Uma xícara de café.
Agência Onu News Brasil - 17/03/2025 08:09:24 | Foto: Banco Mundial
País é maior produtor mundial da variedade arábica; efeitos da mudança climática afetaram safra de 2023-2024 e podem prejudicar produção deste ano; consumidores pagaram 6,6% a mais pelo café nos Estados Unidos e 3,75% a mais na União Europeia.
Os preços mundiais do café atingiram uma alta significativa em 2024, o que representa um aumento de 38,8% em relação à média do ano anterior.
De acordo com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, FAO, o principal fator por trás dos preços elevados é a mudança climática e seus efeitos nos maiores países produtores, incluindo o Brasil.
O Brasil é líder global como produtor e exportador da variedade de café arábica. A queda na produção ocorreu devido a secas e geadas no estado de Minas Gerais.
Segundo levantamento da FAO, as condições climáticas adversas levaram a sucessivas revisões para baixo na previsão da produção brasileira de 2023-2024. As estimativas oficiais que antes apontavam aumento de 5,5% passaram a projetar queda de 1,6%.
As preocupações sobre o impacto do clima na safra de 2024-2025 no Brasil e no Vietnã, outro grande produtor mundial, causaram um forte aumento de preços em novembro e dezembro.
Além disso, o incremento constante nos custos de transporte no primeiro semestre de 2024 contribuiu para a disparada nos preços mundiais do café.
Unsplash/Gerson Cifuentes
Um trabalhador colhe café em San Marcos, Guatemala
Em dezembro de 2024, o arábica, o café de maior qualidade, preferido no mercado do grão torrado e moído, estava sendo vendido 58% mais caro em relação ao ano anterior. Já a variedade robusta, usada principalmente para café instantâneo e misturas subiu 70% em termos reais.
A FAO disse que os preços de exportação de café podem escalar mais em 2025 se as principais regiões produtoras tiverem reduções significativas na oferta.
Os primeiros dados indicam que, em dezembro de 2024, o aumento dos preços mundiais se traduziu em consumidores pagando 6,6% a mais pelo café nos Estados Unidos e 3,75% a mais na União Europeia, em comparação com o mesmo período de 2023.
O Brasil e o Vietnã são os maiores produtores de café concentrando juntos quase 50% da produção global.
No Vietnã, o tempo seco prolongado causou uma queda de 20% na produção de café em 2023/24, com as exportações caindo 10% pelo segundo ano consecutivo.
Na Indonésia, a produção de café em 2023-2024 diminuiu 16,5% em relação ao ano anterior, devido às chuvas excessivas em abril-maio de 2023 que danificaram as plantações. As exportações da nação asiática caíram 23%.
Os pequenos agricultores desempenham um papel vital na indústria cafeeira, respondendo por 80% da produção global de café.
O diretor da Divisão de Mercados e Comércio da FAO, Boubaker Ben-Belhassen, disse que "os altos preços devem fornecer incentivos para investir mais em tecnologia e pesquisa e desenvolvimento no setor cafeeiro”, que depende em grande parte de pequenos agricultores, para aumentar a resiliência climática.
A FAO apoia muitos dos países produtores de café para ajudar os agricultores a adotar técnicas resilientes ao clima, que também contribuem para restaurar a perda de biodiversidade.
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