A ideologia, quando seguida de forma cega, pode servir como uma máscara para encobrir defeitos e contradições. Ao se alinharem em trincheiras ideológicas, muitos deixam de enxergar as incoerências daqueles que compartilham do mesmo discurso. Assim, indivíduos com condutas reprováveis acabam defendendo princípios que não praticam.

Exemplos disso são o corrupto que prega a honestidade, o jogador compulsivo que defende o equilíbrio financeiro e o infiel que se apresenta como defensor da família. Da mesma forma, o usurário e o egoísta que advogam pela igualdade social revelam a desconexão entre discurso e prática. Essas contradições minam a credibilidade das causas legítimas e desviam o foco dos verdadeiros propósitos.

No entanto, é mais coerente que alguém reconheça suas imperfeições sem se apropriar de discursos que não pratica. A luta por um mundo melhor exige honestidade não apenas nas palavras, mas principalmente nas atitudes. Portanto, é essencial manter o senso crítico para não ser enganado por falácias travestidas de boas intenções.

Miguel Lucena - Advogado e jornalista