiros. O petista rebate as afirmações do americano, dizendo ser falsa a premissa de que os Estados Unidos têm déficit comercial na relação, e adianta que o caso será respondido com base na Lei de Reciprocidade.

Lula também diz que o processo da trama golpista, a que Trump se refere na carta, está sendo tocado pela Justiça brasileira e não está sujeito a ingerências ou ameaças. Além disso, afirma que atos tomados pelo Brasil a respeito de plataformas digitais têm como objetivo combater conteúdos criminosos -como de ódio, racismo e pornografia infantil.

VEJA A ÍNTEGRA DA RESPOSTA
"Tendo em vista a manifestação pública do presidente norte-americano Donald Trump apresentada em uma rede social, na tarde desta quarta (9), é importante ressaltar:
O Brasil é um país soberano com instituições independentes que não aceitará ser tutelado por ninguém.

O processo judicial contra aqueles que planejaram o golpe de estado é de competência apenas da Justiça Brasileira e, portanto, não está sujeito a nenhum tipo de ingerência ou ameaça que fira a independência das instituições nacionais.

No contexto das plataformas digitais, a sociedade brasileira rejeita conteúdos de ódio, racismo, pornografia infantil, golpes, fraudes, discursos contra os direitos humanos e a liberdade democrática.

No Brasil, liberdade de expressão não se confunde com agressão ou práticas violentas. Para operar em nosso país, todas as empresas nacionais e estrangeiras estão submetidas à legislação brasileira.

É falsa a informação, no caso da relação comercial entre Brasil e Estados Unidos, sobre o alegado déficit norte-americano. As estatísticas do próprio governo dos Estados Unidos comprovam um superávit desse país no comércio de bens e serviços com o Brasil da ordem de 410 bilhões de dólares ao longo dos últimos 15 anos. Neste sentido, qualquer medida de elevação de tarifas de forma unilateral será respondida à luz da Lei brasileira de Reciprocidade Econômica.

A soberania, o respeito e a defesa intransigente dos interesses do povo brasileiro são os valores que orientam a nossa relação com o mundo."

Bolsonaristas comemoraram vitória de Trump, que agora impõe tarifa de 50% ao Brasil

Diferentes políticos da direita bolsonarista comemoraram a eleição de Donald Trump como novo presidente dos Estados Unidos, político que agora decidiu impor uma tarifa de 50% ao Brasil.

Atualmente o Brasil paga uma sobretaxa de 10%, que tinham sido anunciadas por Trump em 2 de abril. Agora, segundo anúncio desta quarta-feira (9), a taxação aumentará para 50% a partir de 1º de agosto. Adicionalmente, o país continuará pagando as tarifas de 50% sobre a importação de aço e alumínio.

Entre as cenas de endosso a Trump mais emblemáticas está uma protagonizada pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Em vídeo postado em seu próprio perfil, ele aparece colocando um boné vermelho com o slogan trumpista "Make America Great Again" (faça a América grande novamente) e diz, sorrindo, "grande dia".

Antes, em novembro, o governador paulista tinha divulgado um vídeo exaltando o resultado da eleição: "Trump eleito! Começamos o dia celebrando a vitória do conservadorismo, do patriotismo, da prosperidade, da liberdade".

Em abril, Tarcísio chegou também a afirmar que a política tarifária anunciado por Trump naquele momento criava oportunidades e que o Brasil teria "toda a chance de tirar proveito da situação" -enquanto relatório da Secretaria Estadual da Fazenda apontou possível impacto na economia paulista.

Após a vitória de Trump, também o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) comemorou e classificou o resultado como o "o ressurgimento de um verdadeiro guerreiro" e pediu que ele inspirasse o Brasil a seguir o mesmo caminho.

"Talvez tenhamos uma nova oportunidade de restaurar o Brasil como uma terra de liberdade, onde o povo é senhor de seu próprio destino. Até lá, seguiremos firmes, de pé, cada um de nós, pelo sonho de um Brasil forte, livre e fiel aos seus valores mais elevados", escreveu Bolsonaro ao fim do post publicado em inglês e português.

O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, por sua vez, apesar de ter feito uma publicação mais sóbria, dando seus cumprimentos pela vitória e desejando que "essa nova fase seja pautada pelo diálogo e pela cooperação internacional", finalizou a mensagem com as palavras "GO TRUMP".

Articulando há meses sanções ao Brasil junto ao governo do americano, também o agora deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL), comemorou a vitória de Trump. "Bem-vindo de volta, sr. Presidente, ao lugar de onde nunca deveria ter saído", escreveu ele na ocasião. Ele e a ex-primeira dama e presidente do PL Mulher, Michelle Bolsonaro, foram convidados para a posse do americano.

Nesta quarta, ele fez um pedido para as autoridades brasileiras "evitarem escalar" o conflito com os Estados Unidos para evitar "o pior".

Em post conjunto, na data da posse, o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, com os senadores Bia Kicis (PL-DF) e Rogério Marinho, afirmaram estarem "orgulhosos da sábia escolha do povo estadunidense e felizes pela boa relação que o Brasil tem com o país, graças à articulação" de Jair Bolsonaro.

O endosso de parlamentares da direita a Trump chegou a gerar uma "guerra de bonés" no início deste ano. Ministros e aliados do Planalto vestiram um modelo azul que dizia "o Brasil é dos brasileiros", a que deputados bolsonaristas responderam com um boné verde e amarelo, com a frase "Comida barata novamente - Bolsonaro 2026".

Uma comitiva de parlamentares de direita foi aos Estados Unidos na semana da posse, mas a maioria não foi à cerimônia em si, mas a outros eventos. Entre os parlamentares que viajaram ao país estavam, Nikolas Ferreira (PL-DF), Bia Kicis, Marcel van Hattem (Novo-RS), Carla Zambelli (PL).

Kicis, que foi a um restaurante na Virgínia assistir à posse com integrantes de um grupo político de apoio a Bolsonaro formado por brasileiros que moram nos EUA, afirmou à época que se tratava de um "momento de reorganização da direita".

"A esquerda durante muitos anos, décadas, formou uma rede internacional. Agora, a direita está fazendo exatamente isso. A direita no mundo inteiro está se unindo", disse.

Poucos dias após a posse, Nikolas postou "Go Trump" (Vai Trump), junto de um vídeo em que ele aparece no telão durante um jogo de basquete nos Estados Unidos.

Já Fabio Wajngarten, que até recentemente atuava como um dos principais auxiliares de Bolsonaro e foi chefe da Secretaria de Comunicação Social em sua gestão, postou uma foto com um boné com os dizeres "Make America and Brazil Great Again" (faça a América e o Brasil grandes novamente), após a vitória de Trump.

Junto à foto, vinha a mensagem "Para quem estou indo entregar em mãos o boné versão 2026??? Encomendas disponíveis'.

Nesta quarta-feira, enquanto deputados da esquerda chamaram bolsonaristas de "vira-latas", após o anúncio de Trump, e fizeram um apelo pelo nacionalismo, a oposição evitou demonstrar comemoração do tarifaço e buscaram atribuí-lo à política diplomática de Lula (PT) –apesar da longa articulação de Eduardo Bolsonaro (PL) por sanções junto ao governo Trump.

Trump citou Bolsonaro em carta enviada a Lula nesta quarta-feira (9), em que afirma que a sobretaxa será imposta, em parte, devido os "ataques insidiosos do Brasil às eleições livres e aos direitos fundamentais de liberdade de expressão dos americanos". Ele diz também que a forma como o Brasil tem tratado Bolsonaro é uma "vergonha" e que o julgamento contra o ex-presidente é uma "caça às bruxas que precisa ser encerrada".

O presidente americano ainda cita cobranças tarifárias e não tarifárias do Brasil que seriam injustas na visão do republicano. Ele afirma haver déficit com o país, mas, em relação às taxas de importação, os EUA na verdade tem um superávit com os brasileiros.

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