Escola pública famosa com prêmio de 'melhor do mundo' tem indefinição sobre professores

A unidade tem recebido cerca de 20 ligações por dia de pais interessados em matricular seus filhos na escola.

Escola pública famosa com prêmio de 'melhor do mundo' tem indefinição sobre professores
Escola pública famosa com prêmio de 'melhor do mundo' tem indefinição sobre professores

Foto: Ilustrativa © SUMAIA VILELA / AGÊNCIA BRASIL

A unidade tem recebido cerca de 20 ligações por dia de pais interessados em matricular seus filhos na escola.

Raphael Preto Pereira, São Paulo, Sp (folhapress) - 01/01/2025 19:26:13 | Foto: Ilustrativa © SUMAIA VILELA / AGÊNCIA BRASIL

Depois do risco de quase fechar as portas de 2017 a 2019 por falta de alunos, a Escola Estadual Deputado Pedro Costa, na zona norte de São Paulo, vive seu auge, com conversas sobre ampliação do número de salas de aulas e o aumento da procura por interessados em estudar ou trabalhar por lá.

A unidade tem recebido cerca de 20 ligações por dia de pais interessados em matricular seus filhos na escola, um recorde, segundo a diretora. A procura é reflexo do reconhecimento pelo prêmio internacional World's Best School Prizes 2024, que qualificou o colégio como um dos três melhores do mundo.

A sequência de boas notícias, porém, pode ser interrompida por um revés: a troca de professores, já que apenas 4 dos 22 educadores da escola são profissionais concursados e efetivos.

Os 18 temporários -parte deles envolvida no projeto laureado- não têm prioridade de seguirem na unidade porque seus vínculos de trabalho são por contrato. Eles só ficam com as aulas que "sobram", o que não deve acontecer em 2025, já que a escola está em evidência.

Além disso, parte dos professores temporários também já chegou ao tempo limite de contratação pela Secretaria da Educação, de três anos, e só poderiam retornar após uma quarentena.

O prêmio reconhece justamente escolas que constroem uma boa relação com a comunidade escolar, conjunto de pais, professores e alunos.

"Somos uma família, fomos construindo nossa relação com o tempo e a escola ser premiada só melhorou a situação", afirma Adelaide Cardoso, 48, mãe de Artur, 10, e integrante da Associação de Pais e Mestres da escola.

As atividades extracurriculares, segundo os professores, reforçam a sensação de pertencimento dos estudantes em relação à escola, já que por conta delas eles passam mais tempo por lá. Os estudantes fazem aulas de xadrez, atletismo e cultura do movimento.

Adelaide avalia que essas atividades auxiliam os estudantes em todas as disciplinas. As noções de espaço e organização aprimoradas no xadrez, por exemplo, são fundamentais em aulas de matemática. Contudo, ela afirma que para essa relação entre as atividades aconteça de fato é fundamental que os educadores se conheçam.

A escola também observa com cuidado a presença dos estudantes e tem um projeto específico que combate a evasão escolar, chamado Quem Falta Faz Falta. A diretora da instituição, Janaína Alves Pereira Freire, conta que neste projeto é fundamental que o docente conheça as particularidades de cada estudante e sua realidade dentro e fora da escola.

"A escola é muito boa. Não tem que mudar nada e eu gosto muito daqui", diz Dafinny Maria Bastos Santos, 10. Ela, assim como todos os estudantes da escola, tem aulas de xadrez e atletismo.

A maioria dos professores na unidade, entretanto, tem a sua relação de trabalho regida por contratos temporários. Esse perfil de docente representa 51% da rede estadual de São Paulo, segundo levantamento da organização Todos Pela Educação, com dados de 2023.

Esses servidores são chamados de Categoria O e são os últimos a escolher as aulas no processo de atribuição, depois dos professores efetivos, que são os que prestaram concurso, e os estáveis, que são os que estão há mais tempo na rede.

Segundo a diretora, é muito difícil encontrar professores como os atuais. "Não é todo profissional que se adapta ao ensino integral. A gente costuma brincar que é preciso virar a chavinha: tem muito trabalho e precisa se identificar com o projeto político pedagógico da escola", diz Freire.

A escola está no Programa de Tempo Integral desde 2020, o que amplia a permanência dos estudantes na escola e, por isso, aulas adicionais são oferecidas.

Só que, nesta modalidade de ensino, nenhum membro é efetivo. Todos são nomeados por uma portaria, que tem duração de um ano e, após esse período, o trabalho é reavaliado.

A atribuição de aulas, no entanto, é igual em todas as escolas da rede. Primeiro, os efetivos, depois os estáveis e, por último, os contratados.

A categoria O também precisa se submeter a uma prova, que incluí uma videoaula. É ela quem define a classificação do professor e, portanto, quais serão as aulas que ele vai assumir e onde.

Só que isso só acontece nas escolas em que "sobram" aulas, o que não deve acontecer no Pedro Costa. "Eu já recebi ligações de professores efetivos [que têm prioridade na escolha], perguntando como será a atribuição de aulas", conta a diretora.

A secretaria da Educação diz as conversas sobre ampliação do número de salas de aula são embrionárias e não informou uma data sobre a possível mudança. Sobre o quadro de professores, a pasta informou, por meio de nota, que "a atual gestão reconhece e valoriza os profissionais da rede estadual de ensino" e que "realizou concurso para a admissão de 15 mil docentes".

Ainda segundo a nota, "com o propósito de fortalecer a gestão escolar e reconhecer as contribuições dos professores contratados para uma aprendizagem significativa e eficaz, foram estabelecidos critérios para a análise da permanência desses docentes, após o atendimento às demandas dos professores efetivos e estáveis".

Por fim, a secretaria informou que "compete ao diretor da escola", com base nos requisitos estabelecidos em resoluções, a decisão sobre a recondução.

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