'Ainda Estou Aqui' faz chineses chorarem na estreia em festival de cinema em Pequim

Produção baseada em fatos reais lota cinema na China e faz plateia chorar com história de superação familiar

'Ainda Estou Aqui' faz chineses chorarem na estreia em festival de cinema em Pequim
'Ainda Estou Aqui' faz chineses chorarem na estreia em festival de cinema em Pequim

Agência Folha - 28/04/2025 18:18:20 | Foto: Divulgação

A estudante de medicina Luo Shengzhen, 25, foi a última a deixar o lotado China Film Archive Art Cinema, sala de 625 lugares na região que concentra universidades em Pequim. Foi a estreia de "Ainda Estou Aqui" no país, parte do 15º festival de cinema da capital.

"Fiquei muito tocada desde o começo", disse ela. "Era um filme muito alegre no início, a família deles, e então a atmosfera mudou de repente. Chorei por cerca de duas horas, por isso saí tão tarde." Perguntou se era mesmo baseado em fatos reais, contando não ser muito familiarizada com a história do Brasil. Não sabia, por exemplo, se o governo havia mudado. Ao ouvir que sim, reagiu: "Que bom, boa notícia. Eu realmente gostei deste filme".

Outros espectadores chineses responderam na mesma linha, como Weiwei, 38, gestora de ativos, tocada pela "família, suas crianças", e Eleven, 20, estudante de cinema, impressionado com Eunice Paiva, personagem de Fernanda Torres. "A mulher, ela ainda está esperando", falou. "Esperando o marido, uma resposta. Está sempre aqui. Fiquei triste por eles, tão triste no final."

O estudante de literatura Koco, 23, descreveu o filme como uma obra-prima, se dizendo "chocado pela pressão da política e da máquina nacional e pelo fato de que havia uma família envolvida, que tinha uma conexão muito forte entre seus membros".

Isabella, 23, mestranda em linguística, destacou "o poder de uma mulher para sustentar a família inteira num cenário catastrófico, de tentar tornar tudo pacífico e calmo".

"O filme me deu uma aula de história do Brasil", disse Celia, também 23, estudante de jornalismo, sublinhando a demora para saber sobre a morte do marido e pai. "Contar a verdade seria mais humanitário, mas o governo então não pensou nisso."

A produção entra em circuito comercial no próximo dia 16. A distribuidora chinesa Hishow busca viabilizar uma apresentação para os dois dias em que o presidente Lula estará na China, 12 e 13 de maio.

"O mercado cinematográfico chinês é conhecido por suas barreiras de acesso, como as cotas de importação, a necessidade de aprovação pelas autoridades de censura e a intensa concorrência com produções locais", conta a diplomata brasileira Bárbara Policeno.

A embaixada em Pequim começou em dezembro o trabalho para a chegada do filme aos cinemas, que vai acontecer como resultado de acordo com a Hishow. "Contar com uma distribuidora chinesa é fundamental", aconselha. Avalia que a aceitação de "Ainda Estou Aqui" pode aumentar a abertura aos títulos do Brasil. A embaixada busca agora viabilizar outros filmes brasileiros e, até o fim do ano, uma mostra.

Na direção oposta, o distribuidor brasileiro Nelson Sato, que esteve no festival de Pequim do ano passado com uma comitiva organizada pelo Ministério da Cultura, adquiriu dois filmes para exibir no Brasil. A comédia "Detetive Chinatown", com participação de Chow Yun-Fat e John Cusack, segunda maior bilheteria deste ano na China, deve entrar em cartaz no próximo dia 15.

A ficção científica "Terra à Deriva 2", blockbuster de 2023 baseado no escritor Liu Cixin, estrelado por Wu Jing e com uma astronauta brasileira feita por Daniela Tassy, estreia em 5 de junho.

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